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sábado, 29 de novembro de 2014

Francisco pede para a Turquia colaborar para a paz

Em seu discurso para as autoridades políticas, o Papa espera que de Ancara possa começar um caminho virtuoso para reverter a conflitualidade que envolve todo o Oriente Médio


Roma, 28 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio


Uma terra rica de "belezas naturais e de história”, cheia de "vestígios de civilizações antigas e ponte natural entre dois continentes e entre as diferentes expressões culturais", mas especialmente "cara a todo cristão por ter sido o berço de São Paulo”. Com estas palavras, o Papa Francisco começou o seu discurso às autoridades políticas turcas, no Palácio Presidencial de Ancara.

A Turquia, disse o Papa, é a terra que tem "hospedado os primeiros sete Concílios da Igreja" e que, em Éfeso, guarda a "casa de Maria", ou seja, o lugar onde “a Mãe de Jesus viveu por alguns anos, meta da devoção de tantos peregrinos de todas as partes do mundo, não só cristãos, mas também muçulmanos”.

A grandeza da nação turca, no entanto, não deve ser procurada “apenas em seu passado”, mas pode ser encontrada também “na vitalidade do seu presente, na laboriosidade e generosidade do seu povo, no seu papel concerto das nações".
Na linha do "diálogo de amizade, de estima e de respeito" empreendido pelos seus antecessores – o beato Paulo VI, São João Paulo II, Bento XVI e São João XXIII, que antes de se tornar papa foi delegado apostólico na Turquia – Francisco salientou a necessidade de que se continue nesta linha de “discernimento” das “muitas coisas que nos unem” e, ao mesmo tempo, “de considerar com um espírito sábio e sereno as diferenças, para poder também aprender delas”.

Objectivo comum deverá ser a construção de "uma paz sólida, baseada no respeito dos fundamentais direitos e obrigações relacionadas com a dignidade do homem". Muçulmanos, judeus e cristãos, acrescentou, devem gozar de "direitos iguais" e respeitar os "mesmos deveres".

Através da liberdade religiosa e de expressão, será possível chegar àquela paz que “o Oriente Médio, a Europa, o mundo esperam florescimento”, destacou o pontífice.

"Não podemos nos resignar com a continuação dos conflitos - continuou - como se não fosse possível mudar a situação para melhor! Com a ajuda de Deus, podemos e devemos sempre renovar a coragem pela paz!".

Dirigindo-se ao presidente da República turca, o Papa sublinhou a necessidade urgente de "banir todas as formas de fundamentalismo e de terrorismo, que gravemente humilham a dignidade de todas as pessoas e instrumentaliza a religião".

Ao "fanatismo", ao "fundamentalismo" e às "fobias irracionais" deve-se contrapor a “solidariedade de todos os crentes” tendo como pilares “o respeito pela vida humana, pela liberdade religiosa, que é liberdade do culto e liberdade de viver de acordo com a ética religiosa, o esforço para garantir a todos o necessário para uma vida digna, e o cuidado do ambiente natural”.

A necessidade de "virar o jogo" dos conflitos diz respeito a todo o Oriente Médio, especialmente a Síria e o Iraque”, onde “a violência terrorista continua inabalável", com a" violação das mais básicas leis humanitárias contra prisioneiros e inteiros grupos étnicos” e com as “sérias perseguições aos grupos minoritários", particularmente “cristãos e yazidis”.

O Santo Padre sublinhou novamente a generosidade da Turquia ao acolher "um grande número de refugiados", em frente do qual "a comunidade internacional tem a obrigação moral de ajudar".

Reiterando que "é permitido parar o agressor injusto, mas sempre em conformidade com o direito internacional", Francisco também mencionou que "não se pode confiar a resolução do problema só na resposta militar".

Por causa de sua "história" e de sua "localização geográfica", a Turquia tem uma "grande responsabilidade", portanto, "as suas escolhas e o seu exemplo tem um significado especial e pode ser de grande ajuda no sentido de facilitar um encontro de civilização e no identificar formas práticas de paz e de progresso genuíno", concluiu o Papa.

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