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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sínodo 2015: Participantes apontam para final conciliador

Bispo belga diz que assembleia pode ajudar mudar imagem de uma Igreja «julgadora» para uma Igreja que acompanha e integra

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano. Foto de Ricardo Perna/Família Cristã

Cidade do Vaticano, 23 out 2015 (Ecclesia) – O relatório final do Sínodo dos Bispos, que vai ser votado este sábado, é visto como um documento conciliador que congrega as várias visões da assembleia para as apresentar ao Papa, propondo uma nova relação Igreja-Família.

Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, foram feitas 1355 propostas de alteração ao instrumento de trabalho, ao longo de três semanas de encontro, num esforço que foi recebido com “satisfação” pela assembleia.

O responsável disse em conferência de imprensa que as reações gerais em relação ao texto proposto vão no sentido de o considerar “muito satisfatório” e mais “organizado”.

O cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (Santa Sé), disse aos jornalistas que faltam “pequenos detalhes” para que o documento, com votação marcada para a tarde de sábado, seja algo com que “todos possam concordar”.

D. Luc Van Looy, bispo de Gent (Bélgica), falou num Sínodo “pastoral”, que se preocupou com as famílias a partir de três palavras-chave: “Escuta, acompanhamento e integração”.

“Se a Igreja fosse isto, o Sínodo, teríamos o fim do julgar as pessoas, de uma Igreja que julga em todas as situações, antes uma Igreja acolhe, que caminha com, que escuta, que fala com clareza” e com “ternura” sobre todas as situações da família, precisou.

“Poderia ser o início de uma nova Igreja”, prosseguiu.

O cardeal Peter Turkson falou de um “Sínodo emblemático” da vida da Igreja e considerou natural que haja “pontos de vista diferentes” quando se discute “uma instituição humana básica”, que é a família.

O prelado ganês rejeitou, por outro lado, que a homossexualidade seja vista como um “tabu” pelos prelados africanos, face ao que acontece em países islâmicos ou na Rússia.

A esse respeito, pediu “tempo de crescimento” para os países que têm “dificuldade” na compreensão desta realidade, sublinhando que entre 1971 e 1975 estudou nos EUA, numa altura em que os livros de psicologia apresentavam a homossexualidade como uma “anormalidade”, algo que mudou.

“Encorajamos os nossos a não criminalizar este fenómeno e pedimos aos outros que não vitimem as pessoas que têm problemas com esta situação”, prosseguiu.
O cardeal Cyprien Lacroix, arcebispo do Quebeque (Canadá), elogiou por sua vez a experiência de universalidade, de “escutar todos”, com partilha de testemunhos das várias famílias no Sínodo.

“Volto a casa com muito mais esperança do quando cheguei”, confessou.

O cardeal canadiano rejeitou a ideia de “receitas milagrosas” para todos os problemas, sublinhando a importância do “acompanhamento” das famílias pela Igreja.

No dia em que foi anunciado que o Sínodo dos Bispos vai aprovar uma declaração sobre as famílias do Médio Oriente, D. Luc Van Looy mostrou-se preocupado com os refugiados e deslocados que chegam à sua diocese, recordando ainda “as famílias que estão nos campos de refugiados”.

“Como se vive a vida familiar nestas situações?”, questionou.

OC


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