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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O «Papa» da Igreja Siro-Malankar: «A comunhão com Roma é um motivo de alegria»

Faz hoje um ano foi criado cardeal 


Actualizado 24 de Novembro de 2013

Fernando de Navascués / ReL

Justamente faz hoje um ano, o Papa Bento XVI criava cardeais a 6 bispos mais. Nenhum tinha procedência europeia: Nigéria, Colômbia, Líbano… E a Índia. Do subcontinente indiano vinha Basilio Cleemis Thottunkal, Arcebispo Maior de Trivandrum dos Siro-Malabreses, uma das Igrejas católicas orientais autónomas em plena comunhão com a Igreja de Roma. Um bispo infatigável que dedicou a sua vida ao serviço dos necessitados da Índia, um país não isento de perseguições e de conflitos religiosos. O cardeal leva o título de São Gregório VII e o mais jovem da Igreja Católica.

Alguns popularmente consideram o cardeal Thottunkal como o "papa" dos siro-malankares, mas a realidade da sua história é que as raízes da comunidade Siro-Malankar remontam à pregação do apóstolo Tomás. Regressaram à plena comunhão com Roma em 1930 graças à intervenção de vários bispos por Geervarghese Mar Ivanios. Em 1932, o Papa Pio XI, com o decreto Christo Pastorum, restabeleceu-a na hierarquia Católica.

O Cardeal Thottunkal nasceu em Kerala, em 15 de Junho de 1959. Foi ordenado sacerdote da igreja Siro Malankar, em 1986 com 27 anos. Depois de fazer o doutoramento em Teologia Ecuménica na Universidade Pontifícia de Santo Tomás de Aquino, em Roma, voltou à Índia e foi nomeado Vigário Geral da Eparquia de Bathery. Nas igrejas orientais, uma eparquia é um território que se encontra debaixo da autoridade de um bispo, é uma terminologia própria das Igrejas Orientais Católicas, a Igreja Ortodoxa e as Antigas Igrejas Orientais como a Igreja católica maronita ou como a Igreja católica etíope entre outras. 

Os enfermos de sida, os abandonados
A realidade social da população, católica ou não, que vivia na sua eparquia obrigou-o a sair ao caminho. As suas primeiras obras foram construir dois hospitais para enfermos de sida, outro especialmente dedicado à atenção e refúgio de pessoas abandonadas e uma fundação educativa para ajudar crianças sem recursos económicos e em risco de exclusão social.

Ao serviço dos afastados
O interesse do papa João Paulo II por atender os católicos de ritos orientais, levou o pontífice a nomear Thottunkal Visitador Apostólico e Bispo auxiliar de Trivandrum no ano 2001, para assim pedir-lhe que o informasse e visse a forma de ajudar mais e melhor na vida espiritual dos siro-malankares que residem na América do Norte e Europa. Com o passar do tempo foi nomeado bispo de Tiruvalla e três anos depois, em 2006, arcebispo metropolitano de Tiruvalla.

O Sínodo de Bispos da Igreja Siro Malankar nomeou-o arcebispo maior de Trivandrum e Bento XVI o ratificou no ano 2007. O Sínodo é uma reunião de bispos a nível mundial no qual se juntam em momentos pontuais para tratar temas relacionados com o Romano Pontífice ou o governo da Igreja. 

A comunhão, um motivo de alegria
O cardeal Thottunkal, que é o mais jovem da Igreja católica e o primeiro purpurado do rito Siro-Malankar, explica numa entrevista que formar parte do colégio cardinalício é uma grande responsabilidade, mas uma grande ocasião para que a Igreja Índia trabalhe braço com braço com o Papa para propagar uma mensagem de alegria.

A sua igreja conta com meio milhão de membros, situados principalmente na Índia, ainda que também haja comunidades nos Estados Unidos e na Europa. Está em plena comunhão com Roma, o qual para o cardeal índio significa “que todos temos que estar alegres, incluindo os menos privilegiados. Eles são os que mais necessitam do nosso cuidado e apoio”, e esta comunhão com o Papa de Roma, é a união com o apóstolo Pedro.

“Venho do continente asiático – explica na entrevista - em concreto do subcontinente da Índia, onde as pessoas assistiram a uma forte propagação das mensagens religiosas. Os crentes de outras religiões constituem uma maioria predominante”.

E continua o cardeal: “A nossa querida beata a Madre Teresa de Calcutá levou ao mundo, especialmente à Índia, uns meios muito práticos de evangelização, um modelo de testemunho. Tenho que dizer que se converteu na missionária mais eficaz numa terra na qual os cristãos não chegam nem a três por cento da população. A Madre Teresa deu testemunho de Jesus em todas as partes. Na história da Índia ela é e será sempre um modelo e um símbolo de cristandade”, explica o cardeal.


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