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sábado, 30 de abril de 2016

Santa Catarina de Sena – Doutora da Igreja

“Jamais homem algum falou assim; – diziam os Cardeais a respeito de Catarina – não é uma mulher que fala; é o Espírito Santo que fala pela sua boca”



Catarina de Sena nasceu em 1347, na aldeia de Fontebranda (Sena-Itália).  Era filha de Giácomo Benincasa e de Mona Lapa. Este casal teve 25 filhos.

Mas antes de aprofundarmos um pouco na vida de Santa Catarina de Sena, vamos entender o contexto histórico em que viveu.

No século XIV, de 1300 até 1400, a Igreja passou por momentos muito difíceis, especialmente para o berço do cristianismo, a Europa.  Este foi o século da pior epidemia que a Europa experimentou.  (Naquele então a Peste Negra matou cerca de um terço da população que habitava o continente).

Por volta de 1309 o papado foi transferido para a cidade de Avignon, na França, porque Roma se encontrava em grandes conflitos. Várias famílias da nobreza romana disputavam o poder entre si, e acabavam por conseguirem nomear bispos, cardeais na intenção de obter o poder em Roma por meio da Igreja. Além disso, a Itália estava sendo invadida ao sul pelos muçulmanos e ao norte pelos normandos. Ficando assim, o estado pontifício ameaçado de muitas formas e lados.

Foi aí que o papado foi transferido para Avignon. Porém, essa transferência não foi boa, porque ali os papas ficaram por cerca de 70 anos subjugados aos reis franceses. Um deles, o rei Filipe IV, chegou até prender o papa Bonifácio VIII.

Foi neste século também, que tivemos o “Grande Cisma do Ocidente”, onde se teve papas e antipapas e até três papas ao mesmo tempo.

Se olharmos para a história da Igreja, veremos momentos negros, luzes e sombras…  Mas podemos ter a certeza de que as luzes são muito maiores. Cristo quis assim, Cristo quis que a história da Igreja, que a salvação humana fosse através de todas as circunstâncias humanas. Veremos Deus levantando grandes homens e mulheres, verdadeiros santos a iluminar a Igreja no meio de todas as tormentas; os pecados dos seus filhos, as heresias, as perseguições… Mas sempre veremos a Igreja renascendo como que na primavera.

E foi especialmente pelo trabalho de duas grandes Santas, Santa Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena, esta última cuja festa celebramos hoje, que vemos a Igreja se levantando no século XIV.

Santa Catarina foi até o papa Gregório XI e exortou o Sumo Pontífice a sair do exílio em Avignon e voltar para Roma, a fim de devolver a unidade ao povo católico. Com autoridade e respeito, disse ao papa que chegava a sentir o odor fétido do inferno em sua corte. E assim fez o papa Gregório XI.

Catarina, desde muito pequenina ouvia o chamado de Deus. Ela que passou sua infância em silêncio, penitência e oração. Não se preocupava com as coisas com que normalmente despendiam seus familiares. Ainda com sete anos, ansiando entregar-se exclusivamente a Deus, sem nenhuma ligação com o mundo aborrecedor dos homens, Catarina suplicou à Virgem Maria que a conservasse casta, a fim de tornar-se esposa de Jesus. “Amo-O com toda minha alma – dizia a Nossa Senhora – e prometo a Ele e a Ti jamais aceitar outro esposo”.

Para fugir de seus pais, que queriam vê-la casada, Catarina cortou sua longa cabeleira, sem lhes dizer uma palavra. Pois esta estava decidida a ser esposa unicamente de Cristo.

Enquanto pensava na vida religiosa das grandes Ordens, São Domingos apareceu-lhe em sonho e prometeu-lhe, que, mais tarde ela iria ser recebida na sua grande família espiritual.

Aos 16 anos, depois de muitas instâncias, Catarina foi admitida, então, na Ordem Terceira de São Domingos. E não demorou muito para que sua vida de virtudes atraísse as pessoas à sua volta. Em torno dela, disse o Papa Bento XVI, “foi-se constituindo uma verdadeira família espiritual”. Ela, que amava a todos, com um coração verdadeiramente maternal.

E foi nesta entranha maternal que Catarina, naquele tempo, em que a terrível peste corporal assolava por toda a parte e uma outra peste espiritual, não menos deplorável, provocavam uma enorme decadência no seio da Igreja, ajudou em muito, socorrendo o povo italiano, que sofria com essa peste mortífera e com igual amor socorreu a Igreja que, com dois Papas, sofria cisão, até que Catarina, santamente, movimentou os céus e a terra, conseguindo banir toda confusão.

Uma Santa que sequer sabia ler e escrever… Mas o Senhor a dotava de graças extraordinárias que ia permitindo-lhe cumprir perfeitamente a sua missão na Igreja e no mundo.

Assim lhe dissera Jesus: “Minha filha bem-amada, dei-te uma vida nova. A minha graça transbordando, para o teu corpo, comunicar-lhe-á um modo de existência extraordinário e obrarás prodígios maravilhosos… A tua linguagem será outra, o teu espírito esclarecido. Viajarás; viverás entre a multidão; alguns enviar-vos-ei a ti, outros enviar-te-ei a eles. Levarás o meu nome aos nobres e aos clérigos e aos Pontífices. Governarás o povo cristão a fim de que a tua fraqueza confunda os orgulhosos. Por ti salvarei muitas almas. Não temas nada, eu estou contigo”.

E de fato, ela não temeu! Santa Catarina ditava as suas numerosas e variadas cartas, simultaneamente a dois ou três secretários. Ditava sem interrupção e sobre assuntos diferentes e a pessoas também diferentes: ao Papa, a Cardeais, a eclesiásticos e a leigos de ambos os sexos.

Porém, a obra mais extraordinária, foi o intitulado “O Diálogo”, inteiramente ditado em êxtase e contém o que o eterno Pai se dignou comunicar-lhe nesses momentos de êxtase.

Por fim, esta grande Santa da Igreja, dotada de dons místicos e que chegou a receber os estigmas dolorosos da Paixão, morreu em Roma, em 1380, a 29 de Abril.

Em 1979 o papa Paulo VI, proclamou-a Doutora da Igreja, que iluminou e ilumina com sua vida santa e sua doutrina toda a Igreja.

Esta é Santa Catarina de Sena, que ela rogue por nós!


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