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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A formação integral: um recurso para os estudantes do século XXI

O novo reitor da Universidade Europeia de Roma, o Padre Luca Gallizia, fala sobre a missão do seu ateneu


Roma, 25 de Setembro de 2013


Atingido o seu nono ano lectivo de actividade, a Universidade Europeia de Roma viu a mudança de seu reitor. Padre Paolo Scarafoni LC, que dirigiu o ateneu fundado pelos Legionários de Cristo desde a sua fundação em 2005, cedeu o seu lugar ao padre Luca Gallizia LC.

Conforme relatado a ZENIT pelo padre Gallizia, os próximos anos lectivos serão a oportunidade da UER desenvolver a própria vocação plenamente: uma universidade moderna e dinâmica na abordagem da realidade e da cultura, mas firmemente enraizada em uma multisecular tradição cristã e aberta não apenas à erudição técnico-científica, mas à formação humana integral dos profissionais do futuro.

ZENIT: Padre Luca, qual é, em síntese, o programa da sua reitoria?
Padre Luca Gallizia: Na verdade, para este ano lectivo, a minha intenção é focar na continuidade em relação ao trabalho desenvolvido antes de mim, especialmente em tantos elementos positivos que a universidade já possui e que devem ser desenvolvidos e levados à sua plenitude. A minha intenção, portanto, é a de consolidar com a ajuda de todo o corpo docente e do pessoal administrativo, este projecto educativo que tem uma grande potencialidade, que precisa ser levado adiante e apoiado. Naturalmente toda novidade deve ser apoiada: temos em projecto a abertura de uma nova área científica, a da engenharia civil/arquitectura, que não foi possível realizar este ano mas que permanece no projecto. Continuaremos depois a valorizar as colaborações com as outras universidade e o diálogo aberto com as instituições.

ZENIT: Por causa da crise económica, em todas as universidade italianas, especialmente ateneus privados, continua um declínio no número de inscritos. Também a UER está sofrendo esse fenómeno?
Padre Luca Gallizia: Nós não sofremos uma queda, mas pelo contrário, observamos um leve crescimento, embora não muito significativo, dos inscritos. Para este ano académico – ainda que não tenhamos dados definitivos – houve um aumento entre os estudantes que participaram das provas de admissão. São elementos que nos incentivam e que podem ser causados por muitos factores, a partir da atenção que uma universidade como esta - privada, de pequeno porte, inspirada nos valores do cristianismo – dá ao valor da pessoa. Nosso lema é: Formamos pessoas, preparamos profissionais. A nossa finalidade, portanto, não é somente técnico-científica, mas temos uma inspiração formativa integral. Eu acredito que os jovens percebam esta atenção personalizada, este espírito de acolhida, este esforço a mais de ir a eles de de dar-lhes as ocasiões de formação extra-curricular, que são facultativas mas que criam também um ambiente de estímulo e de acolhida no qual o jovem se sente acompanhado e incentivado a fazer frutificar todos os próprios talentos. Talvez seja por esta razão que vários estudantes fizeram a escolha de uma universidade deste tipo. Também as famílias têm um desejo de oferecer aos filhos um ambiente formativo que os acompanhe e saiba ajudar-lhes em problemáticas específicas que podem surgir em seu caminho.

ZENIT: O senhor é um sacerdote Legionário de Cristo, que dirige uma universidade laica. Quais são os aspectos de catolicismo que desenvolvem o valor laico da educação?
Padre Luca Gallizia: Eu acho que existe uma vocação específica da universidade católica com relação à federal. Em comum têm a missão de transmitir uma bagagem de formação e informação também com a finalidade da inclusão do jovem no mundo do trabalho. Além desta finalidade, os mesmos sumo pontífices quiseram sublinhar uma especificidade: especialmente Bento XVI explicou melhor a vocação à uma dimensão técnico-científica que se abre a uma dimensão mais alta, integral da pessoa. É aquilo que o Papa Ratzinger chamou de “expansão da racionalidade", uma racionalidade que não se fecha em si mesma, que não cai no utilitarismo mas que está aberta aos valores que respondem às perguntas mais profundas do coração do homem e que estes estudantes depois estarão servindo na sociedade. Os anos de formação, portanto, também devem ser anos de crescimento do aluno. Temos excelentes testemunhos de jovens que concluíram o seu percurso académico e que narram como para eles a universidade tenha sido uma ocasião de crescimento pessoal: estes estudantes acreditam ter experimentado um amadurecimento não só intelectual, mas também pessoal, relacional, de responsabilidade com a sociedade. São elementos que nos encorajam a seguir adiante com a nossa missão.

ZENIT: No mundo de hoje, tão decadente e secularizado, qual papel pode ter uma universidade tão firmemente ancorada aos valores cristãos ?
Padre Luca Gallizia: A proposta cristã oferece algumas certezas fundamentais sobre as quais construir a própria vida. O cristianismo é sempre uma proposta aberta, nunca se impõe; ao mesmo tempo é uma proposta que tem raízes sólidas, que se insere em uma tradição de pensamento acompanhada por uma cadeia de testemunhos de adesão pessoal, muitas vezes heróica, aos valores da fé cristã. O cristianismo, portanto, nos oferece um caminho de continuidade com o nosso passado e com a nossa história que toca todas as dimensões da pessoa. Nesta cadeia de testemunhos, estou convencido de que um papel muito importante o tem os jovens como modelo e como testemunho.

ZENIT: O Papa Francisco exorta muitas vezes os católicos a “ir às periferias”. Quais são as periferias que a UER faz com que os seus estudantes explore?
Padre Luca Gallizia: Oferecemos aos jovens uma série de programas de responsabilidade social que estão inseridos na grade académica, por isso não se trata de mero voluntariado, mas de uma proposta que está inserida no seu percurso, ao qual os estudantes, ao longo de um ano académico, devem dedicar diversas horas, comprometendo-se em um dos projectos de responsabilidade que são oferecidos ao logo do tempo. Estes projectos permitem aos jovens – em alguns casos pela primeira vez na vida – entrar em contacto com realidades de marginalização, de pobreza, de emergência, de contacto com o sofrimento das pessoas e das famílias, como nos hospitais ou casas familiares. Em alguns casos estas experiências são feitas no exterior, como as missões no México e na Etiópia. São ocasiões importantes não somente académicas: não se trata de lições abstractas mas de experiências nas quais o jovem é convidado e incentivado a entrar em contacto com estas periferias de modo não teórico: não é um estudo, nem uma tese, mas é a experiência. Observemos como esse elemento característico da nossa formação seja extremamente importante e de acordo com a vocação que falamos. O projecto humanitário da Etiópia foi adoptado como um projecto internacional da universidade. Há muitos anos que se organizam as missões de Verão. Padre Paolo Scarafoni, meu predecessor, que tem permitido seja estudantes que professores a fazerem esta experiência e de ajudar na prática esta realidade de marginalização. Entre as actividades de responsabilidade social, uma novidade deste ano é o laboratório teórico e prático de comunicação, dirigido pelo jornalista Carlo Climati. Irá explorar as diferentes formas de comunicação no mundo de hoje: do jornalismo às redes sociais, da música ao rádio, da televisão ao diálogo na vida quotidiana. Os jovens serão incentivados a ver os outros com um olhar novo, a criar linguagens que possam representar uma ponte para todos, contribuindo para a destruição dos muros, obstáculos, desconfianças e suspeitas.


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