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quinta-feira, 31 de março de 2016

Espanha: a matéria de Religião Islâmica ensinará a rejeitar o radicalismo

A Comissão Islâmica da Espanha (CIE) actualizou os conteúdos da matéria, mas pede mais professores


(UCIDE)
(ZENIT – Madrid) A Comissão Islâmica da Espanha (CIE) actualizou o conteúdo da matéria de Religião Islâmica no ensino médio e graduação para ensinar a rejeitar o radicalismo. Assim, tal matéria incluirá uma secção específica em cada curso para que os alunos sejam capazes de “prever, detectar e prevenir a violência terrorista”.

“A maioria da população espanhola sabe diferenciar e separar claramente que um bando armado de assassinos não representa a sociedade nem uma parte desta, e que todos devemos colaborar na luta contra o terrorismo”, disse o imã da mesquita central de Madrid e presidente da CIE, Riay Tatary Bakry, à União das Comunidades islâmicas da Espanha (UCIDE).

Tatary também considera importante o papel da escola pública no ensino da Religião Islâmica para que as crianças e jovens sejam conscientes de que “as atrocidades que cometem os terroristas vão contra a própria essência do Islão, que é a protecção da vida”.

O programa desenvolvido pela Comissão inclui com carácter transversal a educação cívica e constitucional, a igualdade de oportunidades, a não discriminação, a igualdade efectiva entre homens e mulheres, a prevenção da violência sexual, a rejeição à violência terrorista e a resolução pacífica de conflitos em todos os âmbitos da vida pessoal e social, bem como os valores que sustentam a liberdade, a justiça, a paz, a democracia e, no geral, o respeito aos direitos humanos.

Como se explica no novo currículo aprovado pela Direcção-Geral de Avaliação e Cooperação Territorial do Ministério de Educação, Cultura e Desporto, no primeiro ano da ESO (Educação secundária obrigatória da Espanha, entre 12 e 16 anos, ndt) os alunos que escolham esta matéria optativa deverão ser capazes de “utilizar conteúdos dos textos do Islão para prevenir situações de acumulo de ódio”. No segundo ano estudarão a liberdade religiosa como “um direito fundamental” e as aulas terão como objectivo que o aluno seja capaz de “tolerar as críticas e até mesmo a negação” da sua própria religião. No terceiro, os estudantes deverão saber definir termos como “homofobia, anti-semitismo, islamofobia, xenofobia e racismo” e terão que conseguir “reconhecer e descrever situações sexistas e estigmatizantes”.

Só no quarto ano ESO que será abordado de maneira mais detalhada o tema do terrorismo. Nesse ano, o conteúdo estará centrado em que o aluno possa “prever, detectar e prevenir toda violência, especialmente a terrorista”, a sua “criminalidade” e o “dano” que causa às vítimas. Nesta linha, a matéria pretende que o estudante identifique “a carência de humanismo, de reconhecimento e respeito com os outros existente no uso da linguagem oral fundamentalista”.

Também se avaliará se o aluno “conhece e está ciente dos factores sociais que podem influenciar a radicalização”. Os alunos deverão estudar como “reagir a um acto terrorista promovendo estratégias para conseguir a sua prevenção” e serão avaliados se “são conscientes do fenómeno planetário do terrorismo, conhecendo as chaves do seu discurso”.

Ao final do ensino médio, o curso terá uma “função preventiva, na medida que detecta e reduz o risco de adquirir conceitos equívocos sobre o Islão”.

Esta matéria foi incluída no final de 2014 no currículo escolar. Porém até agora, só a ensinam 48 professores nos centros de educação fundamental da Andaluzia, País Vasco, Aragão, Ilhas Canárias, Ceuta e Melilla. Portanto, as associações muçulmanas têm alertado que a actualização não pode ser realizada até que o Ministério e os conselhos de Educação contratem os docentes necessários para dar a matéria de Religião Islâmica no ensino médio. Ainda assim, a CIE já preparou 12 livros de texto para ensinar os novos conteúdos. A sua novidade mais relevante é a incorporação de uma secção sobre “a inviolabilidade, dignidade e liberdade humana.”


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