Páginas

sexta-feira, 24 de abril de 2015

12 de Maio - 1ª Missa em honra do Beato Álvaro del Portillo


O que terá levado uma multidão de mais de 200 mil pessoas, de cor, idade e cultura variada, provenientes de 79 países e 5 continentes, a reunirem-se no Bairro de Valdebebas, nos arredores de Madrid, no fim-de-semana de 27 de Setembro último?

Muitos se perguntavam sobre o porquê de tanta gente e havia até, entre agentes de viagens, quem julgasse tratar-se de um mega-concerto de algum cantor ou banda famosa. Mas estavam enganados! Tratava-se sim, da cerimónia de Beatificação de D. Alvaro del Portillo, primeiro Prelado do Opus Dei. Por isso se juntava uma multidão de pessoas, que queriam estar presentes, e em família, acompanhar, ver e manifestar a sua gratidão numa ocasião inolvidável e tão marcante de justíssimo agradecimento a D. Alvaro del Portillo. E não só pelo completo desvelo com que promoveu muitas obras de carácter social, educativo e solidário em África, Ásia, América do Sul e Europa, mas também por todo o impulso apostólico que incansavelmente deu durante toda a sua vida, numa total identificação com a mensagem do Opus Dei.

Com efeito, para muitos ali presentes, que não conheceram, em vida S. Josemaria, o Fundador do Opus Dei, foi D. Alvaro o rosto afável, bondoso, sorridente, sereno e simples que nos deu a conhecer, melhor que ninguém, o carisma de S. Josemaria, e fielmente espelhou a radicalidade da mensagem de santificação dos leigos no meio do mundo, na sua vida corrente. 

Filho de uma mexicana, D. Clementina  Diez de Sollano,  e de um espanhol, Ramón del Portillo y Pardo, D. Alvaro nasceu em 11 de Março de 1914, e foi o terceiro de oito irmãos. Estudou Engenharia Civil, trabalhou e continuou a estudar, simultaneamente, História, tendo feito um primeiro doutoramento em Letras.

Em 1935 entrou para o Opus Dei. Fez grande apostolado entre colegas de trabalho e de estudo, e em  25 Junho de 1944 viria a ser ordenado sacerdote pelo Bispo de Madrid, D. Leopoldo Eijo y Garay, sendo um dos 3 primeiros sacerdotes do Opus Dei.

Em 1946 foi trabalhar para Roma, no meio de grandes dificuldades e adversidades de todo o tipo, aí procurando explicar o espírito do Opus Dei e divulgar a mensagem da santificação do trabalho e das realidades da vida quotidiana, obtendo entretanto, as primeiras aprovações jurídicas da Santa Sé. No decurso do tempo, veio a ser chamado pelos vários Papas, para desempenhar vários cargos em comissões conciliares, tendo sido responsável por grande número de reflexões sobre o papel dos leigos na Igreja. Promoveu múltiplas actividades de formação cristã, dentro e fora de Itália e Europa, e atendeu inúmeras pessoas enquanto sacerdote, até 25 Junho 1975, data do falecimento de S. Josemaria Escrivá, de quem foi o mais fiel seguidor e primeiro sucessor.

Em 28 Novembro de 1982 foi nomeado Prelado do Opus Dei pelo Papa S. João Paulo II, que em Janeiro de 1991 lhe conferiu a ordenação episcopal na Basílica de S. Pedro. A partir de então e ao longo de 20 anos, D. Álvaro promoveu o início e incremento das actividades formativas da Obra em 20 novos países, incluindo no continente africano e asiático.Também esteve em Portugal em várias ocasiões, para vir rezar a Fátima, numa das suas peregrinações a santuários marianos, como tantas vezes fez com o próprio S. Josemaria, não perdendo a oportunidade para estar com membros do Opus Dei, familiares, amigos, cooperadores e simples curiosos, para os animar na Fé e na Esperança e lhes falar em “santificação pessoal ” e de Apostolado, como “sobreabundância de vida interior”.

Quando D. Alvaro faleceu, inesperadamente, a 23 de Março de 1994, poucas horas depois do seu regresso da Terra Santa, onde ainda celebrou a Santa Missa no Cenáculo, o próprio Papa S. João Paulo II quis ir rezar no local onde estava a ser velado.

Até à sua morte, podemos dizer que D. Álvaro foi aquilo que na linguagem tão sugestiva do Papa Francisco, na sua recente Exortação Apostólica “ A Alegria do Evangelho”, intitula, de “pessoas - cântaro”. Com efeito, ele percorreu incansavelmente, os caminhos da terra - cidades e campos, “desertos” e “periferias”- em busca dos sedentos de Deus, dos inquietos, dos adormecidos e de tanta gente sem um sentido para a vida, para a todos dar de beber da Boa Nova – Evangelho – da Salvação, animando jovens e velhos, homens e mulheres, solteiros, viúvos e casados, a viverem intensamente a sua vocação à santidade, com alegria e desejo de comunicar essa mesma alegria, com o espírito de missão de uma Igreja em modo de “saída”, a tantos outros que connosco se cruzam nas estradas da vida.

Este ano, a 12 de Maio, como é habitual, verificar-se-á por certo, mais uma enchente de peregrinos nacionais e estrangeiros em Fátima, por ser véspera de 13 de Maio, data das aparições de Nossa Senhora a três humildes pastorinhos.

Este ano porém, para além da festa Mariana, em muitas partes do mundo e nos cinco continentes, haverá pela primeira vez uma Missa em honra do Beato Álvaro del Portillo, cuja Memória será celebrada nesse dia, conforme ficou estabelecido em 27 de Setembro de 2014, durante o rito de Beatificação e por autorização da Congregação para o Culto Divino. E será mais um grande motivo de alegria e de acção de Graças em toda a Igreja.
 

Fátima Fonseca - Professora

Sem comentários:

Enviar um comentário