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quinta-feira, 31 de março de 2016

Cuidado com os excessos

Vários estudos feitos no âmbito da psicologia, pediatria e pedopsiquiatria revelam que o excesso de exposição das crianças e jovens às novas tecnologias podem ser gravemente prejudiciais.

Na sua maioria estes meios de ensino são eficazes e até estimulam o raciocínio, mas há um risco de os dispositivos digitais estarem a ser usados como um substituto de presença, disponibilidade e atenção que compete ao adulto e ao educador.

Nos nossos dias é muito frequentes os pais servirem-se deles como uma nova fórmula para acalmar uma criança chorosa ou birrenta. Um “tablet” ou um telemóvel inteligente, chegam mesmo a ser considerados como a chupeta dos nossos dias. Hoje, é difícil os pais resistirem à tentação de entregar os “smartphones” e os “tablets” às crianças, porque são uma ferramenta muito eficaz para acalmar os mais pequenos e deixar que os adultos continuem a usufruir da sua pretendida independência ou não obrigação de prestar mais e melhor atenção aos seus filhos.

A utilização das redes sociais nestas idades não é necessariamente má, o que pode ser problema está no excesso de uso e abuso e na dependência que as mesmas provocam nos seus utilizadores que quanto mais novos forem menos defesas têm para os seus efeitos nefastos, sobretudo do no desenvolvimento neurológico, nas alterações do sono, na capacidade de concentração, com consequências graves no aproveitamento escolar.

Ao estarem todos entretidos on-line acentua-se de forma disfarçada o isolamento, pois nestas vias os “amigos” são simplesmente contactos.

É muito frequente hoje, de forma quase inofensiva, as pessoas exporem-se física, psíquica e sentimentalmente conduzindo a situações que se tornam verdadeiros dramas de ciberbulliying com dramáticas consequências a nível social, familiar e psicológico.

Para além de ser excessivo o número de adolescentes e jovens entre os 14 e 25 anos que apresentam sinais de grande dependência face à Internet, também grande parte das nossas crianças estão fechadas em casa, não têm liberdade de acção, sempre manuseando o teclado e sem qualquer outra actividade exterior que as liberte das tensões e as tire do isolamento perverso, provocado e manobrado do mundo virtual. 

O sedentarismo, o desajuste face à realidade, a falta de convivência natural com outras pessoas e a troca de experiências, afectos, vivências e emoções, fazem destes jovens futuros adultos inseguros, desajustados e com sérios problemas do foro psíquico, o que naturalmente se torna num pesadelo para a sociedade e para a saúde pública.

A aparente leveza com que “à distância de um clique” parece fazer-se entrar num mundo mágico, acalmar uma birra ou um comportamento menos adequado tem, a seu tempo, um preço muito elevado com consequências irreversíveis em termos sociais, académicos, familiares, se saúde e harmonia física, psíquica e sexual.

Todas as redes sociais deixam rasto, pelo que impera a necessidade de se saber utilizá-las e usufruir das suas vantagens. Daí a imperiosa necessidade de se saber utilizá-las, rentabilizando-as e usufruindo das suas inumerosas vantagens, mas prevenindo dos feitos nocivos que lhes estão inerentes. Mais importante do que proibir o ideal é os adultos estarem esclarecidos para saberem educar no sentido.

Nascer e crescer na era digital implica novos desafios e saber encontrar o justo equilíbrio para poder navegar sem encalhar, usufruindo ao máximo das suas vantagens, mas também estar prevenidos de perigos e riscos desnecessários. Como tudo na vida o problema não reside nas coisas em si, mas no mau uso ou abuso que delas se possa fazer.

Maria Susana Mexia



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