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sábado, 28 de junho de 2014

O desejo de família nos jovens é um "sinal dos tempos"

Declarações do Secretário do Sínodo da família, Mons. Bruno Forte. 'Urge propor uma visão da família, e de sua importância para o desenvolvimento integral.


Roma, 27 de Junho de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


Nesta quarta-feira, no Vaticano, foi apresentado o ‘Instrumentum laboris’ para o novo sínodo da família que servirá para a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização' a ser realizado de 5 a 19 de Outubro desse ano.

Na conferência, ocorrida na sala de imprensa da Santa Sé, discorreram o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo, o secretário-geral do Sínodo, o Cardeal Péter Erdó, arcebispo de Estergom-Budapeste; o presidente delegado, o arcebispo de Paris, cardeal André Vingt-Trois; e o secretário especial, o arcebispo italiano Bruno Forte e dois cônjuges, o professor Francesco Miano e a professora Pina De Simone.

O Instrumentum Laborais é o resultado da pesquisa promovida pelo Documento Preparatório que incluía um questionário de 39 perguntas que "teve uma acolhida positiva e recebeu uma ampla resposta, tanto do povo de Deus como na opinião pública geral, e receberam 900 respostas individuais e 800 respostas colectivas de associações, de comunidades, explicou o cardeal Erdó.

Mons. Bruno Forte evidenciou que, embora “de um lado há uma evidência de uma situação da crise da Instituição familiar, por outro há um desejo de família claramente relevante, precisamente nas novas gerações”.

Acrescentou que os aspectos das crises estão "ligados às profundas transformações culturais que ocorrem em todos os lugares, nas últimas décadas", devido ao "abandono de crenças profundamente compartilhados no passado, como a de uma “lei natural", mas também com a "relativização do conceito de natureza, que também se reflecte no conceito de duração estável em relação ao casamento", disse o arcebispo Bruno Forte.

Soma-se o crescimento significativo no número de "casos de famílias 'estendidas', especialmente com a presença de filhos de vários casais” com a cada vez mais generalizada "auto-referencialidade da gestão dos próprios desejos e aspirações” e a consequente "privatização" da realidade familiar.

Nesse quadro, Mons. Forte disse que "muitas pessoas, especialmente os jovens, percebem o valor da relação familiar estável e duradoura, um verdadeiro e próprio desejo de matrimónio e família, nos quais ter um amor fiel e indissolúvel, que ofereça serenidade para o crescimento humano e espiritual.

Destacou que o desejo de família é “um verdadeiro sinal dos tempos, pedindo para ser aceito como uma ocasião pastoral". Diante desta situação adverte-se, de forma unânime e universal na Igreja, a urgência de "propor uma visão aberta da família, fonte de capital social. Ou seja, de virtude, essencial para a vida comum". E que, além do mais, sublinhe a importância de um desenvolvimento integral, e que mostre como a família é "fundamental para amadurecer os processos afectivos e de conhecimento que são decisivos para estruturar a pessoa”. E ao mesmo tempo um “manancial do que se obtém da consciência de ser filhos de Deus, chamados por vocação ao amor”. Portanto, é importante, segundo ele, mostrar que "o valor humanizante e socializante da família junta-se ao papel decisivo que tem para o crescimento da pessoa, na vida de fé e na sua participação activa à comunhão eclesial".

Por isso indicou que se desenha aqui, com toda sua evidência, “o carácter eminentemente pastoral que o papa Francisco quer dar à próxima assembleia sinodal”. “Não está em discussão – reiterou Mons. Forte - a doutrina da Igreja, várias vezes confirmada também nos últimos anos e em vários pronunciamentos do Magistério”.

"A reflexão que se pede – afirmou o secretário do Sínodo – é sobre as aplicações pastorais, sobre o modo de propor a doutrina, como, por exemplo, a nível de linguagem, de acompanhar a recepção e a prática”.

Acrescentou que "tudo isso não tem nada a ver com o slogan banalizante do ‘divórcio católico’, que alguns falaram sobre o que o Sínodo poderia propor". Porque "o remédio da misericórdia não está destinado a favorecer os naufrágios, mas sempre a salvar o barco no mar tempestuoso e dar aos náufragos acolhida, atenção e apoio necessário.

Por isso, advertiu que “se não se entende este fundamento”, erra-se sobre “o que o Sínodo dirá sobre a situação dos separados, divorciados, divorciados e casados novamente, das convivências, das uniões de fato ou das uniões do mesmo sexo”.

Recordou também que no âmbito da responsabilidade pastoral da Igreja impõe-se uma reflexão sobre como apoiar uma mentalidade maioritariamente aberta à vida”, porque sobre este desafio “joga-se o futuro mesmo da humanidade”:


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