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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Jesus é o "tudo" e é disto que deriva a sua magnanimidade

Homilia do Santo Padre Francisco na missa diária celebrada na capela da Casa Santa Marta


Roma, 17 de Junho de 2013


Para os cristãos, Jesus é o "tudo" e é disto que deriva a sua magnanimidade: esta foi a mensagem enfatizada pelo papa Francisco na missa desta manhã na Casa Santa Marta.

O papa reiterou que a justiça trazida por Jesus é superior à dos escribas, ao “olho por olho, dente por dente”. Na missa, que foi concelebrada pelo cardeal Attilio Nicora, estavam presentes, entre outros, os funcionários da Autoridade de Informação Financeira e um grupo de funcionários dos Museus do Vaticano, acompanhados pelo director administrativo, dom Paolo Nicolini. Também participou da missa o cardeal arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle.

"Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra". O papa Francisco centrou a homilia nestas palavras perturbadoras de Jesus aos discípulos. Esse tapa, observou o pontífice, já "se tornou um clássico para ridicularizar os cristãos". Na vida, afinal, a "lógica do dia-a-dia" nos diz que "devemos lutar, devemos defender o nosso espaço" e, se nos derem um tapa, "vamos devolver dois, para nos defender". Além disso, prosseguiu Francisco, “quando eu aconselho os pais sobre como repreender seus filhos, sempre alerto: ‘Mas nunca batam na face deles’, porque ‘a face é a dignidade’. Jesus, no entanto, nos surpreende: depois de falar sobre oferecer a outra face, ele nos ensina a entregar também o nosso manto, a despojar-nos de tudo”.

"A justiça que Ele traz é uma justiça totalmente diferente do ‘olho por olho, dente por dente’. É outra justiça". Podemos entendê-la quando São Paulo fala dos cristãos como "pessoas que não têm nada" e que, ao mesmo tempo, "têm tudo". A segurança cristã está justamente nesse "tudo", que Jesus. As outras coisas são "nada" para o cristão. "Para o espírito do mundo, o ‘tudo’ são as coisas: a riqueza, as vaidades", e o “nada” é Jesus. Se um cristão caminha cem quilômetros quando lhe pedem caminhar dez, “é porque, para ele, isso é 'nada'”, e, com serenidade, ele "pode ​​dar o manto quando lhe pedem a túnica". Este é o "segredo da magnanimidade cristã, que sempre caminha junto com a mansidão": é o "tudo"; é Jesus Cristo.

"O cristão é uma pessoa que engrandece o próprio coração com essa magnanimidade, porque ela tem o 'tudo', que é Jesus Cristo. As outras coisas são o 'nada'. São boas, são úteis, mas, no momento do confronto, ele sempre escolhe o 'tudo', com aquela brandura, com aquela mansidão cristã que é a marca dos discípulos de Jesus: mansidão e magnanimidade. E viver assim não é fácil, porque “nós realmente levamos muitas bofetadas, não é mesmo? E nas duas faces! Mas o cristão é humilde, o cristão é magnânimo: ele dilata o seu coração. Mas quando encontramos aqueles cristãos de coração reduzido, de coração encolhido... aquilo não é cristianismo: é egoísmo disfarçado de cristianismo".

"O verdadeiro cristão sabe resolver essa oposição bipolar, essa tensão entre o tudo e o nada, do jeito que Jesus recomendou: ‘Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e o resto virá por acréscimo’. O Reino de Deus é o 'tudo', o resto é secundário, não é principal. E todos os erros cristãos, todos os erros da Igreja, todos os nossos erros, nascem daqui, quando dizemos que o nada é tudo e que o tudo... bom, parece que ele não conta...  Seguir Jesus não é fácil, não é fácil. Mas também não é difícil, porque, no caminho do amor, Deus faz as coisas de modo que possamos seguir em frente. Deus mesmo engrandece o nosso coração".

Esta é a oração que nós temos que fazer "diante dessas propostas do tapa, do manto, dos cem quilómetros": devemos orar ao Senhor para engrandecer "os nossos corações", para "sermos generosos, humildes" e para não lutarmos "por coisas insignificantes, pelo nada de cada dia".

"Quando se faz uma opção pelo nada, nascem daquela opção os desencontros na família, nas amizades, com os amigos, com a sociedade; são confrontos que terminam em guerra: em guerra pelo nada! O nada é sempre semente de guerra! Porque é semente do egoísmo. O tudo é o que é grandioso, é Jesus. Peçamos ao Senhor a graça de engrandecer o nosso coração, para sermos humildes, mansos e magnânimos, porque nele nós temos o tudo; e que Ele nos livre de criar problemas quotidianos em torno do nada".



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