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quinta-feira, 30 de maio de 2013

O médico curado por um milagre de Madre Laura quase nem a conhecia: e tu?

Este domingo, primeira santa colombiana

Actualizado 11 de Maio de 2013

Pablo Ginés/ReL
Laura de Jesús Montoya Upegui, Madre Laura, converte-se este domingo na primeira santa nascida na Colômbia e a primeira pessoa canonizada no pontificado de Francisco.

De mestra, a evangelizadora na selva
Laura nasceu em 1874, foi mestra, e aos 39 anos sentiu o impulso de dedicar-se à evangelização dos índios e lançou-se à selva com algumas companheiras.



Laura Montoya, mestra.
Quando morreu, depois de 32 anos de apostolado, deixava uma congregação nova, as "Missionárias de Maria Imaculada e de Santa Catalina de Siena", com 467 religiosas, 93 noviças, 71 casas na Colômbia, 17 no Equador e 2 na Venezuela. Hoje as "lauritas", como se as chama, estão presentes em 21 países.

O médico que recebeu o milagre
Pouco ou nada sabia disto o médico de Antioquia da Colômbia, Carlos Eduardo Restrepo Garcés, quando se curou milagrosamente pela intercessão da então Beata Laura, em 2005. É outro desses milagres modernos, com abundante documentação, que sucedem num hospital do século XXI.

O doutor Restrepo tinha 33 anos, e estava morrendo. Já lhe tinham administrado a Unção dos Enfermos. Uma grave enfermidade no seu sistema imunológico tinha gerado uma infecção no seu coração e danos renais.

“Em algum momento tinha ouvido falar de Madre Laura, ainda que eu não sabia do seu trabalho evangelizador”, admitiu depois. Mas pediu a sua intercessão na noite antes de uma grave operação. "Essa noite dormi placidamente, aí começou o milagre", explica à imprensa colombiana. "No dia seguinte, começam a passar-se eventos que se saiam do usual” e finalmente “não me operam e recupero-me rapidamente. Em três meses”. E quando vai aos meios de comunicação colombianos, acrescenta: "não discuto se foi ou não um milagre, só sei que ela me curou".


Carlos Eduardo Restrepo.
Uma ponte com a Madre Laura?

Então, e hoje, o doutor Restrepo considera-se um “católico normal”, que habitualmente ia (e vai) à missa. É anestesista, gosta de viajar, gosta de ler, especializou-se em Londres e estudou também no Canadá. Trabalha muito e a sua mãe brinca que o seu filho médico não tem tempo para encontrar namorada.

"Tenho que dizer que não sou uma ponte com a Madre Laura ainda que eu sou o parceiro, o conhecido. Não quero que se perca a essência do recebido. Não sou um iluminado escolhido", adverte o médico. Há gente que lhe pediu que imponha as mãos a um ser querido enfermo. "O melhor que eu posso dar a um paciente é o que sei fazer e as minhas orações", remata.

Referindo-se ao milagre: "Quem na vida pensa que com um favor que recebeu de alguém o vão nomear santo no Vaticano? Ninguém. Este é um processo único".


Uma religiosa valente e audaz.
A Colômbia está entusiasmada com a sua primeira santa, e especialmente em Medellín, Bogotá e Jericó (sua cidade natal) prepararam-se festejos.

Foi beatificada em 2004, pela cura inexplicável de uma senhora idosa chamada Herminia González, um milagre que se começou a estudar em 2001.

As virtudes heróicas da santa resume-as a superiora actual: “A Madre Laura soube fazer vida o Evangelho de Jesus de Nazaré, integrando de forma criativa o amor a Deus e o serviço às populações mais discriminadas da sua época, os indígenas, o palenque de Uré e sectores urbanos marginalizados”, ressaltou a Irmã Ayda Orobio Granja, Madre Superiora Geral da Comunidade Irmãs Missionárias Madre Laura.

Deixou muitos textos, e quase 3.000 cartas
Da Madre Laura há bastante informação. Por exemplo, a sua Autobiografia, redigida por mandato dos seus confessores, é um livro apaixonante, cheio de aventuras missionárias e espirituais, acompanhada de textos como as suas Cartas missionárias, a Aventura Missionária de Dabeiba, os seus livros de meditações e de espiritualidade e cerca de três mil cartas em grande parte inéditas que se conservam no Arquivo das suas Missionárias.

Órfã, cresceu perdoando
Nasceu em 1874, mataram o seu pai na guerra civil de 1876, e cresceu com a sua mãe, uma mulher devota que ensinou os seus 3 filhos a perdoar e orar pelos assassinos do seu pai.

Já em menina teve duas experiências místicas impactantes. Aos 6 anos, experimentou o que descreveria como "um conhecimento de Deus e das suas grandezas, tão fundo, tão magnífico, tão amoroso, que hoje, depois de tanto estudar e aprender não sei mais de Deus que o que soube então. Senti-o por longo tempo… E terminei chorando e gritando alto. Chorei muito tempo de alegria, de opressão amorosa e gritei".

Aos 10 anos, outra experiência mística, trabalhando com a sua mãe. Como era já costume seu, ofereceu o trabalho a Deus e de súbito, como resposta, “infundiu-me um veemente desejo de comungar. Fiz a comunhão espiritual e sem dizer mais. Como electrizada, como se não sentiria o que em redor se passava, como se tivesse uma dor soberana, como uma mescla de amor extraordinário, como se a Santa Eucaristia passasse a minha alma de parte em parte, banhei-me em lágrimas sem senti-lo".

De menina leu a vida de São Luís Gonzaga e a de São Paulo o ermita. Do primeiro aprendeu o amor à pureza e à mortificação; do segundo, o gosto pela solidão. Teve para as suas aprendizagens outro grande livro: a natureza, porque gostava de passear pelo campo.

Madre Laura, entre os índios.
Pensando em índios e selvas
Foi em 1900 quando pela primeira vez sentiu um impulso de ir para as selvas a evangelizar, quando lhe falaram de índios que eram "assediados" por pastores protestantes. Tentou convencer a sua irmã Carmela: "Viveríamos em ranchitos, como eles, e trataríamos de fazer-lhes o bem", disse-lhe.

Foi em 1908 quando pode fazer a sua primeira expedição missionária, em companhia do seu pároco, o padre Ezequiel Pérez, na comarca indígena de Guapá, com "três senhorinhas, seduzidas mais pelo desporto e até pelo interesse de falar de orquídeas e minas de ouro que por paixão do apostolado", escreve um biógrafo.


Daí, as missionárias em 21 países, uma vida de constância e oração.

Uma biografia de Madre Laura em PDF:


http://biblioteca-virtual-antioquia.udea.edu.co/pdf/11/11_1449424606.pdf

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