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sábado, 31 de agosto de 2013

Qual deve ser a duração da homilia?

Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e director espiritual


Roma, 30 de Agosto de 2013


O pe. Edward McNamara responde nesta semana a uma questão enviada por um leitor dos EUA.

“Em várias ocasiões, assisti à missa dominical numa paróquia de outra diocese. Todas as vezes, o celebrante dava uma homilia-relâmpago de aproximadamente um minuto. Às vezes, os avisos paroquiais eram mais compridos do que a homilia. Existe alguma regra que indique quanto tempo deve durar a homilia?” - M.E., Rochester, Nova Iorque ( EUA ).

É bom saber que há paroquianos que se queixam de homilias muito curtas. Indica a existência de uma verdadeira fome de uma explicação substancial da Palavra de Deus.

Infelizmente, as normas oficiais dizem relativamente pouco sobre a duração das homilias. Isto é inevitável, porque as expectativas variam de uma cultura para outra e mesmo de um contexto social para outro. Se, por um lado, há culturas que preferem longos discursos durante a missa, também há outras em que seis minutos já despertam sinais de impaciência na assembleia.

Na Introdução ao Lecionário, o nº 24 diz:
Particularmente recomendada como parte da liturgia da Palavra, especialmente a partir da constituição litúrgica do concílio Vaticano II, e até expressamente obrigatória em alguns casos, a homilia expõe, no decorrer do ano litúrgico, de acordo com o texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã.

Via de regra feita pelo celebrante que preside a missa, a homilia se ​​destina a assegurar que a proclamação da Palavra de Deus se torne, juntamente com a liturgia eucarística, "uma proclamação das admiráveis obras de Deus na história da salvação, no mistério de Cristo". O mistério pascal de Cristo, que é proclamado nas leituras e na homilia, se actualiza por meio do sacrifício da missa. Cristo, portanto, está sempre presente e activo na pregação da sua Igreja.

A homilia, seja explicando a palavra de Deus proclamada na Sagrada Escritura ou em outro texto litúrgico, deve guiar a comunidade dos fiéis a participar activamente na Eucaristia, para que eles "expressem na vida o que receberam na fé". Com esta viva exposição, a proclamação da palavra de Deus e a celebração da Igreja podem alcançar uma eficácia maior, desde que a homilia seja realmente o resultado da meditação, bem preparada, nem muito longa nem muito curta, e que saiba se dirigir a todos os presentes, incluindo as crianças e as pessoas mais humildes".

Em sua exortação apostólica Verbum Domini, o papa Bento XVI dedicou uma passagem à importância da homilia:

59. Várias tarefas e ofícios competem a cada um no tocante à Palavra de Deus: aos fiéis, cabe ouvi-la e meditá-la; expo-la, porém, cabe apenas àqueles que, em virtude da sagrada ordenação, têm a respectiva tarefa magisterial, ou àqueles a quem é confiado o exercício deste ministério: os bispos, sacerdotes e diáconos. Daqui a importância que o sínodo atribuiu à homilia. Já na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, eu salientei que, "em relação à importância da Palavra de Deus, há necessidade de melhorar a qualidade da homilia. Ela faz parte da acção litúrgica; destina-se a promover uma compreensão mais profunda da Palavra de Deus na vida dos fiéis. A homilia é uma actualização da mensagem bíblica, a fim de que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus na vida de hoje. Ela deve levar à compreensão do mistério que se celebra, convocar para a missão, dispondo a assembleia para a profissão de fé, para a oração universal e para a liturgia eucarística. Como resultado, quem por ministério específico deve pregar dedique-se de coração a essa tarefa. Devem-se evitar homilias genéricas e abstractas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, bem como inúteis divagações que ameaçam chamar mais atenção para o pregador do que para o coração da mensagem evangélica. Deve ficar claro para os fiéis que o que está no coração do pregador é mostrar a Cristo, que deve ser o centro de cada homilia. Isto exige que os pregadores tenham confiança e constante contacto com o texto sagrado e se preparem para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregar com paixão e convicção. A assembleia sinodal exortou a se fazerem as seguintes perguntas: o que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim, pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, levando em conta a sua situação específica? O pregador deve se deixar desafiar pela Palavra de Deus que proclama, porque, como diz Santo Agostinho, "é inútil pregar exteriormente a Palavra de Deus e não ouvi-la no próprio coração". Cuide-se com especial atenção da homilia dos domingos e das solenidades, mas não se negligenciem as das missas cum populo durante a semana: quando possível, ofereçam-se breves reflexões, apropriadas à situação, para ajudar os fiéis a receber e fazer frutificar a Palavra ouvida.

Se este é o desafio que a Igreja apresenta para a pregação de padres e diáconos, é pouco provável que ele possa ser vencido numa homilia de apenas um minuto.

A Igreja recomenda ser breve, principalmente porque a homilia deve ser proporcional a toda a celebração. Faz pouco sentido prolongar-se durante 20 minutos ou mais e dedicar pouco tempo à Oração Eucarística.

Novamente, devem-se levar em conta vários factores culturais e é quase impossível dar regras precisas. Poderíamos dizer que seis minutos são o mínimo para a missa de domingo, mas é muito mais difícil determinar a duração máxima. Considero que o critério da proporcionalidade com o resto da celebração é um bom parâmetro, juntamente com as expectativas dos fiéis no contexto de uma situação pastoral concreta.

***

Os leitores podem enviar perguntas para liturgia.zenit@zenit.org . Pedimos mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve incluir as iniciais do remetente, cidade, estado e país. O pe. McNamara só pode responder a uma pequena selecção das muitas perguntas que recebemos.



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