Páginas

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Conclusões da actualização do clero - Albufeira 2016


O clero das Dioceses de Évora, Beja, Algarve e Setúbal, reunido no Hotel Alísios, Albufeira, Algarve, nas nonas Jornadas de Actualização do Clero, promovidas pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, nos dias 25 a 28 de Janeiro de 2016, subordinadas ao Tema – Família: centralidade, renovação e continuidade - em ambiente de recolhimento, estudo e convívio, com a colaboração de vários especialistas, partilha as seguintes conclusões:
 
1. A progressiva desinstitucionalização da família nas nossas sociedades ocidentais está a criar novas formas de conjugalidade, de parentalidade e de estruturas domésticas da vida familiar, associadas ao aumento de pessoas que vivem sós. No estabelecimento e na quebra das relações predomina o sentimento e o individualismo: já não é a instituição que molda o indivíduo, como no passado, mas é o indivíduo que se afirma sobre a instituição.
 
2. A família parece sobreviver nesta pluralidade e diversidade que apenas aparenta ter em comum uma atenção especial às crianças, que tendem a ocupar um lugar central, e aos idosos, no seu papel de avós. Esta situação gera também uma diversidade de sentidos nas relações inter-geracionais. Apesar de tudo, a família continua a ser o principal lugar de afectos e a exercer a sua função educativa partilhando-a com outras instâncias.
 
3. No contexto actual da vida das famílias, a Igreja deve colocar-se, como diz o Papa Francisco, “em saída”. Deve ser ousada e criativa, aceitando correr riscos, indo ao encontro de todos. A multiplicação das formas de família, a dispersão, divisão e reestruturação, não podem levar à rejeição das famílias mas, antes, à compreensão das novas experiência relacionais. A pastoral não tem como objectivo a reforma das estruturas, mas o testemunho de vida; não é a família o lugar da salvação, mas Jesus Cristo e a sua Igreja. A atitude pastoral não pode ser a de impor um determinado modelo de família, considerado o ideal, mas a do acolhimento na Igreja, a casa comum de todos, procurando integrar em vez de excluir, assumindo a responsabilidade em vez de se refugiar em regras que, normalmente, facilitam as decisões.
 
4. A Sagrada Escritura apresenta-nos, desde o princípio, o caminho difícil de concretizar, na história, a família ideal de Gn 1-2. O próprio Jesus foi confrontado com situações em que a realidade histórica se apresentava longe do projecto do Criador mas, não deixou de acolher, como aconteceu com a samaritana, quem se sentiu atraído pela sua palavra. No caso específico da família, a linguagem do Antigo Testamento leva a reconhecer a importância da relação do homem com a mulher transformando-a na imagem da relação de Deus com o seu povo. Já no Novo Testamento, é a relação de Cristo com a sua Igreja que cria o modelo da relação conjugal. Por isso, pode dizer-se que se passa “da sociabilidade humana ao dar a vida pelo outro”.
 
5. A história, nos diversos tempos e lugares, traça-nos o quadro de diferentes tipos de famílias mas, em todas as civilizações, a família é fundada sobre a união do homem com a mulher. Na cultura Ocidental, particularmente no séc. XIX, quando se desenvolveram algumas teses anti família, visava-se combater, sobretudo, a visão cristã da família, mas sem nunca se apresentarem propriamente modelos alternativos.
 
6. Para a Igreja, o Matrimónio é indissolúvel. Contudo, reconhecendo sempre a verdade desta doutrina, ao longo dos séculos elaborou sistemas de nulidades de modo que a disciplina eclesiástica fosse cada vez mais coerente com a doutrina professada. As recentes alterações aos processos de declaração de nulidade inscrevem-se neste princípio fundamental, mas apontam para novas metodologias que visam uma maior celeridade e agilização de processos para que a Igreja esteja mais próxima das pessoas e da resolução dos seus problemas.
 
7. Os desafios que se apresentam às nossas Dioceses passam pela reorganização da Pastoral Familiar, que não se pode limitar a uma preparação próxima para a celebração do sacramento do Matrimónio, que já existe na maior parte das Paróquias, mas deve ser mais abrangente, transversal, implicando a comunidade paroquial em todas as fases da preparação, da celebração e do acompanhamento das famílias.




Sem comentários:

Enviar um comentário