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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Árbitro profissional e marxista conta agora como «a adoração ao Santíssimo me penetrou o coração»

A insistente oração dos seus pais resultou um êxito
Edgar González
Actualizado 23 de Agosto de 2013

Portaluz

Aos seus 37 anos, Edgar González Alayón move-se entre a docência e o futebol. Enquanto de segunda-feira a sexta-feira é professor de Tecnologia no Colégio Cidade Bolívar Argentina, Bogotá, aos fins-de-semana arbitra na primeira divisão da liga de futebol profissional da Colômbia. O seu nome faz-se cada vez mais conhecido no campeonato, pelo respeito e a rigorosidade que impregna em cada jogada.

Valores que ensina além disso aos seus pupilos na escola de formação. Sem dúvida, para consolidar esta identidade Edgar teve que reconhecer-se filho. Foi contemplando a Cristo Sacramentado, que escutou o “assobio” inicial do ‘partido’ que lhe levou à vitória autêntica: Cristo.

Filho de pais camponeses, Edgar herdou os valores da fé. Junto à sua família assistia à missa todos os domingos. Nesse tempo, o jovem cresceu colhendo êxitos na parte académica e desde pequeno ocupou os melhores postos nas notas no colégio. “Sempre me caracterizei por ler. Gostava muito dos temas científicos, da filosofia e os temas de mistério”.

“A religião é o ópio do povo”

O seu gosto pelo discurso intelectual, trar-lhe-ia logo os primeiros dilemas na sua fé. Assim, com a chegada de uma professora comunista – recorda – a sua visão da Igreja mudou radicalmente. “Prestei ouvidos às suas críticas sobre as faltas da instituição na história e o grande império económico – dizia - que controlavam. Logo – prossegue - de tanto ler Marx, Freud e Nietzche, fizeram-se fortes em mim as frases: “a religião é o ópio do povo” e “foi o homem quem criou Deus, devido às suas necessidades”. “Assim tomei a decisão de rejeitar tudo o concernente aos temas que falaram sobre Deus”, expressa hoje arrependido.

Esta rebeldia de Edgar começou a dificultar as relações na sua casa e a gerar uma atitude frívola para com a Igreja. Fez os seus sacramentos, simplesmente, disse, “para que os meus pais não se zangassem comigo”.

Converte-se num boémio
Edgar termina a secundária e ingressa no Colégio de Árbitros de Futebol de Bogotá, começando uma exitosa carreira nos clubes da terceira divisão e recebe os seus primeiros salários. Desejando viver longe dos ensinamentos da Igreja e estando fragmentada a relação com os seus pais – relata - “neste tempo comunguei bastante com as ideias socialistas e comunistas”.

Em 1994 começou a estudar Engenharia de Sistemas na Universidade Distrital Francisco José de Caldas e nesse ambiente começou a relaxar-se moralmente. Como um homem de esquerdas a boémia oferecia-lhe novos momentos para dar renda solta à sua nova liberdade, ou isso acreditava. “Com os meus companheiros íamos a rumbas e ‘tomatas’. Sentia-me muito feliz. Tinha deixado de lado a família, e o sentimental não me inquietava. Estava tão submergido nestas actividades, que há minha vida não lhe dava a prioridade que necessitava. Identificava-me com os meus amigos e partilhava a maior parte do meu tempo com eles”.

A súplica a Deus dos pais
Os pais de Edgar não permaneciam imóveis perante o desastre. Assim procuraram respostas indo a um retiro de cura da Renovação Carismática Católica em 1998. Foi tão significativo o facto nas suas vidas que depois de regressar convidaram, insistentes, o filho pródigo, ansiando que vivesse a sua mesma experiência. “Queriam aproximar-me de Deus - recorda Edgar - numa forma que eles acreditavam correcta; insistiam constantemente para que fosse à missa e assistisse a eventos religiosos. Esta pressão ocasionou que me afastasse ainda mais de Deus, e chegámos muitas vezes a discutir”.

Passaram dois anos e o homem que afirmava não querer nada de Deus, tomou uma decisão inesperada. A sua curiosidade, característica que o caracterizava, ao ver a transformação dos seus pais, provocou que no ano 2000 decidisse assistir ao Congresso de Jovens em Bogotá, “já que na igreja só via velhotes e alguns deles ficavam dormindo em pleno sermão; creio que então fui porque gostava bastante de ter novas experiências”.

Na Adoração Eucarística, abalado ante Cristo

O sacerdote dominicano Fray Nelson Medina, um dos pregadores do retiro - que fazia parte daquele Congresso em Bogotá -, era quem guiava a Adoração Eucarística perante uma assembleia cheia de almas ansiosas da intimidade com Cristo; e entre eles estava Edgar. Não esperava o que sucedeu… “Deixei-me abalar o coração nessa Adoração ao Santíssimo e dei-me conta que não podia continuar o meu caminhar pela vida em solidão,… O meu ser não era só corpo, mas sim alma e espírito. Foram três dias nos quais conheci de um Deus que me amava apesar dos meus problemas”.

O paráclito terminou por habitar o meu coração jovem – recorda - durante um retiro de cura de enfermos e libertação, em Fevereiro de 2000. “Foi aí onde me dei conta do poder de Deus e convenci-me mais da sua existência”.

Tal e como no Evangelho, Edgar passou os meses seguintes a dedicar-se por completo à propagação da fé. “Por obra do Espírito Santo, surge em mim a vocação e força para trabalhar na pastoral juvenil da minha localidade. A primeira reunião efectuou-se uma quinta-feira na minha casa e com a autorização da minha mãe!”.

No ano seguinte regressou aos seus estudos na Universidade Nacional de Colômbia e paralelamente, relata, “recebi muitas cosas do Senhor. Assisti a mais congressos nacionais de jovens, e o Senhor me seguia falando na Adoração ao Santíssimo. Andava com uma Bíblia debaixo do braço para cima e para baixo!... Participando em todas as actividades organizadas pela Igreja e nos grupos de oração. Estou feliz, conheço a Jesus Cristo!”.


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