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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Santa Marta: “Que o Senhor nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’”

O Papa pede um exame de consciência


Santa Marta 16.02.2017 © L'Osservatore Romano
Santa Marta 16.02.2017 © L'Osservatore Romano
“Que o Senhor nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’” : é o desejo expresso pelo Papa Francisco na conclusão da sua homilia diária par na capela do Casa Santa Marta no Vaticano nesta quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017. A Rádio Vaticano publicou trechos. O Papa pede um exame de consciência para cuidar de a pomba da paz na vida cotidiana.

O Papa Francisco relatou um episódio de quando era criança: “Recordo quando começou a tocar o alarme dos Bombeiros, depois nos jornais e na cidade… Isto se fazia para atrair a atenção para um facto ou uma tragédia, ou outra coisa. E logo ouvi a vizinha de casa chamar minha mãe: ‘Senhora Regina, venha, venha!’ E minha mãe saiu, assustada: ‘O que aconteceu?’ E a mulher, do outro lado do jardim, disse: ‘A guerra acabou!’, chorando”.

“Que o Senhor nos dê a graça de poder dizer: ‘Terminou a guerra’ e chorando. ‘Acabou a guerra no meu coração, acabou a guerra na minha família, acabou a guerra no meu bairro, acabou a guerra no meu trabalho, acabou a guerra no mundo’. Assim serão mais fortes a pomba, o arco-íris e a aliança”.

“É um trabalho de todos os dias, porque dentro de nós ainda existe aquela semente, aquele pecado original, o espírito de Caim que por inveja, ciúme, cobiça e desejo de dominação faz a guerra”, observou o Papa Francisco e destacou a responsabilidade de cada pessoa: “Nós somos custódios dos irmãos e quando há derramamento de sangue, há pecado e Deus nos pedirá contas” e “hoje no mundo há derramamento de sangue. Hoje o mundo está em guerra. Muitos irmãos e irmãs morrem, inclusive inocentes, porque os grandes e os poderosos querem um pedaço a mais de terra, querem um pouco mais de poder ou querem ter um pouco mais de lucro com o tráfico de armas. E a Palavra do Senhor é clara: ‘pedirei contas do vosso sangue, que é vida, a qualquer animal. E ao homem pedirei contas da vida do homem, seu irmão’. Também a nós, que parecemos estar em paz aqui, o Senhor pedirá contas do sangue dos nossos irmãos e irmãs que sofrem a guerra”.

O Papa tomou a imagem da pomba da paz retornando à Arca de Noé e sugeriu um exame de consciência: “Como proteger a pomba? O que faço para que o arco-íris seja sempre um guia? O que faço para que não seja mais derramado sangue no mundo?”: Todos nós, reiterou, estamos envolvidos nisto: “A oração pela paz não é uma formalidade, o trabalho pela paz não é uma formalidade”. E relevou com amargura que “a guerra começa no coração do homem, começa nas casas, nas famílias, entre amigos”, e depois vai além, a todo o mundo. “O que faço, eu, quanto sinto no meu coração ‘algo que quer destruir a paz’?”

“A guerra começa aqui e termina lá. Vemos as notícias nos jornais e na TV… Hoje, muita gente morre e a semente de guerra que gera inveja, provoca ciúmes, a cobiça no meu coração é a mesma coisa do que a bomba que cai num hospital, numa escola, matando crianças – é o mesmo. A declaração de guerra começa aqui, em cada um de nós”. Por isso, pergunto: “Como custodiar a paz em meu coração, em meu íntimo, na minha família?”. Custodiar a paz, mas não só: fazê-la com as mãos, todos os dias. E assim conseguiremos fazê-la no mundo inteiro.”

Para o Papa, é aí que vem a paz que o cristão pode receber em seu coração: “O sangue de Cristo é o que faz a paz, mas não o sangue que eu faço com o meu irmão” ou “o que fazem os traficantes de armas ou os poderosos da terra nas grandes guerras”.

O vídeo da Missa do Papa Francis é aqui.

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