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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Era um jovem muçulmano e devoto, mas apareceu-lhe «Alguém de branco brilhante» e hoje é sacerdote

A assombrosa conversão do padre Adrien Mamadou Sawadogo

Recepção do padre Adrien (à direita) na sua missão na Zâmbia,
na diocese de Chipata
Actualizado 15 de Abril de 2014

P. J. Ginés/ReL

Adrien Mamadou Sawadogo foi muçulmano até aos 22 anos. Desde 2006, é missionário católico, religioso dos Padres Brancos, e posteriormente sacerdote nesta congregação, missionário na Zâmbia, muito longe do seu Burkina Faso natal.

A sua conversão ao catolicismo trouxe-lhe dificuldades. Mas ele tem claro que parte da sua vocação é ser ponte entre três mundos: o cristianismo, o Islão e África. E que o seu chamado, a sua vocação, vem do mesmo Cristo, algo que viveu clarissimamente.

Uma família muçulmana e piedosa

“Sou o filho mais velho de um muçulmano de Burkina Fasso. O meu pai, El Hadj Sawadogo, é muito respeitado na comunidade muçulmana, pela sua profunda fé em Deus, a sua prática religiosa, a vida da caridade até os mais pobres da sociedade, a sua discrição e a sua constante busca da justiça e a reconciliação. Ele educou-me na fé muçulmana que recebeu a sua vez. Eu era muçulmano já desde o ventre da minha mãe, quando recebi a cerimónia do nome e me chamaram Mamadou, o mesmo nome que Mahoma”.

O hoje Padre Adrien recorda que na sua juventude e adolescência muçulmana realizava disciplinadamente as suas 5 orações por dia e punha a ajuda aos mais pobres no centro da sua actividade, sempre atento às famílias mais necessitadas da sua comunidade e sua escola.

Nas orações e pregações da sua mesquita às sextas-feiras aprendeu coisas que a ele ainda lhe servem: que só a fé em Deus dá sentido à vida do homem e que Deus está na compaixão e a misericórdia.

No colégio, na adolescência, tinha companheiros de classe cristãos, que se riam dele por realizar os seus 5 momentos de oração ao dia. Mas o jovem Mamadou não se sentia especialmente ofendido: como iam entender a importância da oração, se não eram muçulmanos? pensava. Claro que eram ignorantes e estavam equivocados!

O padre Adrien com uma das religiosas
da sua missão na Zâmbia

Uma experiência mística radical
Mamadou não se fez cristão porque pensasse que o Islão que ele conhecia estivesse equivocado ou fosse mau: não era essa a sua vivência nem a da sua família nem da sua comunidade.

Mamadou fez-se cristão porque teve um encontro com Jesus Cristo.

“Uma noite, depois dos meus exercícios de taekwondo, fui para casa em bicicleta. De repente, uma voz chamou pelo meu nome, logo por cima da minha cabeça. Escutei: "Mamadou!" Levantei instintivamente os olhos. Vi como um ser humano, que vestia algo de cor branco brilhante, um brilho similar a uma luz brilhante sobre uma roupa de linho branco. Havia algo nos olhos nesta pessoa. Eu não era consciente de nada: só de mim e dela. Não me dei conta do meu movimento na bicicleta ou qualquer outro movimento ao meu redor. Tinha passado a uns cinco quilómetros da minha casa, e quando desapareceu da minha vista, vi que a minha bicicleta estava no seu lugar habitual na garagem”.

“Quem será, que significa isto?”, perguntou-se Mamadou. “Imediatamente, tratei de negar o que acabava de experimentar. Não o falei com ninguém. Dir-me-iam que estava louco. Mas a evidência era irrefutável. Porque durante duas semanas essa experiência regressou a mim: de dia e de noite. Pela noite, a presença desta pessoa era tão real, como a primeira vez, que lhe perguntei directamente: Quem és? E o que queres?” Mas não houve resposta.

Instruções muito claras
Um dia, ia pela rua junto a um companheiro de classe que era cristão, quando de novo escutei a voz que me chamava como da primeira vez: “Mamadou!” Pareceu-lhe que vinha de uma lateral, olhou para ali, e viu que num pátio havia um homem que acariciava ternamente um mendigo, ainda que não fosse ele quem tinha falado. “Não posso explicar a beleza que emanava dessa caricia”, recorda.

- Quem é esse? – perguntou ao seu amigo cristão
- É o padre Gilles.
- Porque é tão formoso esse gesto?
- Faz o que Jesus o enviou a fazer.
- Quem é Jesus?
- Fazes demasiadas perguntas!

“De repente, inesperadamente, em resposta há minha pergunta, a pessoa que me tinha chamado veio há minha mente de modo tão real que voltei a viver o nosso primeiro encontro. E a sua presença mergulhou-me num profundo silêncio. Uma vez mais, não existia nada mais que a sua presença e a minha. No meio deste silêncio a voz disse: "Serás como ele." Sentei-me em silêncio, perguntando-me que significava. Vendo que eu estava parado ali, o meu amigo voltou-se, perguntando-se que estava fazendo no meio da estrada. Eu repeti o que tinha ouvido”.

- Tenho que ser como ele - disse Mamadou assinalando o padre Gilles.
- Não podes ser como ele – disse entre risos o seu amigo. – Eles são cristãos e tu és muçulmano.
- Pois então serei cristão para ser como ele. Como se faz um cristão? – respondeu Mamadou.

Aproximaram-se do padre Gilles, falaram um pedaço com ele, e quando se foi o amigo, ficou Mamadou com o sacerdote com mais e mais perguntas.

“Quando falámos de Jesus Ressuscitado, entendi que era a pessoa que me tinha chamado. Reconheci-o da leitura dos Evangelhos e das explicações que me dava o padre Gilles”.

Uma crise na família
“Desde esse dia, comecei a seguir em segredo a catequese. Dada a minha reputação e a do meu pai e minha família na comunidade muçulmana, a minha conversão à fé cristã ver-se-ia como uma loucura inconcebível e severa. Para mim e para a minha família, seria uma confusão total. Para o meu pai era vital que o primogénito mantivesse a fé que há que transmitir aos mais jovens. Muitos deles chegaram à conclusão de que me estava tornando louco: inclusive chamavam-me “crazy”.

Chegou o momento em 1992 que se supôs que Mamadou, com 22 anos, se preparava para ser cristão. O seu pai olhou-o nos olhos, chorando. O jovem tinha que escolher entre a sua família ou a fé cristã. “Isso foi o que mais me doeu; a minha mãe suplicava-me e lutava para manter unida a família. Todos sabiam que a minha mãe era o meu ponto débil, que a quero muito. Além disso, eu entendia que se um dos meus irmãos ou irmãs tivesse estado no meu lugar, eu teria reagido exactamente como o meu pai e a minha comunidade estavam fazendo”.

Durante quase 15 anos, a sua família repudiou-o.
Mamadou, já religioso dos Padres Brancos,
visitou em 2005 o seu pai e a sua família
começou a reconciliar-se com ele
Aceitaram o seu cristianismo só em 2005, quando foi ordenado diácono nos Padres Brancos. De alguma maneira entendiam que seguia sendo um homem de Deus. E três anos depois, podendo já falar com serenidade com o seu pai, Mamadou (agora “Padre Adrien”), contou-lhe a sua experiência mística do chamado de Cristo.

- Ah! Assim que te encontraste com o profeta Isá [Jesus]… - assimilou então o seu pai.

Essa noite, puderam comer pela primeira vez juntos, do mesmo prato, como faziam sempre antes do conflito. Depois Mamadou Sawadogo, o padre Adrien, iria para a longínqua Zâmbia como missionário com os Padres Brancos.

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