Páginas

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Um Não total à Eutanásia!

De acordo com o Santo Padre, o Papa Francisco, a eutanásia, deve considerar-se como uma falsa piedade, mais ainda, como uma preocupante «perversão» da mesma.

Sem dúvida, a verdadeira «compaixão» converte em solidários com a dor de outros, e não elimina a pessoa cujo sofrimento não pode suportar. O gesto da eutanásia aparece ainda mais perverso se é realizado por quem – como os familiares – deveriam assistir com paciência e amor o seu próximo, ou por quantos - como os seus médicos -, por sua profissão específica, deveriam cuidar do doente inclusive nas condições terminais mais penosas.

A opção da eutanásia é ainda mais grave quando se configura como um homicídio que outros praticam em uma pessoa que não pediu de nenhum modo e que nunca deu seu consentimento, chegando - se além do cúmulo do arbítrio e da injustiça quando alguns, médicos ou legisladores, se atribuem poder de decidir sobre quem deve viver ou morrer.

Deste modo, a vida do mais fraco fica nas mãos do mais forte; perde-se o sentido da justiça na sociedade e mina-se na sua própria raiz a confiança recíproca, fundamento de toda a relação autêntica entre as pessoas. O desejo que brota do coração do homem diante do supremo encontro com o sofrimento e a morte, especialmente quando sente a tentação de cair no desespero, é sobretudo aspiração de companhia, de solidariedade e de apoio na provação. É petição de ajuda para continuar a esperar, quando todas as esperanças humanas se desvanecem.

É inconcebível que um médico ou legislador pertencente à esquerda – suposta defensora dos direitos humanos - possa apresentar semelhante projeto, claramente contrário ao principal direito de todo o homem: o direito à vida. É incompreensível!

Mas a razão fundamental de que ninguém tenha o “direito” de matar-se ou ajudar outros a fazê-lo é porque todos temos uma dignidade, quer dizer, um valor intrínseco e absoluto, e os valores assim não se destroem, amam-se. Se se perde o sentido da própria dignidade, isso equivale a perder a auto-estima e a saúde mental. O que necessitamos nesse caso é que nos ajudem a recuperar esse sentido, essa auto - consciência do nosso próprio valor como pessoa, e não que nos “ajudem” a liquidar-nos.

Se a sociedade perder o sentido ou a consciência do valor incondicional da pessoa humana, perderá também a capacidade de amar incondicionalmente, já que o amor e o valor são realidades correlativas, não se ama o que não se percebe como um valor. O que será então da nossa sociedade, da nossa família, dos nossos matrimónios? Se os esposos não se amarem dessa maneira, se os pais não amarem realmente os seus filhos e vice-versa, se os cidadãos não se amarem ou pelo menos se respeitarem, o que acontecerá às gerações posteriores, como crescerão os filhos, que espécies de seres humanos teremos no futuro? Uma sociedade que não é capaz de servir autenticamente os seus membros mais fracos, perdeu o sentido da sua própria humanidade e do que significa ser civilizado e converteu - se em uma sociedade caraterizada pela barbárie, uma sociedade onde o homem é o lobo do homem, onde se pisoteia esse direito e esse desejo que está semeado no mais profundo do coração de toda a pessoa, - admita-o explicitamente ou não-, de que o tratem como pessoa e não como uma coisa, que o tratem como um fim em si mesmo e não como um meio para outro fim.

A mentalidade pró eutanásia e suicídio assistido leva em si mesma, o germe da destruição social e do que significa ser pessoa obrigando, por isso, a que seja denunciada e refutada por todos os meios legítimos ao nosso alcance… Mas não apenas isso. Deve ser também substituída por uma mentalidade a favor da vida e do amor, por uma mentalidade a favor do amparo dos mais débeis e doentes, por um progresso adequado no campo da saúde, por uma mentalidade criadora de formas cada vez melhores de compaixão e ternura e por um correspondente léxico pró vida: “pessoa” não “vegetal”, “Vida Humana”, não “vida sem sentido”, etc. Trata-se, em definitivo, de construir uma civilização em benefício da pessoa e não contra ela.
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário






Sem comentários:

Enviar um comentário