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quinta-feira, 21 de março de 2013

Francisco pede a ortodoxos e protestantes que rezem por ele para ser «um pastor segundo Cristo»

Encontro com outras confissões e religiões

«Devemos manter viva no mundo a sede do absoluto», disse a representantes de religiões não cristãs; contra a visão de que o homem é só «o que produz e consome».

Actualizado 20 de Março de 2013

RadioVaticano/ReL

O Papa Francisco recebeu esta quarta-feira em audiência privada o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomé I e, posteriormente, em audiência geral na Sala Clementina do palácio apostólico Vaticano os Delegados Fraternos de outras igrejas e comunidades cristãs, assim como de outras religiões.

Na Missa de Início de Pontificado estiveram presentes 33 delegações de Igrejas e denominações cristãs, entre elas, 14 orientais e 10 ocidentais. Subiram ao altar a abraçar o novo Papa o Patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomé I, e o Katolikós arménio, Karekin II. Outros líderes presentes em Roma são o metropolita Hilarión do Patriarcado de Moscovo (com quem Francisco teve um encontro pessoal); o arcebispo anglicano de York, John Tucker Mugabi Sentamu; e o secretário do Conselho Mundial de Igrejas, Fykse Tveit, entre outros.


Na audiência de quarta-feira participaram também delegados do patriarcado greco- ortodoxo de Alexandria, do patriarcado greco-ortodoxo de Antioquia, da Igreja Ortodoxa russa, o patriarcado de Geórgia, da Sérvia, da Roménia, de Chipre, da Grécia e da Albânia. Também estavam delegados de comunidades cristãs como a anglicana, federação mundial luterana, metodista, baptistas, pentecostais, evangélicas, do conselho mundial das Igrejas.

Além disso, representantes das Igrejas ortodoxas orientais, a Igreja copta de Alexandria, o patriarcado siro-ortodoxo, a Igreja arménia e os arménios de Cilicia. Foram também delegados da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, o patriarcado arménio da Turquia, e a comunidade monástica ecuménica de Taizé, França.

Outros assistentes eram os representantes da comunidade hebraica de Roma, do Rabinato de Israel, do American Jewish Committee, do congresso mundial judaico e da Anti-Defamation League, entre outros. De outras religiões, representantes muçulmanos de Itália, Sérvia, Bulgária, assim como delegados budistas, sij, jainistas e hindus.

"Em primeiro lugar, dou graças de coração ao que o meu irmão Andrés nos disse", disse Francisco na sua intervenção, referindo-se a Bartolomé I, herdeiro, segundo uma tradição, da sé do apóstolo Andrés, irmão de Pedro, em Bizâncio.

"Dá-me muita alegria reunir-me convosco hoje, os delegados das Igrejas Ortodoxas, das Igrejas Orientais Ortodoxas e as Comunidades eclesiais do Ocidente. Graças por querer tomar parte na celebração que marcou o começo do meu ministério como Bispo de Roma e Sucessor de Pedro", disse Francisco.

Para Francisco, é necessária "uma oração mais urgente pela unidade de todos os crentes em Cristo", que adicione "o plano de Deus e a nossa cooperação sincera".

Recordou que o Ano da Fé, que convocou Bento XVI e Francisco louva, comemora "o quinquagésimo aniversário do Concílio Vaticano II, propondo uma espécie de peregrinação ao que é o essencial para todo o cristão: a relação pessoal e transformadora com Jesus Cristo, Filho de Deus, morto e ressuscitado pela nossa salvação".

Francisco recordou também palavras do seu predecessor João XXIII: "A Igreja Católica considera seu dever trabalhar activamente com o fim de cumprir o grande mistério da unidade que Cristo Jesus com ferventes orações ao Pai Celestial pediu em eminência do seu sacrifício", e pronunciou as palavras de Cristo: "ut unum sint", que sejam um, para "ser capazes de dar testemunho livre, alegre e valente. Este será o nosso melhor serviço à causa entre os cristãos, um serviço de esperança para um mundo que segue marcado pela divisão, pelas disputas e rivalidades".

"Pela minha parte, desejo assegurar, na estela dos meus predecessores, que se continuará o trabalho no caminho do diálogo ecuménico, e agradeço ao Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade Cristã, pela ajuda que se continua prestando, em meu nome, para esta nobre causa. Peço-vos, queridos irmãos e irmãs, para levar a minha cordial saudação e a certeza da minha recordação no Senhor Jesus às Igrejas e comunidades cristãs que estão representados aqui, e peço a caridade de uma especial oração pela minha pessoa, para que possa ser um pastor segundo o coração de Cristo", solicitou aos cristãos.

Aos judeus recordou-lhes que "nos une um vínculo espiritual muito especial", explicado no Decreto Nostra Aetate do Vaticano II: "o mistério divino da salvação nos Patriarcas, Moisés e os profetas". "Estou certo de que, com a ajuda do Todo-poderoso, poderemos seguir proveitosamente o diálogo fraterno", anunciou.

Depois saudou os muçulmanos, que, disse, "adoram o único Deus, vivente e misericordioso, e o invocam na oração". Na presença destes muçulmanos, Francisco disse ver "uma nova vontade de crescer no respeito mutuo e a cooperação para o bem comum da humanidade".

Insistiu na importância da "promoção da amizade e o respeito entre homens e mulheres de diferentes tradições religiosas" e agradeceu o trabalho do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso.

Pediu a todos para ser conscientes "da responsabilidade que todos levamos no nosso mundo, de toda a criação, à qual devemos amar e apreciar. E podemos fazer muito pelo bem dos menos afortunados, os que são débeis e o sofrimento, promover a justiça, promover a reconciliação, a consolidação da paz. Mas acima de tudo, devemos manter viva no mundo a sede do absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão da pessoa humana de uma só dimensão, segundo a qual o homem se reduz ao que produz e o que consome: trata-se de uma das armadilhas mais perigosas para o nosso tempo".


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