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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Deputado islâmico na Itália: a Albânia foi uma mensagem de esperança

Com sua viagem, o papa demonstrou que a convivência não só é possível, mas já é real


Roma, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


Enquanto continuam vindo da Síria mensagens ameaçadoras do Estado Islâmico, o último domingo registou em Milão uma primeira reacção de residentes muçulmanos na Itália.

ZENIT entrevistou nesta terça-feira o parlamentar italiano Khalid Chaouki, membro da Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Deputados do país.

ZENIT: O papa Francisco viajou até a Albânia e demonstrou que os muçulmanos de lá são acolhedores e dialogantes. Nesta semana, em Milão, houve um pronunciamento. Como é que a violência do Estado Islâmico está sendo encarda pelos muçulmanos na Itália?
Khalid: Foi uma mensagem muito importante, de que a convivência não é só possível, mas já é uma realidade em diversas partes do mundo. Era necessária uma reacção forte na Itália, como aconteceu na Alemanha, na Inglaterra, na França e em outros países. A mensagem do papa Francisco foi um grande ensinamento. Num momento de grandes preconceitos e medos, viajar agora para a Albânia significa dar uma mensagem de esperança. E ele mostrou que existe um islão de paz, que há séculos vive e convive com as outras religiões. A Albânia, neste sentido, é um modelo a seguir.
ZENIT: A comunidade muçulmana na Itália se mostrou sempre muito integrada, não é?
Khalid: Isso pôde ser visto também na manifestação de domingo em Milão. Além disso, temos o apelo do presidente da comunidade islâmica na Itália em favor da liberdade dos sequestrados na Síria e no Iraque. E nós temos que mostrar a grande maioria desta comunidade. Quase dois milhões de muçulmanos que vivem pacificamente, que rezam em paz e que têm que ser hoje protegidos também pelos meios de informação. Não se pode generalizar! Nem confundir o terrorismo do Estado Islâmico no Iraque com a fé de milhões de muçulmanos, que tem que ser respeitada, protegida neste clima até perigoso de islamofobia que existe na Itália e, especialmente, em outros países europeus.

ZENIT: Há algum outro evento em planeamento para mostrar que esses extremistas do EI não têm nada a ver com a fé islâmica?
Khalid: Vai ser muito importante o diálogo directo com as centenas de mesquitas que existem na Itália. É importante reconhecer o papel das mesquitas, graças às quais podemos isolar esses extremistas e fundamentalistas. Por isso, é hora de construir uma relação oficial com as comunidades muçulmanas na Itália, onde há um empenho conjunto de se construir um diálogo institucional e um reconhecimento institucional desta comunidade, e também para que as mesquitas possam ficar à luz do sol, isolando esses grupos. Sem isto, corremos o risco de um crescimento nos porões, na clandestinidade, quando, na verdade, a grande maioria dos imãs e das mesquitas prega uma mensagem de paz, como já vimos.

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