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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Jovem kamikaze sírio salva-se do inferno do Estado Islâmico

Sua única possibilidade de escapar: tornar-se voluntário para um ataque suicida


Roma, 30 de Dezembro de 2014 (Zenit.org)


Um adolescente se dirigiu até a entrada de uma mesquita xiita em Bagdade, abriu o zíper da jaqueta, deixou à mostra um cinto de explosivos e se entregou aos guardas.

"Estou usando uma jaqueta suicida, mas não quero me imolar". Para o jovem sírio, apresentar-se como voluntário para um ataque suicida foi a única possibilidade de escapar do grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Usaid Barho, de 14 anos, entrou no grupo terrorista por vontade própria e porque "acreditava no islão", conforme o próprio adolescente disse ao ser entrevistado pelo jornal New York Times. Ele foi recrutado pelos extremistas do Estado Islâmico numa mesquita da sua cidade natal, Manbij, perto de Aleppo. O jovem afirma que sofreu uma lavagem cerebral e foi convencido de que tinha que matar os xiitas porque eles eram infiéis e estupravam as mulheres sunitas.

Certa manhã, em vez de ir à escola, Usaid fugiu. Os radicais sunitas o levaram para um campo de treinamento no deserto, onde os milicianos do Estado Islâmico lhe deram alguma formação militar. Não tardou a ser enviado para o Iraque, mas a essa altura já tinha percebido que a sua decisão de combater pelo “Califado” tinha sido um erro. "As coisas que eu vi não tinham nada a ver com o islão", explica o jovem.

Os radicais castigavam cruelmente os civis surpreendidos fumando, mas, no campo, havia combatentes que também fumavam. Usaid também se chocou porque os jihadistas “estão matando muita gente inocente”.

Durante um mês, o adolescente foi treinado para usar espingardas e lutar. Depois, teve que decidir se queria ser um kamikaze ou ir para o fronte. Foi quando surgiu a ideia de se voluntariar para um atentado suicida em Bagdade e, uma vez na capital iraquiana, entregar-se às autoridades e poder voltar para a sua família, na Síria.

Usaid está preso em um lugar secreto e deve permanecer no Iraque para colaborar com a investigação. Os oficiais de inteligência lhe prometeram devolvê-lo aos pais e tentar impedir que ele seja levado a julgamento, já que a sua decisão de entregar-se "salvou vidas humanas".



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