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sábado, 7 de maio de 2016

Igreja/Portugal: Ativista iraquiana pede que ONU reconheça «genocídio» praticado pelo Daesh

Agência ECCLESIA/PR, Pascale Warda no
3.º Encontro Nacional de Leigos
Pascale Warda falou no 3.º Encontro Nacional de Leigos, em Évora

Évora, 07 mai 2016 (Ecclesia) – A iraquiana Pascale Warda, católica ativista pelos direitos humanos, defendeu hoje em Évora que a ONU deve reconhecer como “genocídio” a perseguição contra minorias religiosas que o autoproclamado ‘Estado Islâmico’ (EI), Daesh, tem levado a cabo.

“Que as Nações Unidas reconheçam estes genocídios por uma resolução da ONU, não só para não deixar estes criminosos e aqueles que os alimentam escapar impunemente mas também para recompensar e fazer justiça às vítimas”, pediu a antiga ministra iraquiana, na conferência enviada ao 3.º Encontro Nacional de Leigos, promovido pela Igreja Católica.

Warda, cuja família foi vítima do genocídio de 1988, promovido pelo regime de Saddam Hussein contra o Curdistão iraquiano, falava na sessão inaugural do encontro Organizado Pela Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos de Portugal, subordinado ao tema ‘Nada nos é indiferente entre a Terra e o Céu’.

Na sua apresentação, a ativista criticou a imposição da ‘Sharia’, a lei islâmica, que “praticada à letra há mais de 1400 anos, contribui para aumentar a distância entre os seus contemporâneos e as suas sociedades”.

“As guerras e os massacres insinuam-se na cabeça das massas populares instigadas por ditadores religiosos ou outros, limitados a nível legislativo pela primazia das leis impostas que já não respondem às aspirações contemporâneas”, precisou.

A presidente da Organização Hammurabi para os Direitos Humanos evocou os “genocídios” de arménios e caldeus em 1915, sob o Império Otomano, sob um manto de “silêncio”.

“Pediram-nos mesmo para nos habituarmos a viver assim no temor, a ponto de se normalizar este tipo de crime, tendo como justificação evitar o extermínio de tudo o resto”, lamentou.

Em 1988, prosseguiu Pascale Warda, 250 aldeias cristãs foram “completamente arrasadas com os seus mosteiros e igrejas dos primeiros séculos”, incluindo a sua própria aldeia natal.

“Paradoxalmente, tudo isto se passava no silêncio, quer a nível nacional interno quer a nível internacional e, tanto num como noutro caso, esta covardia parece-me imperdoável porque rima com cumplicidade perpetuada e impunemente justificada”, denunciou.

A ativista realçou que as perseguições contra cristãos em todo o mundo atingem um “número sinistro e em progressivo crescimento”, condenando em particular a situação na antiga Mesopotâmia, “berço da maioria das ciências”.

A situação agravou-se com o surgimento do EI, que intensificou a perseguição contra cristãos e yazidis.

“Na ONG a que presido, registamos e ajudamos milhares de famílias, deslocadas pelas atrocidades do EI: cristãos, yezidis, muçulmanos, sem fazer distinção em função da pertença das pessoas e das comunidades”, relatou.

Pascale Warde sublinhou as “violências sexuais e torturas” que muitas meninas e jovens sofrem às mãos do EI.

“A sua vida é dramaticamente comercializada, sofrem todas a espécie de abusos sexuais e degradantes que são um atentado à dignidade destas pessoas humanas inocentes, vítimas das suas convicções religiosas e étnicas”, explicou.

O 3.º Encontro Nacional de Leigos decorre ao longo do dia de hoje em Évora, reunindo cerca de 700 participantes das diferentes movimentos e associações da Igreja Católica.

O programa do encontro prevê 32 comunicações, com intervenções que abrangem a ecologia humana, familiar, ambiental, económico-social e cultural.

OC

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