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domingo, 27 de setembro de 2015

Sementes de Evangelho – Ano C

Secretariado Nacional de Liturgia

Nova publicação
Sementes de Evangelho – Ano C


Formato: 148X210mm
Nº páginas: 200
Preço: 8,00€
ISBN 978-989-8293-76-3

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Apresentação

Temos a imensa alegria de apresentar o livro “Sementes de Evangelho”, uma colectânea de textos publicados semanalmente no Jornal Diocesano Mensageiro de Bragança, com propostas de leitura orante do Evangelho de cada Domingo. O presente volume refere-se ao ciclo litúrgico do ano C, depois de terem sido já publicados, nos anos anteriores, os referentes aos ciclos A e B.

Renovamos a profunda gratidão à equipa destas páginas de união: ao Mons. José Caldas, às Irmãs Maria José e Conceição Borges das Servas Franciscanas Reparadoras, à Irene Rodrigues e à Tânia Pires.

Uma expressão paulina no livro dos Actos dos Apóstolos: «Confio-vos a Deus e à Palavra da sua graça», ilustra bem como a Igreja é confiada à Palavra de Deus e não a Palavra à Igreja. É necessário que a Palavra seja “mais viva e mais eficaz”, e que se torne “a língua materna da nova evangelização”, como preconiza o Papa Francisco. Dentro do grande horizonte de tornar a Palavra de Deus mais presente na vida das pessoas, a par da Eucaristia, dos sacramentos, da piedade popular e de tudo que já na Igreja se faz, a reflexão, o estudo e a lectio divina da mesma são fundamentais para a tornar visível no anúncio e no testemunho dos crentes. Deixando-nos educar pela pedagogia da Palavra, percebemos como ela cuida da nossa vocação à santidade. De facto, a santidade da Palavra ilumina os passos da Igreja peregrina e, sem dúvida que esta publicação, com propostas reflexivas e celebrativas, muito nos poderá ajudar neste caminho.

Não deixa de ser significativo que este próximo ano pastoral, que o Papa Francisco proclamou como o ano da misericórdia, coincida com a leitura do Evangelho de S. Lucas, aos Domingos, Evangelho tão ilustrativo deste traço fisionómico do coração de Deus.

É também S. Lucas que nos apresenta um Jesus a caminho, que se faz peregrino connosco. Ele é o companheiro amigo da humanidade, como o ícone de Emaús o testemunha (Lc 24, 13-35) e tão bem representado com arte e beleza nos mosaicos do baptistério da Catedral de Bragança. Dois dos seus discípulos caminham amargurados e desiludidos. Abandonam Jerusalém e com ela, deixam os sonhos e as esperanças. Com o coração ferido são incapazes de acolher a alegria transbordante da Páscoa. Como nos sentimos identificados com estes discípulos, em tantos momentos, na travessia da nossa existência terrena! Enquanto caminham um ilustre desconhecido peregrino junta-se a eles. Quando tudo parece fracassar, Jesus faz-se companheiro de viagem, acolhendo as confidências, na partilha da vida, da palavra das Escrituras e na fracção do pão. Também nós somos peregrinos. Mas ser apenas peregrino (per – agrum), caminhar pelo campo da vida, ou ser peregrino com Cristo, acolher Cristo e ser acolhedor como Ele, faz toda a diferença!

Esta liturgia a caminho, é emblemática na vida da Igreja. De facto a Liturgia, é lugar da relação com Cristo, na escuta da Palavra, na experiência do mistério e na visão esperançosa da sua Glória.

A Constituição Conciliar Dei Verbum coloca a escuta da Palavra de Deus num patamar de veneração semelhante ao da Eucaristia: «A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o Pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus, quer da do Corpo de Cristo» (DV, 21).

O Ano Litúrgico, nas suas sucessões e ritmos próprios tem na Palavra de Deus o seu grande suporte, sobretudo o Evangelho de cada Domingo. Esta vivência, contínua e constante, ajuda-nos a imergir no Hoje da salvação. Auguro pois que este Pão da Palavra escutada, acolhida, meditada e vivida possa nutrir a nossa esperança, possa fortalecer a ousadia da fé, possa entusiasmar a alegria de sermos de Cristo e credibilizar o nosso testemunho como seus discípulos missionários.

+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda


Introdução

Caros amigos e caras amigas, depois da publicação dos volumes “Sementes de Evangelho” referentes aos anos A e B, faltava esta peça no mosaico das reflexões sobre os Evangelhos de Domingo, que agora temos a alegria de vos oferecer, para completar o conjunto.

Trata-se da boa notícia que é Jesus, narrada e escrita no Evangelho, que este ano especialmente percorreremos na companhia de S. Lucas. Este Evangelho é aquele onde mais ressalta a alegria. Desde o princípio, por onde passa, a Palavra de Deus deixa um rasto de alegria. O próprio Jesus nasce no seio de Maria depois do acolhimento da Palavra. A Palavra vai crescendo com os discípulos na caminhada da Galileia até Jerusalém e no coração dos dois companheiros que demandam Emaús. A Palavra floresce em alegria, na Igreja que cresce e expande peregrina sob a força do Espírito Santo.

O Evangelho segundo Lucas tem imediato seguimento com o Livro dos Actos dos Apóstolos, e aqui o cenáculo torna-se o ícone do ventre de Maria que, no silêncio da oração, a sombra do Espírito volta a fecundar para gerar o novo povo do Senhor.

Este Evangelho apresenta-nos a oração como louvor, nas palavras que Deus colocou na boca de um anjo e de uma mulher: a Gabriel no dia da anunciação, quando Maria estupefacta acolhe Deus em sim; e a Isabel, no dia da visita alegre de Maria, quando ambas começam a exultar a melodia de Deus. Será o próprio Jesus a entoar o louvor e a relação com o Pai. Como Ele também o discípulo vive de Deus. A obra de Lucas revela-nos assim que ele não é um escritor, mas é uma testemunha imersa na aventura da história que o implicou e transfigurou.

Considerado o Evangelista da ternura e da misericórdia, Lucas deixa-nos a nota destes traços bem patente nas deliciosas parábolas da misericórdia e nos gestos de Jesus para com os pobres, os simples, os pequeninos e os pecadores. Lucas encoraja-nos a tudo esperar de Deus, não obstante o nosso pecado e miséria, teima em dizer-nos, de forma tão eloquente e tão bela, que o Pai do Céu nunca desiste de nós.

Lucas, o “querido médico” (Cl 4, 14), escreve com rigor histórico (Cfr. Lc 1, 3) nunca perde de vista a fé, preocupa-se com a régua da cronologia sem descurar a beleza do conjunto, tem em atenção a inteligibilidade das narrações sem ofuscar o milagre e a surpresa de Deus. Lucas é um homem de sensibilidade ímpar, capaz de vislumbrar a grandeza de Jesus a partir da humildade de uma mulher insignificante de Nazaré, capaz de capturar luminosas descrições e passagens únicas bordadas de delicadeza. Graças a este homem, da atenção e do detalhe, podemos deliciar-nos com todo o enredo narrativo da infância de Jesus, a relíquia do sim de Maria, os cânticos do Magnificat e do Benedictus, repletos de harmonia poética, a melodia anunciadora dos anjos e as intuições dos pobres e dos simples, quando o silêncio, coberto pela sombra do Espírito, se torna a fecundidade apta para a Palavra florescer.

A vasta cultura também judaica, mas sobretudo helenística, fazem de Lucas não apenas um catequista brilhante mas um portentoso interlocutor de diversas culturas, convidando ao encontro. Com ele sentimos que o Evangelho não é apenas dirigido a um grupo restrito, mas que se destina a abraçar o mundo e assim nos convida a não ficarmos parados à beira do lago da Galileia ou encerrados numa sala gradeada pelo medo.

Hoje, Lucas continua a dirigir-se a nós “Teófilos”, amigos de Deus, “servidores da Palavra” que a escavamos, que a escrevemos, que a lemos e meditamos, no silêncio da oração, até que ela se torne misericórdia de Deus em acto, manancial de alegria, fluente nos nossos gestos e palavras, no todo da nossa vida.

Amigos e amigas, no ano da misericórdia será fascinante continuar a percorrer convosco esta aventura.

Mons. José Fernando Caldas Esteves
Ir. Maria da Conceição Afonso Borges
Ir. Maria José Diegues de Oliveira



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