Páginas

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

De encher depósitos de caças a presidir à associação de seminaristas católicos de cor nos EUA

Converteu-se graças à Companhia de Jesus

Não era católico, mas a sua passagem pelo colégio St. Ignatius High School, dos jesuítas, fez-o dar o salto ao catolicismo e, mais tarde, ao sacerdócio.

Actualizado 7 Fevereiro 2013

Justo Amado / ReL


Lorenzo Herman era conhecido pelos seus nervos de aço. E os devia ter para trabalhar como especialista de abastecimento de combustível num KC135 Stratotanker, um avião – na realidade uma cisterna voante - destinado a reabastecer aviões militares, caças e bombardeiros em missão.

Nas suas mãos e nos seus nervos de aço estava conseguir que em pleno voo dois aviões se conectassem por uma mangueira pela que normalmente passam vários litros por segundo de um combustível enriquecido altamente inflamável.

Depois de deixar a Força Aérea aquele jovem militar de cor dedicou-se a trabalhar numa ONG voltada para ajudar membros das comunidades afroamericana e latina doentes de sida, a sobreviver à sua passagem pelo sistema de saúde norte-americano. Este trabalho o levaria em 2007 a deixá-lo e a entrar na Companhia de Jesus.

Curioso, tendo em conta que este rapaz nascido em Cleveland cresceu como anabaptista.

Lorenzo foi eleito na passada semana presidente da National Black Catholic Seminarians Association, a Associação de Seminaristas Negros Católicos. Um passo mais do seu caminho como religioso jesuíta. Um caminho que começou quando era um rapaz.

Primeiro contacto com os jesuítas
O primeiro contacto com a Companhia de Jesus teve-o no instituto. Os seus pais consideravam que a melhor instituição para o seu filho seria a St. Ignatius High School de Cleveland. Um instituto conhecido pelos seus extraordinários resultados académicos.

De facto, um dia foi cear à comunidade dos jesuítas. Durante a ceia falou-se da vocação jesuíta. Tudo lhe soou estranho porque não entendia a palavra “vocação”. Seja como for, no ano seguinte em Mobile, Alabama, para onde se havia mudado com a sua família, converteu-se ao catolicismo. Depois juntar-se-ia à Força Aérea e passou vários anos viajando por todo o mundo pondo em jogo os seus nervos de aço no Stratotanker.

Doentes de sida e jesuítas
Durante esta época, Lorenzo teve como base militar de referência a Fairchild, em Spokane, Washington. Ali, no seu tempo livre começou a trabalhar com os doentes de sida e voltou a contactar com os jesuítas. Colaborou com o conhecido governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger na preparação da lei sobre VIH/Sida que chegaria a aprovar-se no Congresso Estatal da Califórnia.

Em 2007 – haviam passado os anos e já sabia o que significava a palavra “vocação” – entrou na Companhia e, segundo as suas palavras, “sentiu que não estava renunciando a nada a que estivesse apegado. Soube que naquele momento que não ia olhar para trás e disse-me a mim mesmo que – com aquela decisão - havia cometido um erro”. Completou os seus estudos na Universidade de São Luís.

Na Universidade conheceu a Associação Nacional de Seminaristas Negros Católicos da qual na passada semana era eleito presidente. Trata-se de uma associação que funda as suas raízes no NBCC, no Congresso Nacional Católico Negro, criado pelo sacerdote de cor Daniel Rudd, nos finais do século XIX, que deu voz aos católicos negros.

Daniel Rudd publicou a primeira publicação católica criada por gente de cor, o “American Catholic Tribune”, um jornal generalista dirigido aos negros, o “Ohio State Tribune”, e organizou vários congressos de católicos negros. Lorenzo Herman, católico de cor, religioso jesuíta, futuro sacerdote, é um digno sucessor daquele padre Daniel Rudd, muito conhecido também pela sua entrega aos demais.


in


Sem comentários:

Enviar um comentário