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domingo, 12 de junho de 2016

Terras sem Sombra: «Ligeti Africano» na Basílica Real de Castro Verde | Polirritmias - a redescoberta da música tradicional do continente negro pela vanguarda ocidental | 4 Junho | 21h30

Festival Terras sem Sombra apresenta Ligeti Africano na Basílica Real de Castro Verde

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Alberto Rosado

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Shyla Aboubacar

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Justin Tchatchoua

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Bangura Husmani

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Polo Vallejo

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Polirritmias: a redescoberta da música tradicional do continente negro pela vanguarda ocidental do século XX

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O Festival Terras sem Sombra caminha para o término da sua 12.ª edição. Dos oito concertos e actividades de biodiversidade programadas, estão por concretizar duas etapas. Desde Fevereiro, este projecto, que associa a música sacra ao património religioso e à defesa da biodiversidade, já passou por Almôdovar, Sines, Santiago do Cacém, Odemira, Ferreira do Alentejo e Serpa, levando até estas localidades do Baixo Alentejo momentos únicos e memoráveis, apresentando intérpretes e músicos de excelência à escala mundial – e integrando, assim, a região nos circuitos nacionais e internacionais das artes.

Paralelamente, tem vindo a protagonizar um papel de relevo na defesa da biodiversidade, ao desvendar tesouros ambientais com as acções que realiza em prol da natureza. Como pano de fundo, a excelência de um território a descobrir, pela mão da música, da arte e da natureza. A iniciativa é da responsabilidade do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.


Quando África inspira o Ocidente e marca as vanguardas

A 4 de Junho, o Festival associa-se ao Município de Castro Verde para trazer à Basílica Real desta vila o concerto Polirritmias: Ligeti Africano. O transilvano György Ligeti (nascido em 1923 em Dicsőszentmárton – cidade húngara que, após a II Grande Guerra, ficou em território romeno) é um dos compositores fundamentais da música europeia do século XX, cuja produção constitui já presença habitual no Terras sem Sombra. A sua vasta obra definiu algumas das mais importantes tendências da vanguarda do nosso tempo, mas não deixou de conquistar um público alargado, como o prova o famoso Requiem que Stanley Kubrick utilizou no filme 2001: Odisseia no Espaço.

Reconhecendo o génio da música tradicional de África, Ligeti inspirou-se, para a concepção de algumas das suas peças, em aspectos marcantes desta ancestral herança, profundamente ligada à espiritualidade do continente negro e aos reflexos que daí dimanam para a vida comunitária. Um legado que ele conheceu de perto e admirou com respeito. No concerto de Castro Verde é possível apreciar o resultado dessas influências, através de um cruzamento artístico entre o pianista Alberto Rosado, intérprete com créditos bem firmados no panorama musical europeu, e três notáveis músicos da Guiné-Conacri e Camarões.

Shyla Aboubacar, Justin Tchatchoua e Bangura Husmani executam as peças originais da tradição africana, em que são peritos, e, por sua vez, Rosado mostrará o resultado das transformações levadas a cabo pelo compositor húngaro, falecido em Viena, em 2006. Percussionistas e pianista tocarão igualmente juntos em alguns momentos, improvisando a partir de temas consuetudinários. Polo Vallejo, o etnomusicólogo da Universidade de Montréal (Canadá) que é uma figura de proa no campo da pedagogia e da musicologia experimental, actualmente a viver na Tanzânia, fará a apresentação, acompanhada por imagens, de modo a contextualizar, na vida religiosa e social africana, o repertório em palco.

O espectáculo Polirritmias, além do interesse que suscita pelas músicas, mostra a singularidade de cada tema e dos elementos mais significativos das obras que o conformam, revelando, assim, os parentescos que existem entre ambas as linguagens – a africana e a ocidental. Ao destacar os aspectos que tanto chamaram a atenção de György Ligeti e o genial uso que ele fez dos mesmos, perscruta-se como concebeu e construiu as suas obras, cuja inspiração deixou um assaz singular no panorama artístico contemporâneo.

Em certos momentos, poder-se-á comprovar de que forma a improvisação, longe de parecer um exercício arbitrário, corresponde a critérios de selecção e variação de uma matéria musical que parte de princípios assaz regulados; isto permitirá que os intérpretes, por seu turno, encontrem espaços comuns onde, em atmosfera de diálogo, se torna possível experimentar e partilhar músicas diferentes, mas dispostas sobre “estruturas” similares. Todas as músicas, afinal, não são mais do que uma mesma e única música.

A transumância e as suas canadas reais, um património ibérico a redescobrir

No domingo, 5 de Junho, com partida às 10h00 da Basílica Real, poder-se-á acompanhar uma jornada de trabalho de um pastor do Campo Branco. Esta actividade do programa do Festival para a salvaguarda da biodiversidade tem por mote a transumância e visa descobrir os segredos dos antigos moirais de ovelhas das planícies imensas de Castro Verde.
Facto hoje quase esquecido, os grandes rebanhos da zona da Serra da Estrela e de outros pontos da Meseta Central Ibérica vinham, desde épocas remotas, invernar nas “terras baixas” dos campos de Ourique. Mesmo quando deixaram de ser efectuados os movimentos longos de transumância, perduraram, até há pouco, as dinâmicas de deslocação dos gados entre o Campo Branco e os terrenos mais férteis de pastagem da charneca (Odemira, Santiago do Cacém, Sines), no Inverno, e para os “barros” (Beja e Ferreira), no Verão.

Presentemente, em virtude de condicionalismos impostos pela legislação, são raros os pastores que ainda passam largas temporadas no campo; a actividade adaptou-se à nova evolução social, mas não deixa de integrar os ensinamentos do passado, ainda bem presentes na paisagem de Campo Branco. Importa conhecê-los e preservá-los, até porque são decisivos para a conservação da biodiversidade, tal o seu grau de adaptação aos territórios percorridos pelos rebanhos, e para o entendimento da paisagem e dos monumentos que a povoam.

Aos participantes na iniciativa será dada a oportunidade de seguir momentos fundamentais da jornada de trabalho de um moiral (“maioral”), pastor sénior de Campo Branco. A actividade, de acesso livre, conta com a colaboração do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (Parque Natural do Vale do Guadiana), da Câmara Municipal de Castro Verde e da Associação de Agricultores do Campo Branco. É uma excelente ocasião para conhecer algumas das paisagens mais deslumbrantes do Sul, junto a S. Pedro de Cabeças onde, segundo a tradição, teve lugar, em 1139, a batalha de Ourique.

 

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