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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Homilia do papa na Casa Santa Marta: Quando erramos, Deus corrige a história

O Santo Padre nos lembra que nosso Senhor nos salva e caminha com seu povo


Cidade do Vaticano, 18 de Dezembro de 2014 (Zenit.org)


A história de Deus connosco é sempre história de salvação e devemos confiar nele mesmo nos momentos escuros, quando não entendemos, disse o papa Francisco na homilia desta manhã na Casa Santa Marta.

“Deus quis nos salvar na história”; a nossa salvação “não é uma salvação asséptica, de laboratório”. Deus “trilhou um caminho na história com seu povo” e por isso “não há uma salvação sem história. E para chegarmos ao ponto de hoje, houve uma história longa, uma história muito longa”, afirmou Francisco.

E prosseguiu: “Deus faz a história e nós também fazemos a história. E quando erramos, Deus corrige a história e nos leva adiante, para frente, sempre caminhando connosco”. Se não entendermos isto, nunca entenderemos o Natal, nunca entenderemos a Encarnação do Verbo, completou o pontífice, acrescentando: “Tudo é uma história que caminha. Mas essa história não terminou com o Natal? Não! Ainda hoje, nosso Senhor nos salva na história. E caminha com o seu povo”.

O papa recordou que, desta história, participam os eleitos de Deus, as pessoas que Ele escolhe para ajudar o seu povo a ir em frente, como Abraão, Moisés, Elias. Para eles “há alguns momentos difíceis”, “momentos escuros, momentos incómodos, momentos que perturbam”, observou o papa. Eles são pessoas que talvez quisessem viver tranquilas, mas “nosso Senhor ‘incomoda’. Ele nos incomoda para fazer a história! Ele nos faz seguir, muitas vezes, caminhos que não queremos”.

Francisco recordou ainda que o Evangelho do dia fala “de outro momento difícil da história da salvação”, no qual José descobre que a sua prometida, Maria, está grávida. O pontífice explicou que “José sofre, vê as mulheres do povoado cochichando no mercado; ele sofre. ‘Mas ela é boa, eu a conheço! É uma mulher de Deus. Mas o que foi que ela me fez? Não é possível!’. Se ele a acusar, ela será apedrejada. Mas ele não quer, mesmo não entendendo. Ele sabe que Maria é incapaz de ser infiel [...] Nesses momentos difíceis, os escolhidos de Deus para fazer a história têm que carregar o problema nas costas, mesmo sem entender [...] Assim, nosso Senhor faz a história”.

“E José, no momento mais difícil da sua vida, no momento mais escuro, assume aquele problema. E acusa a si mesmo aos olhos dos outros para proteger a sua esposa”. Talvez, observou o papa, algum psicanalista diga que este sonho é o condensado da angústia, que é José procurando uma saída… Mas o que José fez depois do sonho, lembrou o papa, foi assumir a sua esposa, como quem diz: “Não entendo nada, mas Deus me disse isto e este bebé será meu filho”.

“Fazer história com o seu povo significa, para Deus, caminhar e pôr à prova os seus eleitos”. Mas no final Ele os salva: “Lembremos sempre, com confiança, mesmo nos momentos mais difíceis, nos momentos de enfermidade, quando nos damos conta de que temos que pedir a extrema unção porque não há mais saída, de dizer: ‘Senhor, a história não começou comigo nem terminará comigo! Segue em frente, eu estou disposto’. E assim, nos colocamos nas mãos do Senhor”.

Em seguida, o papa perguntou o que os eleitos de Deus nos ensinam. E respondeu: “Que Deus caminha connosco, que Deus faz história, que Deus nos prova, que Deus nos salva nos momentos mais difíceis, porque Deus é nosso Pai. E, segundo São Paulo, Ele é o nosso ‘Papai’”.

Para terminar a homilia, o pontífice pediu que “nosso Senhor nos ajude a entender este mistério do seu caminhar com o seu povo na história, da sua provação dos escolhidos, que assumem as dores, os problemas e a aparência dos pecadores, como Jesus, para levar a história em frente”.

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