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segunda-feira, 9 de maio de 2016

A “Magnificência da Caridade”

Do património riquíssimo que S. Paulo deixou à Igreja, destacamos um pequeno texto da 1.ª Carta aos Coríntios, sobre a caridade, como ponto de partida para a nossa reflexão. Diz S. Paulo: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa, ou como címbalo que tine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em plenitude, se não tiver caridade, nada sou... “A Caridade é benigna, não é invejosa!”
 
Ao contrário a “inveja”, consiste numa tristeza e má vontade acerca da felicidade, beleza, bondade, etc., de outros.

Do latim invidere – significa “não querer ver” o bem moral e o bem-estar social dos outros. Nega, de forma radical, a bondade, a beleza, a verdade e o bem evidente…
 
Levados pela inveja, colocam-se em causa as virtudes e qualidades dos outros, porque a inveja cega e gera “ desgosto ou tristeza perante o bem do próximo” (S. T., II-II, 36), considerado como mal próprio, porque se pensa que diminui a própria excelência e grandeza, o prestígio…
 
A Caridade, ao contrário, é benigna, alegra-se com a alegria, com o bem dos outros construindo a paz e união…
 
Geralmente, a inveja brota da soberba (cf. S. T., II- II...) e surge, especialmente, entre aqueles que desejam desordenadamente uma honraria, ansiosos de consideração e elogios. Como sabemos, é pecado ou vício capital… por ser causa e origem de muitos outros: o ódio, a murmuração, o gozar com o mal dos outros, o ressentimento e a tristeza diante do seu sucesso…
 
Quando se trata de um sentimento que nos faz procurar o trilho de um caminho que nos leve a ter as mesmas oportunidades que cobiçamos do nosso semelhante, dizemos que “essa cobiça é saudável “, porque nos faz crescer, sem prejudicar ou desejar o mal de outrem…
 
No entanto, há inveja que destrói! Não a quem é dirigida mas sim a quem a possui e cultiva, porque é doença que mina e corrompe. Ninguém está livre desse sentimento, mas está ao nosso alcance vigiar e utilizar os meios disponíveis para afastá-lo... Procurar ser suficientemente humildes para reconhecer e apreciar o valor de outras pessoas e para aceitar que nem sempre se pode ganhar.
 
Ser inteligente, para tentar aprender com quem é melhor, numa determinada área.
 
Ter a coragem de despir a própria vaidade para oportunamente, e com verdade, elogiar... Procurar ver as outras pessoas com bons olhos, porque “muitas vezes os defeitos que julgamos descobrir e apontamos nos outros, são simplesmente as suas qualidades vistas com maus olhos” …
 
“Contra a inveja, Caridade “, diz-nos com uma frase clássica o Catecismo. A caridade permite sair da prisão do egoísmo, da prisão interior criada pelas comparações e aprender a admirar-se com as outras pessoas, sabendo amá-las com generosidade e entusiasmo e fazendo de cada contacto pessoal, uma aprendizagem.
 
Somos criaturas humanas e, por isso, é inevitável que haja dificuldades no nosso caminho. Havemos de ter sempre tendências que nos puxem para baixo e sempre precisaremos de nos defender desses delírios mais ou menos veementes...

S. Tomás de Aquino fala da inveja como uma tristeza, um sentimento de infelicidade diante da felicidade alheia, ou de alegria, diante da infelicidade dos outros… Sem dúvida, é uma consequência nefasta da natureza humana decaída, que produz muitos estragos na vida espiritual própria e na vida de relação. É, realmente, um poderoso antídoto da caridade!...







Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário






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