Páginas

quinta-feira, 28 de março de 2013

O Papa, a estatística e a nova evangelização coincidem: há que por a rezar os afastados

3 de cada 4 jovens ateus estão dispostos a orar

Actualizado 27 de Março de 2013

Pablo J. Ginés/ReL

Saiu o Papa Francisco no seu primeiro acto público à varanda da Praça de São Pedro e pôs a rezar todos os que estavam ali congregados, fossem católicos devotos, curiosos, passeantes, ou turistas.

Disse-lhes "orem por mim" e deixou um espaço de oração silenciosa. Até o agnóstico mais caloroso tinha uma oportunidade de elevar nesse silêncio especial um pedido ao "deus desconhecido", ao "se existes, eu te peço..." E sem que faltasse logo um pai-nosso e um ave-maria dirigido pelo Papa.

Novos dados: a oração não repele
Na muito descristianizada Inglaterra apenas 59% da população se autodefinia como "cristã" em 2011 (entre católicos, anglicanos e evangélicos) e os que vão "com regularidade" à igreja são só 10% (regularidade inclui ir uma vez por mês). Uma estatística de 2005 calculava que 36% das pessoas entre 18 e 34 anos se definiam como "ateus ou agnósticos".

Sem dúvida, um estudo encomendado pela igreja anglicana à casa de sondagens ICM, recém-publicado esta Semana Santa, descobriu que só 14% dos britânicos insiste em que "nunca" recorreram à oração em caso de problemas na sua vida, na dos seus amigos ou no mundo.

Ainda mais: os que se negam a rezar, seja pelo que seja, são mais entre os mais velhos do que entre os jovens.

Ainda que, como temos dito, 36% dos jovens se definem como ateus ou agnósticos, só 9% de jovens de 18 a 24 anos dizem que nunca rezariam por nada, enquanto são 17% os que declaram isso entre os 55 e 65 anos. Passados os 65 anos, de novo escasseiam os que se opõe a toda a oração: apenas 9%.

Ou dito de outra forma: poder-se-ia deduzir que três de cada quatro jovens ateus ou agnósticos estão dispostos a rezar em certas circunstâncias.

Pedir por outros, não pedir perdão

O estudo mostra além disso que:
- 85% das mulheres britânicas estaria disposta a orar por algo
- 31% dos entrevistados oraria pela paz no mundo; 27%, contra a pobreza; outros 27%, pelos familiares
- Só 15% orariam pedindo a Deus orientação ou cura para si mesmos
- Só 10% pediria pedindo a Deus perdão (coincide com o número de ingleses praticantes)

O que demonstra que o Papa Francisco faz bem ao por as pessoas a rezar por ele: é dupla a facilidade de conseguir que alguém reze por outro que conseguir que reze por ele mesmo... Ou que reconheça o seu pecado e peça perdão a Deus. Pedir perdão a Deus converte-se, no Ocidente descristianizado ao menos, num "nível classificatório", o que distingue a pessoa religiosa do orante ocasional.

Na prática, estilo Nightfever
Estas cifras mostram porque tem sentido as propostas da Nova Evangelização como "Uma luz na noite", difundido por Sentinelle del Mattino, ou "Nightfever", que chega a Valência em breve.

Em Nightfever, por exemplo, entregam-se velas aos pedestres nas ruas na noite, gente talvez muito afastada de Deus, e se os anima a acendê-la e depositá-la em oração no altar, numa igreja aberta de noite.

É lógico: só 9% dos jovens (segundo a estatística inglesa) se opõe a rezar em toda a ocasião; inclusive entre jovens ateus e agnósticos, 3 de cada 4 estão abertos à oração. A oração é assim um primeiro contacto com Deus, uma ligação com os afastados.


O mais difícil é a regularidade
Outra coisa é a regularidade, ou a estabilidade na oração. Apenas um de cada três espanhóis admite que reza com certa regularidade, segundo o Relatório Religioso 2008, realizado pela Fundação Bertelsmann. A percentagem de jovens espanhóis que disse não rezar nunca é de quase 60% (segundo a Fundação Santamaría 2010). Outra forma de vê-lo é que 40% dos jovens espanhóis rezam alguma vez.

Segundo dados de 2008 encontram-se nas ruas de Espanha 2,14 milhões de jovens católicos que dizem sentir-se atraídos pela religião mas que não vão à missa, porque o que conhecem desta não lhes traz nada, e porque ninguém se dá ao trabalho de aproximar-se deles e vinculá-los à fé e à Igreja.

E há outros 6,8 milhões de jovens que se declaram católicos mas que a religião não lhes diz nada ou quase nada.

Enquanto às crianças, segundo a Sondagem de Infância 2008 em Espanha, dos 6 aos 11 anos, 80% são cristãos e rezam a Deus, 60% vai à missa ocasionalmente, e 40% vai à missa quase cada semana. Mas dos 12 aos 14 anos, já só 60% crê em Deus e lhe reza.

Falta convite e acolhimento
As estatísticas mostram que os afastados não estão tão afastados, que a oração activa espiritualmente as pessoas, que há milhões de jovens afastados mas que não tem má experiência da Igreja (apenas 10% dos jovens espanhóis diz ter tido uma experiência má com a igreja ou o clero que o afastasse da fé).

É a preguiça e a falta de convite, acolhimento e espiritualidade por parte da Igreja o que mantêm muitos afastados.


in

Sem comentários:

Enviar um comentário