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domingo, 31 de março de 2013

Não há pecado que Deus não possa perdoar

Na Vigília Pascal Papa Francisco convida a não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida!


Cidade do Vaticano,


Às 20h30 o Santo Padre Francisco presidiu na Basílica Vaticana, a solene Vigília Pascal na Noite Santa.

O rito começou no átrio da Basílica de São Pedro com a bênção do fogo e a preparação do círio pascal. Após  a procissão para o altar com o círio pascal aceso e o canto Exsullet, seguiu-se a Liturgia da Palavra e a Liturgia do Baptismo - durante a qual o Papa administrou os sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Primeira comunhão) para quatro neófitos, vindos da Itália, Albânia, Rússia e um vietnamita, que vive nos Estados Unidos – e a Liturgia Eucarística, concelebrada com os cardeais.

Publicamos abaixo a homilia  pronunciada pelo Papa Francisco  após a proclamação do Santo Evangelho:

Amados irmãos e irmãs!

1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afecto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf.Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também connosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus; temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender!

Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele.

2. Mas voltemos ao Evangelho, às mulheres, para vermos mais um ponto. Elas encontram o túmulo vazio, o corpo de Jesus não está lá… Algo de novo acontecera, mas ainda nada de claro resulta de tudo aquilo: levanta questões, deixa perplexos, sem oferecer uma resposta. E eis que aparecem dois homens em trajes resplandecentes, dizendo: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). E aquilo que começara como um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro –, transforma-se em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais permanece como antes, e não só na vida daquelas mulheres mas também na nossa vida e na história da humanidade. Jesus não está morto, ressuscitou, é o Vivente! Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus, que é o Vivente (cf. Nm 14, 21-28; Dt 5, 26, Js 3, 10). Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-Se para o futuro: é o «hoje» eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre o mal, sobre a morte, sobre tudo o que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano. E isto é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã e amado irmão. Quantas vezes precisamos que o Amor nos diga: Porque buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente!

Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer.

3. Há ainda um último elemento, simples, que quero sublinhar no Evangelho desta luminosa Vigília Pascal. As mulheres se encontram com a novidade de Deus: Jesus ressuscitou, é o Vivente! Mas, à vista do túmulo vazio e dos dois homens em trajes resplandescentes, a primeira reacção que têm é de medo: «amedrontadas – observa Lucas –, voltaram o rosto para o chão», não tinham a coragem sequer de olhar. Mas, quando ouvem o anúncio da Ressurreição, acolhem-no com fé. E os dois homens em trajes resplandescentes introduzem um verbo fundamental: «Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia (...) Recordaram-se então das suas palavras» (Lc 24, 6.8). É o convite a fazer memória do encontro com Jesus, das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida; e é precisamente este recordar amorosamente a experiência com o Mestre que faz as mulheres superarem todo o medo e levarem o anúncio da Ressurreição aos Apóstolos e a todos os restantes (cf. Lc 24, 9). Fazer memória daquilo que Deus fez e continua a fazer por mim, por nós, fazer memória do caminho percorrido; e isto abre de par em par o coração à esperança para o futuro. Aprendamos a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida.

Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no seu coração (cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus; que nos torne homens e mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente, vivo e operante no meio de nós; que nos ensine cada dia a não procurarmos entre os mortos Aquele que está vivo. Assim seja.



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Olhar que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração

Vídeo mensagem do Papa Francisco por ocasião da exposição extraordinária do Sudário,


Cidade do Vaticano,


Apresentamos o texto da mensagem em vídeo do Papa Francisco por ocasião da exposição extraordinária do Sudário, realizada nesta tarde, na Catedral de Turim no âmbito do Ano da fé.

Amados irmãos e irmãs,

Juntamente convosco coloco-me também eu diante do Santo Sudário, e agradeço ao Senhor por esta possibilidade que nos oferecem os instrumentos de hoje.

Embora realizado desta forma, o nosso ato de presença não é uma simples visão, mas uma veneração: é um olhar de oração. Diria mais: é um deixar-se olhar. Este Rosto tem os olhos fechados – é o rosto de um defunto – e todavia, misteriosamente, olha-nos e, no silêncio, fala-nos. Como é possível? Por que motivo quer o povo fiel, como vós, deter-se diante deste Ícone de um Homem flagelado e crucificado? Porque o Homem do Sudário nos convida a contemplar Jesus de Nazaré. Esta imagem – impressa no lençol – fala ao nosso coração e impele-nos a subir o Monte do Calvário, a olhar o madeiro da Cruz, a mergulhar-nos no silêncio eloquente do amor.

Deixemo-nos, pois, alcançar por este olhar, que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração. Ouçamos o que nos quer dizer, no silêncio, ultrapassando a própria morte. Através do Santo Sudário, chega-nos a Palavra única e última de Deus: o Amor feito homem, encarnado na nossa história; o Amor misericordioso de Deus, que tomou sobre Si todo o mal do mundo para nos libertar do seu domínio. Este Rosto desfigurado parece-se com muitos rostos de homens e mulheres feridos por uma vida não respeitadora da sua dignidade, por guerras e violências que se abatem sobre os mais frágeis... E no entanto o Rosto do Sudário comunica uma grande paz; este Corpo torturado exprime uma soberana majestade. É como se deixasse transparecer uma energia refreada mas poderosa, é como se nos dissesse: tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence.

Por isso, contemplando o Homem do Sudário, faço minha, neste momento, a oração que São Francisco de Assis pronunciou diante do Crucifixo: Deus altíssimo e glorioso, iluminai as trevas do meu coração. E dai-me fé recta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para cumprir o vosso mandamento santo e verdadeiro. Amen.



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Justificados gratuitamente: Por meio da fé no sangue de Cristo

Sexta-Feira Santa na Basílica de São Pedro: Pregação do Padre Raniero Cantalamessa


Cidade do Vaticano,


Apresentamos a pregação do padre Raniero Cantalamessa realizada nesta Sexta-feira Santa, na Basílica de São Pedro.

"Todos pecaram e se privaram da glória de Deus, mas foram justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o pre-determinou para a propiciação por meio da fé no seu sangue [...], para provar a sua justiça no tempo presente, a fim de que ele seja justo e justifique aquele que tem fé em Jesus" (Rm 3, 23-26).

Chegamos ao ápice do ano da fé e ao seu momento decisivo. Esta é a fé que salva, "a fé que vence o mundo" (1 Jo 5,5)! A fé, apropriação pela qual tornamos nossa a salvação operada por Cristo e nos vestimos do manto da sua justiça. Por um lado, temos a mão estendida de Deus, que oferece a sua graça ao homem; por outro, a mão do homem, que se estende para recebê-la mediante a fé. A "nova e eterna aliança" é selada com um aperto de mão entre Deus e o homem.

Nós temos a possibilidade de tomar, neste dia, a decisão mais importante da vida, aquela que nos abre de par em par os portões da eternidade: acreditar! Acreditar que "Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação" (Rm 4, 25)! Numa homilia pascal do século IV, o bispo proclamava estas palavras excepcionalmente contemporâneas e, de certa forma, existenciais: "Para cada homem, o princípio da vida é aquele a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo se imola por ele no momento em que ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que aquela imolação lhe proporcionou" (Homilia de Páscoa no ano de 387; SCh 36, p. 59 s.).

Esta Sexta-feira Santa, celebrada no ano da fé e na presença do novo sucessor de Pedro, poderá ser, se quisermos, o início de uma nova vida. O bispo Hilário de Poitiers, que se converteu ao cristianismo quando já era adulto, afirmava, ao olhar para trás antes de sua conversão: "Antes de te conhecer, eu não existia" e diz a Jesus ”Antes de te conhecer eu não existia”.

O necessário é apenas nos situarmos na verdade, reconhecermos que precisamos ser justificados, que não nos auto-justificamos. O publicano da parábola subiu ao templo e fez uma brevíssima oração: "Ó Deus, tem piedade de mim, pecador". E Jesus diz que aquele homem foi para casa "justificado", ou seja, transformado em homem justo, perdoado, feito criatura nova; cantando alegremente, penso, dentro do seu coração (Lc 18,14).

***

Como o alpinista que, superando uma passagem perigosa, faz uma parada para retomar o fôlego e admirar a paisagem que se abre à sua frente, assim o apóstolo Paulo, no início do capítulo quinto da Carta aos Romanos, depois de proclamar a justificação pela fé, escreve: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus graças a nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso, pela fé, a esta graça (paz, fé, graça) na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.

Mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência produz a experiência, e a experiência, a esperança. Ora, a esperança não nos decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5. 1-5).

Hoje, a partir de satélites artificiais, são tiradas fotografias infravermelhas de regiões inteiras da terra e de todo o planeta. Como é diferente a paisagem vista de cima, à luz desses raios, em comparação com o que vemos à luz natural e estando presentes no local! Eu me lembro de uma das primeiras fotos de satélite que correram o mundo, reproduzindo a península inteira do Sinai. As cores eram muito diferentes, eram mais evidentes os relevos e as depressões. É um símbolo. A vida humana, vista pelo infravermelho da fé, do alto do Calvário, também se mostra diferente de como é vista "a olho nu".

“Tudo”, dizia o sábio do Antigo Testamento, “acontece para o justo e para o ímpio... Percebi que, sob o sol, em vez da lei existe a iniquidade, e, no lugar da justiça, a maldade” (Eclesiastes 3, 16; 9, 2). Em todos os tempos, de fato, viu-se a maldade triunfante e a inocência humilhada. Mas para que não se pense que no mundo não há nada de fixo e de certo, observa Bossuet, às vezes se vê o oposto, ou seja, a inocência no trono e a maldade no cadafalso. Mas o que o Eclesiastes concluía? "Então eu pensei: Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para cada coisa" (Eclesiastes 3, 17). Ele encontra o ponto de observação justo.

O que o Eclesiastes não podia saber, mas que nós sabemos, é que esse juízo já aconteceu: “Agora”, diz Jesus, caminhando para a sua paixão, “é o julgamento deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo; e eu, quando for levantado da terra, atrairei todos para mim" (Jo 12, 31-32).

Em Cristo morto e ressuscitado, o mundo chegou ao seu destino final. E é necessário fé para acreditar. O progresso da humanidade avança a um ritmo vertiginoso e a humanidade vê desenrolar-se, à sua frente, horizontes novos e inesperados, fruto das suas descobertas. Pode-se dizer, porém, que já chegou o fim do tempo, porque em Cristo, que subiu à direita do Pai, a humanidade encontrou o seu objectivo final. Já começaram os novos céus e a nova terra.

Apesar de toda a miséria, injustiça e monstruosidade na terra, Ele já inaugurou a ordem definitiva no mundo. O que vemos com os nossos olhos pode nos sugerir o contrário, mas o mal e a morte foram, na verdade, derrotados para sempre. As suas fontes secaram; a realidade é que Jesus é o Senhor. O mal foi vencido radicalmente pela redenção que ele realizou.

Uma coisa, acima de tudo, parece diferente quando vista através dos olhos de fé: a morte! Cristo entrou na morte como se entra numa prisão escura, mas saiu dela pela muralha oposta. Ele não voltou por onde tinha entrado, como Lázaro, que tornara à vida para depois morrer de novo. Cristo abriu uma brecha para a vida que ninguém poderá fechar e pela qual todos podem segui-lo. A morte não é mais um muro contra o qual se parte toda esperança humana; ela se tornou uma ponte para a eternidade. Uma "ponte dos suspiros", talvez, porque ninguém gosta do fato de morrer, mas uma ponte, não mais um abismo que engole tudo. “O amor é forte como a morte”, diz o Cântico dos Cânticos (8,6). Em Cristo, ele émais forte do que a morte!

Na sua "História Eclesiástica do Povo Inglês", Beda, o Venerável, relata como a fé cristã chegou até o norte da Inglaterra. Quando os missionários vindos de Roma chegaram a Northumberland, o rei do lugar convocou um conselho de notáveis ​​para decidir se permitia ou não que eles divulgassem a nova mensagem. Alguns dos presentes foram a favor, outros contra. Em dado momento, um pássaro entrou por um buraco na parede, pairou assustado na sala e desapareceu por outro buraco, na parede oposta.

Então, levantou-se um dos presentes e disse: “Senhor, a nossa vida neste mundo é como aquele pássaro. Viemos não sabemos de onde, desfrutamos por um breve instante da luz e do calor deste mundo e depois desaparecemos de novo na escuridão, sem saber para onde estamos indo. Se estes homens podem nos revelar alguma coisa do mistério da nossa vida, devemos ouvi-los”.

A fé cristã poderia voltar ao nosso continente e ao mundo secularizado pela mesma razão por que já entrou nele antes: como a única doutrina que tem uma resposta segura para dar às grandes questões da vida e da morte.

***

A cruz separa os crentes dos não crentes, porque, para alguns, ela é escândalo e loucura, e, para outros, é poder de Deus e sabedoria de Deus (cf. I Cor 1, 23-24). Em sentido mais profundo, ela une todos homens, crentes e não crentes. "Jesus tinha que morrer [...] não por uma nação, mas para reunir todos os filhos de Deus que andavam dispersos" (Jo 11, 51 s.). Os novos céus e a nova terra são de todos e para todos, porque Cristo morreu por todos.

A urgência decorrente de tudo isto é evangelizar: "O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos" (II Cor 5,14). Nos impele a evangelizar! Nós anunciamos ao mundo a boa notícia de que "não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus, porque a lei do Espírito que dá vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte" (Rm 8, 1-2).

(Padre Cantalamessa repetiu esta frase em várias línguas)

Há um conto, do judeu Franz Kafka, que é um poderoso símbolo religioso e que assume um novo significado, quase profético, na Sexta-Feira Santa: "Uma Mensagem Imperial". Fala de um rei que, em seu leito de morte, chama um súbdito e lhe sussurra ao ouvido uma mensagem. É tão importante aquela mensagem que ele faz o súbdito repeti-la ao seu próprio ouvido para ter certeza de que o escutou bem. O mensageiro parte, logo em seguida. Mas ouçamos o resto da história directamente do autor, com o tom onírico, de pesadelo, quase, que é típico deste escritor:

"Projectando um braço aqui, outro acolá, o mensageiro abre alas por entre a multidão e avança ligeiro como ninguém. Mas a multidão é imensa, e as suas moradas, exterminadas. Como voaria se tivesse via livre! Mas ele se esforça em vão; ainda continua a se afanar pelas salas interiores do palácio, do qual nunca sairá. E mesmo que conseguisse, isto nada quereria dizer: ele teria que lutar para descer as escadas. E mesmo que conseguisse, ainda nada teria feito: haveria que cruzar os pátios; e, depois dos pátios, o segundo círculo dos edifícios. Se conseguisse precipitar-se, finalmente, para fora da última porta - mas isso nunca, nunca poderá acontecer - eis que, diante dele, alçar-se-ia a cidade imperial, o centro do mundo, em que montanhas de seus detritos se amontoam. Lá no meio, ninguém é capaz de avançar, nem mesmo com a mensagem de um morto. Tu, no entanto, te sentas à tua janela e sonhas com aquela mensagem quando a noite vem" (Franz Kafka, Uma Mensagem Imperial, em Contos).

Do seu leito de morte, também Cristo confiou à sua Igreja uma mensagem: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). Ainda existem muitos homens que se sentam à janela e sonham, sem saber, com uma mensagem como aquela. João, como acabamos de ouvir, afirma que o soldado perfurou o lado de Cristo na cruz “para que se cumprisse a Escritura, que diz: Hão-de olhar para Aquele que trespassaram” (Jo 19, 37). No Apocalipse, ele acrescenta: “Eis que vem sobre as nuvens e todo olho o verá; até os mesmos que o trespassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão por ele” (Ap 1,7).
Esta profecia não anuncia a última vinda de Cristo, quando já não for o tempo da conversão, mas do julgamento. Ela descreve, em vez disso, a realidade da evangelização. Nela ocorre uma vinda misteriosa, mas real, do Senhor que traz a salvação. O seu pranto não será de desespero, mas de arrependimento e de consolação. Este é o significado da profecia da Escritura, que João vê realizada no lado trespassado de Cristo, ou seja, o texto de Zacarias 12, 10: “Derramarei sobre a casa de David e sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de graça e de consolação; eles olharão para mim , para aquele a quem trespassaram".

A evangelização tem uma origem mística; é um dom que vem da cruz de Cristo, daquele lado aberto, daquele sangue e água. O amor de Cristo, como o da Trindade, do qual é a manifestação histórica, é "diffusivum sui", tende a se expandir e chegar a todas as criaturas, "especialmente as mais necessitadas da sua misericórdia". A evangelização cristã não é conquista, não é propaganda; é o dom de Deus para o mundo em seu Filho Jesus. É dar ao Chefe a alegria de sentir a vida fluir do seu coração para o seu corpo, até vivificar os seus membros mais distantes.

Temos de fazer todo o possível para que a Igreja se pareça cada vez menos ao castelo complicado e assombroso descrito por Kafka, e para que a mensagem possa sair dela tão livre e alegre como quando começou a sua corrida. Sabemos quais são os impedimentos que podem reter o mensageiro: as muralhas divisórias, começando por aquelas que separam as várias igrejas cristãs umas das outras; a burocracia excessiva; os resíduos de cerimoniais, leis e disputas do passado, que se tornaram, enfim, apenas detritos.

Jesus diz em Apocalipse que está à porta e bate. Às vezes, como foi observado por nosso Papa Francisco, não bate para entrar, mas de dentro, porque quer sair até as periferias existenciais do pecado, da dor, da injustiça, da ignorância, da indiferença religiosa, de todas as formas de miséria.

Acontece como em certas construções antigas. Ao longo dos séculos, para adaptar-se às exigências do momento, houve profusão de divisórias, escadarias, salas e câmaras. Chega um momento em que se percebe que todas essas adaptações já não respondem às necessidades actuais; servem, antes, de obstáculo, e temos então de ter a coragem de derrubá-las e trazer o prédio de volta à simplicidade e à linearidade das suas origens. Foi a missão que recebeu, um dia, um homem que orava diante do crucifixo de São Damião: "Vai, Francisco, e reforma a minha Igreja".

"Quem está à altura dessa tarefa?", perguntava-se o Apóstolo Paulo, aterrorizado, diante da tarefa de ser no mundo "o aroma de Cristo"; e eis a sua resposta, que é verdade também agora: "Não é que sejamos capazes de pensar alguma coisa como se viesse de nós; já que toda a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos fez idóneos para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito dá vida" (II Cor 2, 16; 3, 5-6).

Que o Espírito Santo, neste momento em que se abre para a Igreja um novo tempo, cheio de esperança, redesperte nos homens que estão à janela a esperar a mensagem e, nos mensageiros, a vontade de levá-la até eles, mesmo que ao custo da própria vida.



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Os cristãos devem responder ao mal com o bem

Palavras do Papa Francisco ao final da Via Sacra no Coliseu


Roma, 29 de Março de 2013


Amados irmãos e irmãs,

Agradeço-vos por terdes participado, em tão grande número, neste momento de intensa oração. E agradeço também a todos aqueles que se uniram a nós através dos meios de comunicação, especialmente aos doentes e aos idosos.

Não quero acrescentar muitas palavras. Nesta noite, deve permanecer uma única palavra, que é a própria Cruz. A Cruz de Jesus é a Palavra com que Deus respondeu ao mal do mundo. Às vezes parece-nos que Deus não responda ao mal, que permaneça calado. Na realidade, Deus falou, respondeu, e a sua resposta é a Cruz de Cristo: uma Palavra que é amor, misericórdia,perdão. É também julgamento: Deus julga amando-nos. Se acolho o seu amor, estou salvo; se o recuso, estou condenado, não por Ele, mas por mim mesmo, porque Deus não condena, Ele  unicamente ama e salva.

Amados irmãos, a palavra da Cruz é também a resposta dos cristãos ao mal que continua a agir em nós e ao nosso redor. Os cristãos devem responder ao mal com o bem, tomando sobre  si a cruz, como Jesus. Nesta noite, ouvimos o testemunho dos nossos irmãos do Líbano: foram eles que prepararam estas belas meditações e preces. De coração lhes agradecemos por este  serviço e sobretudo pelo testemunho que nos dão. Vimo-lo quando o Papa Bento foi ao Líbano: vimos a beleza e a força da comunhão dos cristãos naquela Nação e da amizade de tantos irmãos muçulmanos e muitos outros . Foi um sinal para todo o Médio Oriente e para o mundo inteiro: um sinal de esperança.  Então continuemos esta Via-Sacra na vida de todos os dias. Caminhemos juntos pela senda da Cruz, caminhemos levando no coração esta Palavra de amor e de perdão. Caminhemos esperando a Ressurreição de Jesus.


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sexta-feira, 29 de março de 2013

"A cidade celebra com orgulho e alegria o Papa Francisco"

Francisco em Buenos Aires
Gigantografia de Bergoglio em Buenos Aires

No Edifício da Prata, sobre a Avenida 9 de Julho, uma das principais da cidade

Redacção, 28 de Março de 2013 às 17:35


O Governo da capital argentina pendurou hoje na fachada de um dos seus edifícios, frente ao emblemático Obelisco portenho, uma fotografia gigante do Papa Francisco, em homenagem a quem foi arcebispo de Buenos Aires até o passado 13 de Março.

A imagem, com a legenda "A cidade celebra com orgulho e alegria o Papa Francisco", mede 88 metros de largura por 34 metros de alto, segundo informou num comunicado o Ministério da Cultura de Buenos Aires.

O cartaz, feito em tela, foi colocado na manhã desta Quinta-feira Santa sobre a fachada do Edifício da Prata, sobre a Avenida 9 de Julho, uma das principais de Buenos Aires.


Quando o cartaz seja retirado, a tela será utilizada para confeccionar bolsas que posteriormente serão leiloadas e o seu produto destinado ao Vicariato de Villas, uma instituição da Igreja católica de Buenos Aires dedicada à atenção dos bairros mais pobres e precários da cidade, cujo trabalho pastoral foi fortemente apoiado por Bergoglio.

"É um gesto de Buenos Aires celebrando assim o Papa Francisco e ao mesmo tempo fazendo um exercício de solidariedade com os mais humildes", disse hoje o ministro da Cultura portenho, Hernán Lombardi.

O funcionário foi à colocação da fotografia gigante junto com a vice-chefe do Governo da cidade, María Eugenia Vidal, o núncio apostólico na Argentina, monsenhor Emil Paul Tscherrig, o administrador arquidiocesano de Buenos Aires, monsenhor Joaquín Sucunza, e o titular do Vicariato de Villas, o padre Gustavo Carrara. (RD/Agencias)


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O papa Francisco, na cadeia

O Papa Francisco beija o pé de um preso
"Isto é o que eu faço. E o faço de coração, porque é meu dever como sacerdote e como bispo"

Bergoglio lavou os pés de 12 menores recluídos na prisão, entre eles duas raparigas

Redacção, 28 de Março de 2013 às 17:58


O papa Francisco pediu esta Quinta-feira Santa aos sacerdotes que sejam "pastores com odor a ovelha", que equivale a viver no meio das pessoas, "nas periferias onde há sofrimento, sangue derramado, cegueira que deseja ver e onde há cativos de tantos maus patrões".

Pela tarde visitou a cadeia de menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma, onde lavou os pés a 12 jovens, entre eles duas raparigas, uma católica e outra muçulmana, o que não tinha sucedido nunca.

As imagens da cerimónia foram retransmitidas só em diferido, porque o papa Bergoglio a considerou como um momento privado.

UM PAPA DIFERENTE


Às cinco da tarde, no Instituto Penal para Menores de "Casal del Marmo", nos arredores de Roma, começou a Missa "in cena Domini" celebrada pelo Papa. No seu ministério como Arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Jorge Mario Bergoglio costumava celebrar esta Missa numa cadeia, num hospital ou num hospício para pobres ou pessoas marginalizadas. E na sua primeira Quinta-feira Santa como Pontífice, Francisco quis seguir também esta tradição visitando este reformatório romano.

Numa brevíssima homilia, o Papa Francisco explicou aos presentes o significado do lavar os pés, "carícia de Jesus", que significa "eu estou ao teu serviço". E pediu aos miúdos que esqueçam os agravos mútuos, porque "temos que ajudar-nos". E, quando se despedia deles, disse-lhes: "Não deixeis que lhes roubem a esperança". E repetiu-o duas vezes.

Na sua homilia, o Pontífice recordou que Jesus lavou os pés aos seus discípulos. E acrescentou que Pedro não compreendia, mas Jesus explicou o seu gesto. Deus fez isto e explica aos seus discípulos que devem seguir o seu exemplo. Se o Senhor, o Mestre lavou os pés aos seus discípulos - disse o Papa - também vocês deveriam fazer o mesmo. É o exemplo do Senhor.

"Entre nós o que é mais importante deve estar ao serviço dos demais. E este é um sinal: lavar os pés quer dizer: eu estou ao teu serviço. Devemos ajudar-nos - afirmou Francisco -. Ajudar-nos reciprocamente: isto é o que Jesus nos ensina. E isto é o que eu faço. E o faço de coração - disse o Papa - porque é meu dever como sacerdote e como bispo. É um dever – acrescentou - que me vem do coração. Gosto de fazê-lo - explicou - porque o Senhor assim me o ensinou.

"Às vezes - disse Francisco – zango-me com um ou com outro. Esqueça-o! E se te pedem um favor, fá-lo. Isto é o que Jesus nos ensina e o que eu faço". Mas também vocês - observou – ajudem-se sempre e assim, ajudando-nos nós fazemos o bem. Que cada um de nós pense: estou disposto a servir, estou disposto a ajudar o outro? Este sinal é uma carícia de Jesus que veio precisamente para isto, para servir, para ajudar-nos.

A esse respeito cabe destacar que também o Papa Bento XVI visitou este Instituto de Casal del Marmo em 18 de Março de 2007, onde celebrou a Missa na Capela do "Pai Misericordioso".

De modo que com esta celebração de Casal del Marmo, o Papa Francisco prosseguiu este costume, que se desenvolveu num contexto de grande simplicidade, enquanto as demais celebrações da Semana Santa, tal como os temos informado oportunamente, terão lugar segundo o uso habitual.


O papa Francisco oficiou na cadeia romana de menores de Casal del Marmo a Missa da Ceia do Senhor de Quinta-feira Santa com os jovens ali recluídos, durante a qual lavou os pés a doze adolescentes, entre eles duas raparigas, uma muçulmana, imitando o feito por Jesus com os apóstolos.

Várias centenas de romanos esperavam o pontífice à sua chegada ao reformatório, construído a noroeste da Cidade Eterna, onde foi acolhido com aplausos e vivas.

Esta é a primeira vez que um papa oficia a missa da Quinta-feira Santa num reformatório de menores e não na basílica de são João de Latrão, que é a catedral de Roma, que lhe corresponde como bispo da Cidade Eterna.

No reformatório, que já visitaram em 2008 João Paulo II e em 2007 Bento XVI, encontram-se detidos 46 jovens, deles 35 varões e onze mulheres.

O papa Bergoglio concelebrou a missa com o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini; o capelão do reformatório, Gaetano Greco; o Substituto da Secretaria de Estado ("número três" do Vaticano), Angelo Becciu, e o secretário do papa, Alfred Xuareb.

Também assistiram dois diáconos: o colombiano Pedro Acosta e o frade terciário capuchinho da Dolorosa Roi Jenkins Albuens.

Francisco, imitando o feito por Jesus com os doze apóstolos, lavou os pés a doze jovens, de diferentes religiões e nacionalidades, dois deles mulheres, uma italiana católica e uma sérvia de religião muçulmana, outro gesto do papa que chamou a atenção, visto que os doze apóstolos foram todos homens.

O papa foi recebido pela ministra italiana de Justiça em funções, Paola Severino; a chefe do Departamento de Justiça de Menores, Caterina Chinnici; o comandante da Policia Penitenciária do reformatório, Saulo Patrizi, e a directora do mesmo, Liana Giambartolomei.


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Um milagre, 62 martírios e 7 virtudes heróicas promulgadas

Papa Francisco autoriza a promulgação de vários decretos da Congregação para as Causas dos Santos


Roma,


O Papa Francisco recebeu em audiência ontem, 27 de Março, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, e autorizou a promulgação de alguns decretos. A notícia foi divulgada pelo Serviço de Informação da Santa Sé nesta quinta-feira, 28 de Março.

Os decretos promulgados são:

O milagre, atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Maria Teresa Bonzel (no século: Regina Cristina Guglielmina), Fundadora das Irmãs Pobres Franciscanas da Adoração Perpétua em Olpe; nascida em Olpe (Alemanha) em 17 de Setembro de 1830 e morta em 6 de Fevereiro de 1905.

O  martírio dos Servos de Deus Emanuele Basulto Joménes, Bispo de Jaén (Espanha), e cinco companheiros; mortos por motivo de ódio à fé entre 1936 e 1937.

O martírio dos Servos de Deus José Massimo Moro Briz e quatro Companheiros, sacerdotes da Dioceses de Ávila (Espanha); mortos por motivo de ódio à fé na Espanha em 1936.

O martírio do Servo de Deus Vladimiro Ghika, Sacerdote diocesano; nascido em Istambul (Turquia) em 24 de Dezembro de 1873 e morto por motivo de ódio à fé em Bucareste (Roménia) em 16 de maio de 1954.

O martírio dos Servos de Deus Joaquim Jovaní Marín e 14 Companheiros, da Sociedade dos Sacerdotes Operários Diocesanos; mortos por motivo de ódio à fé na Espanha entre 1936 e 1938.

O martírio dos Servos de Deus Andrés da Palazuelo (no século: Michele Francesco González Ganzález), Sacerdote professo da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, e 31 Companheiros; mortos por motivo de ódio à fé na Espanha entre 1936 e 1937.

O martírio do Servo de Deus Giuseppe Girotti, Sacerdote professo da Ordem dos Frades Pregadores; nascido em Alba (Itália) em 19 de Julho de 1905 e morto por motivo de ódio à fé em Dachau (Alemanha) em 1945.

O martírio do Servo de Deus Estefano Sándor, Leigo professo da Sociedade de São Francisco de Sales; nascido em Szolnok (Hungria) em 26 de Outubro de 1914 e morto por motivo de ódio à fé em Budapeste (Hungria) em 8 de Junho de 1953.

O martírio do Servo de Deus Rolando Rivi, aluno do seminário; nascido em São Valentimde Castellarano (Itália) em 7 de Janeiro de 1931 e morto por motivo de ódio à fé em Piane di Monchio (Itália) em 13 de Abril de 1945.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Eladio Mozas Santamera, Sacerdote diocesano, Fundador das Irmãs Josefinas da Santíssima Trindade; nascido em Miedes de Atienza (Espanha) em 18 de Fevereiro de 1837 e morto em Plasencia (Espanha) em 18 de Março de 1897.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Manuel Aparicio Navarro, Sacerdote diocesano; nascido em Madri (Espanha) em 11 de Dezembro de 1902 e morto em 28 de Agosto de 1964.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Moisés Lira Serafín, Sacerdote professo dos Missionários do Espírito Santo, Fundador da Congregação dos Missionários da Caridade de Maria Imaculada; nascido em Tlantempa (México) em 16 de Setembro de 1893 e morto em Cidade do México (México) em 25 de Junho de 1950.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Generoso do Santíssimo Crucifixo (no século Angelo Fontanarosa), Sacerdote professo da Congregação da paixão de Jesus Cristo; nascido em Vetralla (Itália) em 6 de Novembro de 1881 e morto em Mascalucia (Itália) em 9 de Janeiro de 1966.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Olinto Marella, Sacerdote diocesano; nascido em Pellestrina (Itália) em 14 de Junho de 1882 e morto em São Lázarode Savena (Itália) em 6 de Setembro de 1969.

As virtudes heróicas do Servo de Deus Antonio Kowalczyk, Irmão Leigo da Congregação dos Missionários Oblatos da Beata Virgem Maria Imaculada; nascido em Dzierzanów (Polónia) em 4 de Junho de 1866  morto em Edmonton (Canadá) em 10 de Julho de 1947.

As virtudes heróicas da Serva de Deus Silvia Cardoso Ferreira da Silva, Leiga; nascida em Paços de Ferreira (Portugal) em 26 de Julho de 1882 e morta em Porto (Portugal) em 2 de Novembro de 1950.



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Papa Francisco nomeia o novo arcebispo de Buenos Aires

Dom Mario Aurelio Poli será o pastor da capital argentina


Roma,


O santo padre nomeou como arcebispo de Buenos Aires dom Mário Aurelio Poli, transferindo-o da diocese de Santa Rosa para a capital da Argentina.

Dom Poli nasceu em Buenos Aires em 29 de Novembro de 1947. Fez os estudos primários na escola pública e os secundários na Escola Paroquial de São Pedro Apóstolo. A faculdade de Direito e de Ciências Sociais foi cursada na Universidade de Buenos Aires, assim como a licença em Serviços Sociais. Aos 22 anos, ele entrou no Seminário Metropolitano de Buenos Aires e estudou Filosofia e Teologia. Foi ordenado sacerdote em 25 de Novembro de 1978. O doutorado em Teologia foi feito na Universidade Pontifica Católica Argentina.

Como presbítero, dom Poli exerceu os seguintes ministérios: vigário paroquial na paróquia de San Cayetano, de 1978 a 1980; superior no seminário maior, de 1980 a 1987; capelão das Servas do Espírito Santo, de 1988 ao 1991; assistente eclesiástico da Associação Leiga Fraternidades e Agrupações de São Tomás de Aquino, de 1988 a 1992. Também foi director do Instituto Vocacional São José, curso propedêutico no seminário maior. Foi membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral. Deu aulas de História Eclesial na faculdade de Teologia da Universidade Pontifícia Católica Argentina.

Em 8 de Fevereiro de 2002, foi nomeado bispo titular de Abidda e auxiliar de Buenos Aires, ao mesmo tempo em que continuava o trabalho como professor. Recebeu a ordenação episcopal em 20 de Abril de 2002. Em 24 de Junho de 2008, foi nomeado bispo residencial de Santa Rosa.

Dentro da Conferência Episcopal Argentina, foi membro da Comissão Episcopal para a Educação Católica e da Comissão dos Ministérios. Actualmente é presidente da Comissão Episcopal para a Catequese e para a Pastoral Bíblica.



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Sacerdote: pastor no meio do seu rebanho e não intermediário ou gestor

Homilia do Santo Padre Francisco na Santa Missa Crismal


Cidade do Vaticano,


Apresentamos a homilia do Santo Padre Francisco na Santa Missa Crismal celebrada na Basílica de São Pedro nesta quinta-feira, 28 de Março.

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Amados irmãos e irmãs,

Com alegria, celebro pela primeira vez a Missa Crismal como Bispo de Roma. Saúdo com afecto a todos vós, especialmente aos amados sacerdotes que hoje recordam, como eu, o dia da Ordenação.

As Leituras e o Salmo falam-nos dos «Ungidos»: o Servo de Javé referido por Isaías, o rei David e Jesus nosso Senhor. Nos três, aparece um dado comum: a unção recebida destina-se ao povo fiel de Deus, de quem são servidores; a sua unção «é para» os pobres, os presos, os oprimidos… Uma imagem muito bela desse “ser para” do santo crisma é a do Salmo 133: «É como óleo perfumado derramado sobre a cabeça, a escorrer pela barba, a barba de Aarão, a escorrer até à orla das suas vestes» (v. 2). Este óleo derramado, que escorre pela barba de Aarão até à orla das suas vestes, é imagem da unção sacerdotal, que, por intermédio do Ungido, chega até aos confins do universo representado nas vestes.

As vestes sagradas do Sumo Sacerdote são ricas de simbolismos; um deles é o dos nomes dos filhos de Israel gravados nas pedras de ônix que adornavam as ombreiras do efod, do qual provém a nossa casula actual: seis sobre a pedra do ombro direito e seis na do ombro esquerdo (cf. Ex 28, 6-14). Também no peitoral estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel (cf. Ex 28, 21). Isto significa que o sacerdote celebra levando sobre os ombros o povo que lhe está confiado e tendo os seus nomes gravados no coração. Quando envergamos a nossa casula humilde pode fazer-nos bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste tempo.

Depois da beleza de tudo o que é litúrgico – que não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas é presença da glória do nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado –, fixemos agora o olhar na acção. O óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, não se limita a perfuma a sua pessoa, mas espalha-se e atinge «as periferias». O Senhor dirá claramente que a sua unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. A unção, amados irmãos, não é para nos perfumar a nós mesmos, e menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso... e o coração amargo.

O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo; temos aqui uma prova clara. Nota-se quando o nosso povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia. O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até às bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, «as periferias» onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé. As pessoas agradecem-nos porque sentem que rezamos a partir das realidades da sua vida de todos os dias, as suas penas e alegrias, as suas angústias e esperanças. E, quando sentem que, através de nós, lhes chega o perfume do Ungido, de Cristo, animam-se a confiar-nos tudo o que elas querem que chegue ao Senhor: «Reze por mim, padre, porque tenho este problema», «abençoe-me, padre», «reze para mim»… Estas confidências são o sinal de que a unção chegou à orla do manto, porque é transformada em súplica – súplica do Povo de Deus. Quando estamos nesta relação com Deus e com o seu Povo e a graça passa através de nós, então somos sacerdotes, mediadores entre Deus e os homens. O que pretendo sublinhar é que devemos reavivar sempre a graça, para intuirmos, em cada pedido – por vezes inoportuno, puramente material ou mesmo banal (mas só aparentemente!) –, o desejo que tem o nosso povo de ser ungido com o óleo perfumado, porque sabe que nós o possuímos. Intuir e sentir, como o Senhor sentiu a angústia permeada de esperança da hemorroíssa quando ela Lhe tocou a fímbria do manto. Este instante de Jesus, no meio das pessoas que O rodeavam por todos os lados, encarna toda a beleza de Aarão revestido sacerdotalmente e com o óleo que escorre pelas suas vestes. É uma beleza escondida, que brilha apenas para aqueles olhos cheios de fé da mulher atormentada com as perdas de sangue. Os próprios discípulos – futuros sacerdotes – não conseguem ver, não compreendem: na «periferia existencial», vêem apenas a superficialidade duma multidão que aperta Jesus de todos os lados quase O sufocando (cf. Lc 8, 42). Ao contrário, o Senhor sente a força da unção divina que chega às bordas do seu manto.

É preciso chegar a experimentar assim a nossa unção, com o seu poder e a sua eficácia redentora: nas «periferias» onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus. Não é, concretamente, nas auto-experiências ou nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor: os cursos de auto-ajuda na vida podem ser úteis, mas viver a nossa vida sacerdotal passando de um curso ao outro, de método em método leva a tornar-se pelagianos, faz-nos minimizar o poder da graça, que se activa e cresce na medida em que, com fé, saímos para nos dar a nós mesmos oferecendo o Evangelho aos outros, para dar a pouca unção que temos àqueles que não têm nada de nada.

O sacerdote, que sai pouco de si mesmo, que unge pouco – não digo «nada», porque, graças a Deus, o povo nos rouba a unção –, perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de activar a parte mais profunda do seu coração presbiteral. Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. A diferença é bem conhecida de todos: o intermediário e o gestor «já receberam a sua recompensa». É que, não colocando em jogo a pele e o próprio coração, não recebem aquele agradecimento carinhoso que nasce do coração; e daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, que acabam por viver tristes, padres tristes, e transformados numa espécie de coleccionadores de antiguidades ou então de novidades, em vez de serem pastores com o «cheiro das ovelhas» – isto vo-lo peço: sede pastores com o «cheiro das ovelhas», que se sinta este –, serem pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens. É verdade que a chamada crise de identidade sacerdotal nos ameaça a todos e vem juntar-se a uma crise de civilização; mas, se soubermos quebrar a sua onda, poderemos fazer-nos ao largo no nome do Senhor e lançar as redes. É um bem que a própria realidade nos faça ir para onde, aquilo que somos por graça, apareça claramente como pura graça, ou seja, para este mar que é o mundo actual onde vale só a unção – não a função – e se revelam fecundas unicamente as redes lançadas no nome d’Aquele em quem pusemos a nossa confiança: Jesus.

Amados fiéis, permanecei unidos aos vossos sacerdotes com o afecto e a oração, para que sejam sempre Pastores segundo o coração de Deus.

Amados sacerdotes, Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, o renove no nosso coração de tal modo que a unção chegue a todos, mesmo nas «periferias» onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia. Que o nosso povo sinta que somos discípulos do Senhor, sinta que estamos revestidos com os seus nomes e não procuramos outra identidade; e que ele possa receber, através das nossas palavras e obras, este óleo da alegria que nos veio trazer Jesus, o Ungido. Ámen.

Tradução LEV/ZENIT



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Papa faz apelo pela paz na República Centro-Africana

Francisco oferece também as suas orações


Roma,


Diante da violência registrada na República Centro-Africana após o recente golpe de estado, o santo padre fez um apelo pela paz durante a audiência geral desta quarta-feira na Praça de São Pedro.

Apresentamos a seguir as palavras conciliadoras do papa.

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"Acompanho de perto o que está acontecendo na República Centro-Africana e quero garantir a minha oração por todos os que sofrem, especialmente pelos familiares das vítimas, pelos feridos e pelas pessoas que perderam os seus lares e se viram obrigadas a fugir. Peço o fim imediato da violência e dos saques e que, o mais rapidamente possível, seja encontrada uma solução política para a crise, a fim de restaurar a paz e a harmonia nesse querido país, que, durante muito tempo, foi marcado por conflitos e divisões".


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A nossa gente agradece pelo evangelho pregado com unção

Celebração da missa crismal do papa Francisco na basílica de São Pedro


Roma,


Poucos minutos antes das 9h30 da manhã, o santo padre entrou na basílica de São Pedro para presidir a missa crismal, concelebrada com os cardeais, bispos e 1600 presbíteros diocesanos e religiosos presentes em Roma.

Durante a celebração, os sacerdotes renovam as promessas feitas no momento da sagrada ordenação. Abençoa-se o óleo dos enfermos, o óleo dos catecúmenos e o crisma, contidos em seis ânforas.

O papa Francisco explicou que as leituras falam dos "ungidos" Isaías, David e Jesus. “A unção que os três recebem é para ungir o povo fiel de Deus, a quem eles servem; a sua unção é para os pobres, para os cativos, para os oprimidos”.

Francisco explicou alguns símbolos que acompanham o sacerdote. Sobre a veste, ele disse: "Ela significa que o sacerdote celebra carregando nos ombros o povo confiado a ele, com os seus nomes gravados no coração (...) Ao vestirmos a nossa humilde casula, pode nos fazer bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires". Sobre a beleza litúrgica, ele afirmou que "ela não é puro adorno", mas "presença da glória de nosso Deus, que resplandece em seu povo vivo e consolado". "A unção, queridos irmãos, não é para nos perfumarmos, muito menos para guardarmos num frasco, porque o óleo azedaria e o nosso coração ficaria amargo".

O santo padre recordou que "a nossa gente agradece pelo evangelho pregado com unção, agradece quando o evangelho que pregamos chega até a sua vida quotidiana". Os sacerdotes "são mediadores entre Deus e os homens": por isso, o papa os convidou a ser "pastores com cheiro de ovelha" e a "experimentar a unção, o poder e a eficácia redentora: nas periferias, onde há sofrimento, onde há sangue derramado, cegueira que deseja ver, onde há pessoas cativas nas mãos de tantos patrões ruins".

Sobre a crise de identidade sacerdotal, Francisco encorajou os padres a "remar mar adentro em nome do Senhor e jogar as redes". O papa apelou também aos fiéis e pediu: "Acompanhem os seus sacerdotes com o afecto e com a oração, para que eles sejam sempre pastores segundo o coração de Deus".

Ao terminar a homilia, o papa pediu que "Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, que o renove em nosso coração de tal maneira que a unção chegue a todos, também às periferias, onde o nosso povo fiel mais o espera e valoriza. Que a nossa gente nos sinta como discípulos do Senhor".

O óleo para a celebração da missa crismal foi uma doação da cooperativa Arte e Alimentação, de Castelseras, Aragão, na Espanha. As substâncias perfumadas para elaborar o crisma foram colocadas no óleo pelo diácono antes da oração da bênção.

Depois da celebração, os óleos são levados para a Catedral de Roma, São João de Latrão. A partir dela, serão distribuídos aos sacerdotes de toda a diocese romana para a administração dos sacramentos durante o ano.

Na Coluna da Confissão foi colocada uma estátua de madeira de Maria com o Menino Jesus. A estátua, conservada nos Museus Vaticanos, é uma doação feita ao papa Paulo VI pelo então presidente do Brasil João Goulart , por ocasião da sua eleição em 1963. A obra, da escola brasileira, é do século XVIII e representa Nossa Senhora de Montserrat.



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quinta-feira, 28 de março de 2013

Cardeal Bergoglio aos cardeais antes do Conclave

Fonte: http://www.documentazione.info/le-parole-del-card-bergoglio-prima-del-conclave

O apontamento que se vê na imagem é uma nota manuscrita do Card. Bergoglio
que relata a sua intervenção numa congregação geral prévia ao conclave. A nota foi difundida com a autorização do Papa concedida ao cardeal cubano Jaime Lucas Ortega y Alamino que lhe tinha pedido cópia após a sua intervenção.

-          Fez-se referência à evangelização. É a razão de ser da Igreja.
-          “A doce e reconfortante alegria de evangelizar” (Paulo VI).
-          É o próprio Jesus Cristo que, a partir de dentro, nos impulsiona.

1.- Evangelizar supõe zelo apostólico.
Evangelizar supôe na Igreja a "parresia" [coragem, entusiasmo] de sair de si mesma.
A Igreja está chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não só as geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, as da dor, as da injustiça, as da ignorância e da indiferença religiosa, as do pensamento, as de toda a miséria

2.- Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se auto-referencial e então adoece (cfr. a mulher curvada sobre si mesmo, do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz de auto-referencialidade, uma espécie de narcisismo teológico.

No Apocalipse Jesus diz que está à porta e bate. Evidentemente o texto refere-se a Jesus que bate de fora a porta para entrar... Mas penso nas vezes que Jesus bate de dentro para que o deixemos sair. A Igreja auto-referencial pretende Jesus Cristo dentro de si e não o deixa sair.

3.- A Igreja, quando é auto-referencial, sem se aperceber, julga que tem luz própria, deixa de ser o mysterium lunae [mistério da lua] e dá lugar a esse mal muito grave que é a mundanidade espiritual (segundo De Lubac, o pior mal que pode acontecer à Igreja). Esse viver para dar glória uns aos outros.

Simplificando; há duas imagens da Igreja: a Igreja evangelizadora que sai de si; a Dei Verbum religiose audiens et fidenter proclamans; ou a Igreja mundana que vive em si, de si, para si.

4.- Pensando no próximo Papa: um homem que, a partir da contemplação de Jesus Cristo e da adoração a Jesus Cristo, ajude a Igreja a sair de si para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da "doce e reconfortante alegria de evangelizar".


A Bíblia, o mais visto: arrasou na Segunda-feira Santa com 3,9 milhões de espectadores para a Antena 3

Histórias que apaixonam sempre

Na Quinta-feira Santa a TeleCinco contra-ataca com uma mini-série de Lux Vide sobre a Virgem Maria e na sexta-feira, La 2 e o Canal Historia, com documentários sobre Jesus Cristo.

Actualizado 26 de Março de 2013

P. J. Ginés / ReL


Declan Huerta, sacerdote da diocese de Cuenca e grande aficionado das histórias cheias de épica, sentou-se na tarde de Segunda-feira Santa a ver a nova série de televisão de "A Bíblia" na Antena 3, e foi comentando com bom humor as suas impressões por Twitter: "Os anjos da capa vermelha parecem personagens ninja de Assasin´s Creed", "Espectacular a passagem do Mar Vermelho, mas falta a coluna de fogo que detinha o Faraó e o seu exército"; "O faraó, actuando de pós-moderno ególatra: eu sou Deus; e dizemos que temos evoluído"...

O veredicto final do sacerdote sobre esta série é positivo: "não está gerando confusões no Antigo Testamento, nem pretende explicar de forma racionalista os relatos. Tem os seus pontos de posta em cena discutíveis, mas nada que afecte a mensagem", comenta no seu Facebook.

Tarde na noite, volta "Grande Irmão"
O padre Declan deixou de ver os últimos capítulos, já tarde pela noite, como fez muita gente: no "late night" o Grande Irmão da TeleCinco conseguiu 20% de quota de ecrã enquanto "A Bíblia" ainda mantinha 18,4% a essa hora.

Foi um alívio para a TeleCinco, porque o certo é que a sua rival Antena 3 arrasou com "A Bíblia" durante toda a tarde, logrando quase 3,9 milhões de espectadores no "prime time", 23,6% da quota de ecrã.

Por comparação, "Gladiator", na La 1, ainda que fosse uma história de romanos com toques hispânicos e espirituais, só atraiu 11% (1,8 milhões de pessoas) e Grande Irmão a essas horas 17% na TeleCinco (entre 2,4 e 2,6 milhões de espanhóis de inquietudes culturais perfeitamente descritíveis).

A Bíblia, melhor que famosos em fato de banho
Antena 3 fez bem em deixar de lado o seu concurso "Splash" de famosos (e famosas) em fato de banho que se atiram à piscina, que faz uma semana já só conseguia 2,6 milhões de espectadores: com A Bíblia ganhou 50% mais de pessoas junto ao televisor.

A série de dez capítulos foi produzida por Mark Burnett e Roma Downey, e conta com um elenco internacional em que se destacam o português Diego Morgado como Jesus Cristo, a própria Roma Downey, que interpreta a Virgem Maria, e o marroquino Mohamed Mehdi Ouanzanni como Satanás: há quem tenha assinalado que se parece muito com o presidente dos Estados Unidos Barack Obama, mas os produtores negam qualquer intencionalidade.

Anjos... O padre Declan diz que recordam a estética do videojogo Assassin´s Creed
Música de Hans Zimmer
A série produziu-se com um orçamento de 22 milhões de dólares e conta como responsável musical o ganhador de um Oscar por O Rei Leão e dois Globos de Ouro Hans Zimmer, que já musicou, por exemplo, O Cavaleiro das Trevas. Na sua estreia nos EUA conseguiu quase 15 milhões de espectadores.

Na quinta-feira: TeleCinco, com a Virgem Maria
Na TeleCinco, Maria de Nazaré... E Paz Veja
Na quinta-feira, Telecinco deixa por um pedaço de vender "Grande Irmão" e estreia "Maria de Nazaré", uma mini-série de dois capítulos de produção italoespanhola sobre a figura da Virgem Maria cuja vida se entrecruza com a de Maria Madalena, outra jovem judia do seu mesmo povoado, a quem dão vida a alemã Alissa Jung e a espanhola Paz Vega.

A Palestina de há 2000 anos foi recreada em Tunes, concretamente nos estúdios Empire, na localidade de Hammamet, e em localizações exteriores da cidade de Monastir e do deserto, numa produção de Mediaset España, a italiana Lux Vide e a alemã Beta Film.

Maria de Nazaré recolhe o relato de episódios bíblicos como a Anunciação de Maria, a fuga para o Egipto, a adoração dos Magos, o milagre das bodas de Canaá e a Paixão de Cristo, que a Telecinco completará na Sexta-feira Santa.

La 2, na Sexta-feira Santa, emite ´Jesus, o homem´
Essa mesma sexta-feira, La 2 emitirá o documentário Jesus. O homem, que aborda a figura histórica de Jesus Cristo da mão de testemunhos dos especialistas reconhecidos a nível internacional sobre o debate das fontes históricas e os acontecimentos menos conhecidos da sua vida.

Três documentários no Canal História
O Canal História programa para estes dias pela sua parte na Semana Santa diversos documentários que abordam a religião e a sua relação com a ciência emitindo Em busca de Deus na sexta-feira 29, enquanto abordarão os aspectos menos conhecidos da vida de Jesus no documentário Os 40 dias ignorados de Jesus que emitirão no sábado 30, enquanto no domingo 31 se centrarão nos meandros da residência do Papa e do funcionamento hierárquico da Igreja com o documentário Acesso secreto: o Vaticano.


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