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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Vaticano: hoje há mais espaço para o diálogo com os muçulmanos

O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso recorda que a maioria dos seguidores do Islão não se reconhecem na barbárie que estamos assistindo


Roma, 22 de Abril de 2015 (Zenit.org)


"Os acontecimentos dos últimos tempos fazem com que muitos nos perguntem: ainda há espaço para o diálogo com os muçulmanos? A resposta é: sim, mais do que nunca”. Com esta declaração forte começa o comunicado do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso publicado nesta quarta-feira, no qual se recorda que a grande maioria dos muçulmanos não são reconhecidos nas barbáries que estamos assistindo.

Dessa forma, o departamento vaticano destaca que, infelizmente, hoje em dia a palavra “religião” se associa frequentemente à palavra “violência”. Em vez disso – afirma – os crentes devem demonstra que as religiões estão chamadas a ser portadoras de paz e não de violência.

"Matar, invocando uma religião, não é apenas uma ofensa a Deus, mas também uma derrota para a humanidade", disse o comunicado.

Por outro lado, recordam que no dia 9 de Janeiro de 2006 o Papa Bento XVI, dirigindo-se ao Corpo Diplomático e falando sobre o perigo do choque de civilizações e, em particular, do terrorismo organizado, disse que "nenhuma circunstância pode justificar tal actividade criminosa, que enche de infâmia quem a realiza e que é muito mais deplorável quando se apoia em uma religião, rebaixando assim a pura verdade de Deus à medida da própria cegueira e perversão moral”.

Em seguida, o Pontifício Conselho lamenta que nos últimos dias "assistimos a uma radicalização do discurso comunitário e religioso, que traz consigo o risco de um aumento do ódio, da violência, do terrorismo e da crescente e banal estigmatização dos muçulmanos e da sua religião".

Por isso, se sentem chamados a “fortalecer a fraternidade e o diálogo. Os que crêem são uma formidável força de paz, se acreditamos que o homem foi criado por Deus e que a humanidade é uma só família e mais ainda, se consideramos, como cristãos, que Deus é Amor”.

Continuar dialogando – continua o texto – até mesmo quando se experimenta a perseguição, pode tornar-se um sinal de esperança. “Não é que os crentes queiram impor a sua visão da pessoa e da história, mas propor o respeito pelas diferenças, a liberdade de pensamento e de religião, a protecção da dignidade humana e o amor à verdade”, continua a nota.

Da mesma forma, afirma que "devemos ter a coragem de repensar a qualidade da vida familiar, os métodos de ensino da religião e da história, o conteúdo dos sermões em nossos lugares de culto. Especialmente a família e a escola são as chaves para que o mundo do futuro se baseie no respeito mútuo e na fraternidade”.

Para concluir sua mensagem, o dicastério para o Diálogo Inter-religioso cita as palavras que o Papa Francisco pronunciou em Ankara, em Novembro passado: "A violência que procura uma justificativa religiosa merece a mais forte condenação, porque o Todo-Poderoso é Deus da vida e da paz. O mundo espera de todos aqueles que dizem adorá-lo que sejam homens e mulheres de paz, capazes de viver como irmãos e irmãs, apesar da diversidade étnica, religiosa, cultural ou ideológica”.

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