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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O embaixador israelita na ONU denuncia no «Wall Street Journal» a guerra contra os cristãos

Actualizado 20 de Abril de 2014

ReL 

Ron Prosor fez uma comparação
das que despertam consciências.
Ron Prosor, embaixador de Israel junto das Nações Unidas, escreveu na passada quarta-feira um contundente artigo no The Wall Street Journal intitulado A guerra no Médio Oriente contra os cristãos, denunciando que "nações de maioria muçulmana estão fazendo aos seguidores de Jesus o que antes fizeram aos judeus".

"Esta semana os judeus celebram a Páscoa judaica, que comemora a história bíblica do Êxodo na qual se descrevem uma série de pragas que assolaram o antigo Egipto e que levaram à liberdade dos israelitas, permitindo-lhes empreender a sua marcha até à Terra Santa. Mas ao longo do século passado outro êxodo, causado por uma praga de perseguições, está arrasando o Médio Oriente e esvaziando esta região da sua população cristã. Actualmente esta perseguição é especialmente virulenta", arranca o artigo.

"O Médio Oriente talvez seja o lugar de nascimento de três religiões monoteístas, mas algumas nações árabes parecem inclinadas a que seja o cemitério de uma delas. Durante 2000 anos as comunidades cristãs espalharam-se pela região, enriquecendo o mundo árabe com a sua literatura, a sua cultura e o seu comércio. Em começos do século XX, os cristãos eram 26% da população do Médio Oriente. Hoje esta cifra é inferior a 10%. Governos intolerantes e extremistas estão afugentando as comunidades cristãs que viveram na região desde o nascimento da sua fé", afirma Prosor.

E continua:

"Nos escombros das cidades sírias de Alepo e Damasco, os cristãos que se negaram a converter-se ao islão foram sequestrados, disparados ou decapitados por soldados islamitas da oposição. No Egipto, turbas de membros dos Irmãos Muçulmanos queimaram as Igrejas Coptas como antes faziam com as sinagogas judaicas. E no Iraque, os terroristas atacam deliberadamente os fiéis cristãos: no passado Natal, 26 pessoas foram assassinadas quando uma bomba rebentou entre uma multidão de fiéis que saíam de uma igreja no bairro Dora, na zona sul de Bagdad".

"Os cristãos estão perdendo as suas vidas, liberdades, negócios e lugares de culto em todo o Médio Oriente. Não é de estranhar-se que os cristãos nativos tenham procurado refúgio nos países vizinhos nos quais, sem dúvida, muitas vezes são também mal acolhidos. Nos últimos 10 anos, quase dois terços do milhão e meio de cristãos do Iraque foram obrigados a deixar as suas casas. Muitos deles estabeleceram-se na Síria antes de voltar a ser vítimas de uma perseguição desapiedada. A população cristã da Síria diminuiu de 30% dos anos vinte a 10%, ou menos, da época actual".

"Em Janeiro, a organização sem ânimo de lucro e cristã multiconfessional Open Doors informou que dos 10 países mais opressivos contra os cristãos, nove são estados com uma maioria islâmica conhecidos pelo seu extremismo e o décimo é a Coreia do Norte. Estes regimes tirânicos apoiam leis arcaicas contra a blasfémia e a difamação da religião com o pretexto de proteger a expressão religiosa. Na realidade, estas medidas equivalem a uma repressão sistemática dos grupos não islâmicos."

"O ano passado, na Arábia Saudita, dois homens foram condenados pelo crime de converter uma mulher ao cristianismo e ajudá-la a escapar do reino islâmico. Segundo a Saudi Gazette, um dos homens, libanês, foi sentenciado a seis anos de prisão e 300 chicotadas e o outro, saudita, a dois anos de cadeia e 200 chicotadas. Estas duas sentenças são relativamente moderadas na Arábia Saudita, onde a conversão a outra religião pode castigar-se com a morte".

"O ´sistema de justiça´ em outros países islâmicos não é particularmente justo para os cidadãos árabes, mas é excepcionalmente opressivo a respeito dos cristãos. Os islamitas radicais da cidade de Raqqa, no norte da Síria, utilizam uma velha lei chamada o “pacto dhimmi para extorquir os cristãos do lugar. A comunidade tem que enfrentar-se com uma penosa escolha: ou pagar uma taxa e submeter-se a uma lista de restrições religiosas ou ´enfrentar a espada´”.

"Na República Islâmica de Irão, as expressões de dissidência política contemplam-se como actos de blasfémia. No Verão passado, três cristãos iranianos foram detidos por vender Bíblias e, julgados, foram condenados por ´crimes contra a segurança do estado´ e sentenciados a dez anos de cadeia. Tiveram bastante sorte. O regime executou dezenas de pessoas pelos denominados crimes de ´fazer a guerra contra Deus´ e ´difundir a corrupção na Terra´."

"O cenário que se está apresentando no Médio Oriente é inquietantemente familiar. No final da Segunda Guerra Mundial, pelo menos um milhão de judeus viviam nos territórios árabes. A criação de Israel em 1948 acelerou a invasão de cinco exércitos árabes. Quando estes foram incapazes de aniquilar militarmente o recém-criado Estado, os líderes árabes lançaram uma campanha de terror e expulsão que dizimou as suas antigas comunidades judaicas. Com êxito conseguiram expulsar 800.000 judeus das suas terras."

"Hoje, Israel, país que represento nas Nações Unidas, é o único país do Médio Oriente com uma população cristã em crescimento. A sua comunidade cristã aumentou de 34.000 pessoas em 1948 para 140.000 hoje, em grande medida a causa das liberdades concedidas aos cristãos."

"Desde os tribunais às aulas, desde as câmaras do Parlamento às câmaras de comércio, os cristãos israelitas são líderes em cada um dos campos e disciplinas. Salim Joubran, um israelita árabe cristão, exerce como juiz do Tribunal Supremo desde o ano 2003 e Makram Khoury é um dos actores mais conhecidos em Israel e o artista mais jovem que ganhou o Israel Prize, a nossa mais alta condecoração civil."

"O padre Gabriel Nadaf, um sacerdote grego-ortodoxo que vive em Israel, recentemente disse-me: «Os direitos humanos não são algo que se deve dar por descontado. Os cristãos em grande parte do Médio Oriente foram assassinados brutalmente e perseguidos pela sua fé, mas aqui, em Israel, estão protegidos»."

O embaixador Prosor conclui que "as nações que pisoteiam os direitos da sua gente semeiam a semente da instabilidade e a violência. As sublevações que surgiram em todo o Médio Oriente são a prova de que o Santo Graal da região é perseguir a liberdade, a democracia e a igualdade. Esperemos que esta busca dê frutos antes que seja demasiado tarde para os cristãos que permanecem na região."

Tradução do artigo de Helena Faccia Serrano.


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