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domingo, 18 de setembro de 2016

Brincar em dinamarquês

Há mais de quatro décadas que o povo dinamarquês é considerado o mais feliz do mundo. Esta conclusão é da responsabilidade da OCDE (Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento) desde 1973 e também é reiterada pelo World Happiness Report, recentemente lançado pelas Nações Unidas.

Os misteriosos motivos de tanta felicidade podem ser vários, mas no livro "Pais à Maneira Dinamarquesa" que saiu originalmente em 2014 e só agora chega ao mercado nacional, as autoras - a cronista norte-americana Jessica Joelle Alexander e a psicoterapeuta e terapeuta familiar dinamarquesa Iben Dissing Sandahl - defendem que a procura da felicidade começa na infância, o segredo está na forma como as crianças são educadas e entregam aos pais a chave do sucesso que passa por deixar as crianças brincar, pela comunicação autêntica e pelo estímulo da empatia.

Como será a educação do povo mais feliz do mundo?
- Os pais dinamarqueses apostam na brincadeira livre:
As autoras começam por contrariar a tendência (bem intencionada) de alguns pais, que enchem as agendas dos filhos com actividades extracurriculares, incluindo vários desportos. A ideia defendida é a de que os mais novos devem pura e simplesmente brincar — isto é, serem deixados sozinhos ou na companhia de amigos para brincar exactamente como lhes apetecer. Aqui, brincar não é o mesmo que praticar um desporto ou participar numa actividade organizada por um adulto, e o acto de brincar não deve ser encarado como um desperdício de tempo de tempo de aprendizagem valioso, pois a brincadeira livre ensina as crianças a serem menos ansiosas, mais resilientes e a lidar melhor com o stress.

- Têm cuidado com os elogios:
“O elogio está intimamente ligado à forma como as crianças vêm a sua inteligência. Se ouvem louvores constantes por serem naturalmente espertas, talentosas ou dotadas, desenvolvem aquilo a que se chama uma mentalidade ‘fixa’ (a sua inteligência é fixa e eles possuem-na). Por contraste, as crianças a quem é dito que a sua inteligência pode evoluir com o trabalho e educação, desenvolvem uma mentalidade de crescimento (podem fazer evoluir as suas capacidades porque trabalham arduamente por isso) ”.

- São optimistas e, ao mesmo tempo, realistas:
“Aqui entra a noção do ´optimismo realista`, isto é, a capacidade de reenquadrar uma situação tensa, uma coisa que os dinamarqueses fazem há bastante tempo. Ensinam aos seus filhos esta valiosa competência, que desde cedo os ajuda a crescer para se tornarem naturalmente melhores a fazê-lo em adultos”`. A ideia não passa por ser-se extremamente optimista, antes prático, no sentido em que se dá destaque a um lado alternativo de uma mesma história — é uma questão de perspetiva e da linguagem que é usada. A nossa linguagem é uma escolha, e é fundamental porque forma o enquadramento através do qual vemos o mundo.” 

- Levam a empatia muito a sério:
“A empatia facilita a nossa ligação com outros. Desenvolve-se na infância através da relação com a figura de afecto. Uma criança aprende, em primeiro lugar, a sintonizar-se com as emoções e estados de espírito da sua mãe e, mais tarde, com as de outras pessoas. É por isso que o contacto visual, as expressões faciais, o tom de voz e outras atitudes, são tão importantes no início de vida”. .

- Fazem do “Hygge” uma forma de vida:
“Hygge, que se pronuncia huga”, significa aconchego e para os dinamarqueses é uma forma de estar na vida. É, na sua essência, um conceito que promove a proximidade entre amigos e familiares, que envolve uma atmosfera acolhedora, a entreajuda de todos e o deixar o drama e os desejos individuais de parte em nome da união de grupo, sem telefones ou tablets por perto.

“Aprendendo o hygge podemos melhorar as reuniões familiares para as tornar experiências mais agradáveis e memoráveis para os nossos filhos. Deixando o ‘eu’ à porta e concentrando-nos no ‘nós’, podemos eliminar muito do drama e negativismo desnecessários por vezes associados às reuniões familiares. Famílias felizes e um forte apoio social geram crianças mais felizes”.

Maria Susana Mexia










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