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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

São Domingo de Silos

O nome deste grande monge espanhol está ligado a um dos mais famosos mosteiros beneditinos que ainda conserva o esplendor que ele lhe conferiu


O início do século XI trouxe a este mundo outro grande monge da Igreja. Seu nome está associado a uma das abadias mais conhecidas não só na Espanha mas no resto do mundo: Silos.

Nasceu no ano 1000 em Cañas, La Rioja, Espanha, então integrado ao reino de Navarra, em uma família tradicional enraizada na cidade, mas sem bens materiais significativos. Os biógrafos enfatizam a fé do pai; não a da mãe. Foi uma criança sensível, inteligente e madura que com pouca idade ansiava absorver o amor divino. Ele participava com imenso fervor da liturgia e nutria a ideia de consagrar sua vida. Mas na adolescência teve que parar de estudar para trabalhar como pastor. Enquanto cuidava do gado, elevava seu espírito a Deus em oração e exercitava a sua caridade para com os pobres e peregrinos que passavam pelo caminho de Santiago de Compostela. Deus abençoou suas atitudes generosas com extraordinários prodígios.

Empenhou-se no pastoreio por quatro anos. Então, controlada a economia doméstica, com a permissão de seus pais, começou a encontrar o pároco para receber formação que, mais tarde, seria de grande ajuda na sua vida sacerdotal. Terminados seus estudos eclesiásticos, ainda com 26 anos, o bispo de Najera, Don Sancho, o ordenou sacerdote porque certamente suas sublimes virtudes já ecoavam em muitos lugares. Depois de difundir o evangelho pregado com ardor, e de confortar e ajudar os doentes e necessitados, ele buscou abrigo para seus desejos contemplativos e escolheu como lar lugares inóspitos, onde a pegada humana não se fixaria.

Ele partiu sem o conhecimento dos seus pais. Sua bagagem consistia em textos sobre temas religiosos. Durante um ano e meio viveu experiências que nunca confidenciou a ninguém, mas que marcaram profundamente o seu espírito. Foi um grande asceta, dado à penitência e à mortificação; travou difíceis batalhas contra as tendências que surgiam de seu interior e também externas, as quais acentuaram sua união mística com Deus.

Depois de passar por este deserto, em 1030 ele foi parar no mosteiro beneditino de San Millan de La Cogolla (La Rioja) acredita-se que para buscar uma maior perfeição espiritual, vinculada pelo voto de obediência. O ora et labora regra outorgada por Bento permeava seus dias, formando nele uma consciência. O códice de San Millán era uma das principais obras que consultava, por ele se familiarizou com os textos conciliares. Foi estudioso do monge Esmaragdo, companheiro de São Bento e autor de sua biografia. Exemplar na vivência do carisma beneditino, Domingo foi nomeado "mestre dos jovens" e as vocações nascentes tinham nele um testemunho vivo de amor a Cristo e à sua Igreja. Exercitou a prudência, a caridade, a humildade e a obediência entre outras virtudes, que suscitaram a estima da maioria dos seus irmãos. Alguns o invejavam e faziam comentários maldosos que questionavam suas virtudes; subestimavam o valor de sua obediência julgando que era condicionada pelas honras e prêmios que recebia.

O abade o enviou para Santa Maria de Cañas como prior. Domingo converteu aquele lugar de ruínas e abandonado em um mosteiro notável, rentável do ponto econômico e cultural, bem como de incontestável riqueza espiritual. Ele atraiu muitas vocações. Uma trama de ambições e interesses se misturou à fraqueza de um novo abade, Don Garcia, inclinado para as exigências do monarca, deixou o mosteiro à deriva. Domingo defendeu com brio seu feudo religioso e isso levou à sua expulsão, mas superou seu espírito. "Podes matar o corpo e fazer sofrer a carne, mas sobre a alma não tens qualquer poder. O Evangelho me disse, e por ele devo crer que o inferno pode levar a alma, somente a isso devo temer", respondeu ao rei de Navarra.

Em 1041 o rei Fernando concedeu-lhe retirar-se para uma ermida. Nas proximidades estava o mosteiro de San Sebastián de Silos, que foi praticamente abandonado. A restauração feita por Domingo, a pedido do monarca que foi confiada com o consentimento de Cid Campeador, foi excepcional. Este lugar que seria vinculado ao seu nome, foi nomeado abade. Ele cuidou de seus irmãos com grande caridade em suas necessidades espirituais e materiais, acudindo também as carências das pessoas ao redor.

Em 1056 ele começou o trabalho de restauração do que seria um dos expoentes do estilo românico castelhano, e, simultaneamente, ergueu a biblioteca, criou uma escola monástica e outra de miniaturistas e copistas, orientou a liturgia, etc. Concedeu ao mosteiro um esplendor que perdura ainda hoje; tudo em meio a muitas provações diante das quais agiu com serenidade, prudência e temperança, confiando sempre em Deus. Foi um grande embaixador e amigo dos reis. Recebeu, entre outros, os dons de profecia e milagres. Faleceu em 20 de dezembro de 1073. Foi canonizado em 1234 pelo Papa Gregório IX.


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