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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os desafios dos maronitas na diáspora (Parte I)

Entrevista com dom Habib Chamieh, bispo da comunidade maronita de Buenos Aires


Roma, 25 de Setembro de 2013


Realizou-se em Roma, de 10 a 19 de Setembro, um programa formativo para os novos bispos, organizado pela Congregação para os Bispos e pela Congregação para as Igrejas Orientais. O encontro deste ano foi marcado por uma significativa presença de novos bispos maronitas.

Nesta entrevista, dom Habib Chamieh, bispo da eparquia de São Charbel dos Maronitas, em Buenos Aires, comenta os principais acontecimentos do encontro e fala da situação dos maronitas em diáspora na América Latina.

Dom Habib Chamieh, da Ordem Maronita da Bem-Aventurada Virgem Maria, nasceu em Beirute, Líbano, em 7 de Outubro de 1966 e entrou na ordem aos 15 anos. Foi ordenado sacerdote em 14 de Agosto de 1992. Ocupou vários cargos, como o de formador dos postulantes, secretário geral da ordem (1999-2005), mestre dos professos em Roma (2006-2007), superior da missão maronita no Uruguai (2008-2011) e mestre de noviços (desde 2011). Trabalhou nas paróquias de Zouk Mosbeh e Achkout, no Líbano, e na de Notre-Dame du Liban, em Montevideu, Uruguai, durante três anos (2008-2011).

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ZENIT: Há vários anos, a Congregação para os Bispos promove um encontro anual para a formação dos novos bispos. Qual é a importância deste encontro para o início do serviço episcopal?
Dom Chamieh: Depois da minha ordenação, eu fui procurar uma formação especializada, que permitisse aos novos bispos conhecer claramente os seus deveres pastorais e especialmente canónicos, e fiquei feliz em saber que existe este serviço, prestado nada menos que pela Congregação dos Bispos, em parceria com a Congregação para as Igrejas Orientais. É relativamente novo, mas vem acontecendo há 12 anos no Ateneu Regina Apostolorum, dos Legionários de Cristo. É útil, ou melhor, é essencial para um começo mais consciente do ministério episcopal.

ZENIT: Quais são os pontos chave discutidos e abordados no encontro?
Dom Chamieh: As reuniões têm se concentrado em várias questões pastorais do ministério episcopal. Falamos de questões centrais sobre a identidade do bispo. Os conferencistas nos ajudaram a reflectir sobre várias questões ligadas à relação do bispo com o clero, especialmente com os sacerdotes que enfrentam problemas e crises vocacionais. Também falamos da relação e da ajuda mútua entre o bispo e as ordens religiosas presentes no território, e dos importantes e delicados aspectos canónicos do ministério episcopal.

ZENIT: Como foi a atmosfera da reunião deste ano?
Dom Chamieh: Tivemos uma grande participação dos bispos maronitas. De cerca de 110 bispos, os maronitas eram 14. Essa presença oriental deu um rosto mais rico, deu mais colegialidade à reunião. Por isso, nós falamos com mais aprofundamento sobre a colaboração entre os bispos católicos dos diversos ritos. Nós consideramos a colegialidade como uma realidade pastoral. Além disso, com esse número de maronitas presentes, celebramos uma missa no rito maronita com a participação dos outros bispos, e foi uma bela experiência, porque muitos bispos não sabiam nada dos maronitas e da riqueza do seu rito. Aliás, existe no geral uma grande ignorância sobre os católicos orientais. Alguns os associam aos ortodoxos, outros até mesmo aos muçulmanos, porque eles falam árabe...

ZENIT: Quais foram as questões inter-rituais que vocês trataram?
Dom Chamieh: Como a multiplicidade de ritos não é mais uma questão ligada a territórios específicos, devido à migração em massa de cristãos do Oriente para outros territórios, nós discutimos a necessidade dos bispos latinos de ajudar esses cristãos do Oriente a preservar a sua herança cultural e espiritual. Onde houver cristãos de rito oriental, é importante que haja um ministro que atenda às suas necessidades. Essas directrizes são importantes porque, na situação actual, muitos orientais na diáspora se identificam totalmente com as igrejas que os acolhem e, infelizmente, perdem a sua herança ritual oriental. Durante os encontros de integração, nós sugerimos que os bispos latinos desempenhem um papel ativo na orientação dos fiéis orientais, para eles participarem de forma mais viva nos seus ritos de origem, pelo menos no caso da prática sacramental do batismo, do casamento, etc.


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