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sábado, 20 de setembro de 2014

Por que temos medo da nossa ressurreição?

Meditando sobre a Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa Francisco, em Santa Marta, identifica uma "resistência à identidade cristã"


Roma, 19 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio


A ressurreição é a verdadeira realização da vida cristã, mas não é um conceito óbvio, nem fácil de aceitar. Confirmam as pregações de São Paulo, comprometido a fazer uma "correcção difícil" sobre esta questão com a comunidade de Corinto (1 Cor 15,12-68).

Durante a homilia desta manhã em Santa Marta, meditando sobre o fundamento da epístola paulina, o Papa Francisco explicou o verdadeiro objecto da controvérsia: os corintos acreditam, sim, na ressurreição de Cristo, mas tinham dúvidas sobre a própria ressurreição: "Eles – disse Francisco – pensavam de outra forma: sim, os mortos são justificados, não irão para o inferno - muito bonito! - mas irão um pouco no cosmos, no ar, ali, a alma diante de Deus, somente a alma”.

Também São Pedro e Santa Maria Madalena tiveram dúvidas; Pedro achava que o corpo do Mestre havia sido "roubado" do Sepulcro. No final, “eles aceitaram a ressurreição porque O viram”.

A ressurreição, portanto, é um "escândalo", em especial, para os sábios e filósofos de Atenas. “Há resistência à transformação, a resistência para que a obra do Espírito que recebemos no Baptismo nos transforme até o final, à Ressurreição”, destacou o Papa.

Falando sobre isso, também nós contemporâneos costumamos dizer: "eu quero ir para o Céu, não quero ir para o inferno. 'Mas é bem mais difícil dizer: “Eu ressuscitarei como Cristo’”. Conceito “difícil de entender”; é mais fácil – disse o Papa - pensar em um panteísmo cósmico”.

Com a Ressurreição, ele continuou, "nosso corpo será transformado", mas a "resistência à transformação do nosso corpo", revoca "resistência à identidade cristã". Este medo chega a ser maior do que o “pavor do Maligno do Apocalipse, do Anticristo”(...) “da voz do Arcanjo ou do som da tromba”. Mas pavor de nossa ressurreição: “todos seremos transformados. Será o fim de nosso percurso cristão, essa transformação”.

A tentação de não crer na ressurreição dos mortos, continuou o Papa, nasceu nos "primeiros dias da Igreja". Paulo, a fim de consolar e encorajar os tessalonicenses, disse: "No fim, estaremos com Ele". (Cf.Ts 1,14).

A Ressurreição significa "estar com o Senhor [...] com o nosso corpo e nossa alma"; começa aqui, se "caminhamos com o Senhor". Se estivermos habituados a estar com Ele "este pavor da transformação do nosso corpo se afasta", disse Francisco.

O momento da Ressurreição "será como um despertar", onde poderemos ver o Senhor "não espiritualmente", mas “com o meu corpo" e com os “meus olhos transformados".

Por sua vez, a "identidade cristã" não termina com um "triunfo temporal" ou com uma "bela missão", mas "com a Ressurreição de nossos corpos."

Por fim nos "saciarmos com a visão do Senhor". Toda a nossa vida é chamada a estar com o Senhor, para finalmente "depois da voz do arcanjo, depois do som da trombeta, permanecer com o Senhor”, concluiu o Papa Francisco.

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