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quarta-feira, 25 de junho de 2014

A fé do Capitão América

Clint Dempsey, estrela da selecção dos EUA, levanta os olhos para o céu depois de cada golo marcado. Símbolo de uma história pessoal comovente, que o levou a uma jornada de fé


Roma, 24 de Junho de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci


Copa do Mundo de 2014. No exórdio dos Estados Unidos, os fãs americanos de futebol tiveram que restringir o seu entusiasmo por apenas 31 segundos. Tanta coisa se passou entre o apito do início da partida contra o Gana e o golo marcado pelo capitão Clint Dempsey, coroamento de uns dribles em meio a um enxame de adversários.

É nada mais e nada menos do que o gol mais rápido já feito por um jogador dos EUA em uma Copa do Mundo, bem como um dos mais rápidos já vistos em um Campeonato Mundial. Um recorde que enche de orgulho Clint Dempsey, e que se soma aos já vários realizados pelo eixo da selecção de estrelas e listras. Para dizer mais, com a rede contra Gana o capitão dos Yankees se tornou o primeiro jogador americano a ter feito golos em três mundiais diferentes.

Os louros desportivos acima da cabeça e a braçadeira de capitão no braço fazem de Dempsey o jogador mais aclamado no exterior. Mas também o mais famoso e respeitado fora das fronteiras nacionais, de modo a permitir-lhe uma longa experiência na Inglaterra, onde usava a camisa das equipes londrinas do Fulham e Tottenham.

Poucos, no entanto, conhecem o papel da fé cristã na vida deste jogador. No dia 16 de Maio,  Dempsey disse em uma entrevista à revista americana Sports Spectrum: "A minha fé em Cristo é o que me dá confiança no futuro. Eu sei que, tanto atravessando tempos bons quanto atravessando tempos maus, Ele é fiel e cuida de mim".

De avós irlandeses, Clint Dempsey recebeu uma educação católica. Começou a jogar futebol com a idade de 10 anos. As qualidades desse rapazinho humilde e educado não passaram desapercebidas. Foi contratado pela Longhorns Dallas, equipa da cidade do Texas, que está a três horas de carro da casa onde cresceu com sua família, localizada na cidade de Nacogdoches.

Os pais de Clint, não necessariamente abastados, tiveram que enfrentar grandes sacrifícios para conseguirem pagar as despesas da actividade de futebol do seu filho. Depois de algum tempo, no entanto, foi o mesmo Clint que pediu, em um acesso de atípico senso do juízo de uma criança, que não queria mais ser acompanhado nos treinamentos. Privou-se da sua paixão para consentir a família concentrar os próprios esforços económicos à actividade desportiva de uma outra filha, Jennifer, com qualidades para o ténis.

Já famosa no mundo da raquete americana, a pequena Jeniffer interrompeu, porém, sua carreira antes mesmo de iniciá-la. Perdeu a vida aos dezasseis anos, devido a um aneurisma cerebral. Antes de morrer, na cama do hospital, ainda teve tempo para sussurrar ao amado irmão Clint: "Se eu morrer, você vai me ajudar a colocar a bola na rede".

Uma promessa que ele acolheu e guardou no profundo do coração. Não perdeu tempo, recomeçou a actividade do futebol e depois de alguns meses veio o telefonema de um clube mais famoso, os Dallas Texans, dispostos a reembolsar-lhe todas as despesas com tal de tê-lo na equipa. É apenas o trampolim para uma carreira cheia de satisfação, que primeiro levou-o a militar entre as fileiras do New England Revolution, na Major League Soccer (o topo da liga americana), e depois passar várias temporadas em um bom nível na Premier League inglesa.

Um caminho glorioso dedicado à memória de sua irmã Jennifer. "É por isso que eu olho para o céu quando faço um golo: para lembrá-la", disse um emocionado Clint Dempsey em 2010, ao The Guardian. "Eu jogo com o melhor de minha capacidade, e eu sou grato pelas muitas oportunidades e realizações incríveis que Ele me deu", disse à Sports Spectrum. "Através disso - concluiu - quero fazer o bem, não cometer erros, e viver uma vida agradável a Ele". Palavra do Capitão América, que vai tentar levar a selecção dos EUA para os oitavos de final. Trad.TS

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