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segunda-feira, 5 de março de 2018

Feliz Dia do Pai

O meu coração arde de emoção e de esperança. O céu de um azul ímpar, parece querer acompanhar a minha alegria. Uma lágrima de felicidade desliza pelo rosto. Será mesmo verdade que este sonho almejado há tanto tempo e já posto de parte, eventualmente, se poderá vir a tornar um dia realidade? Não como eu tinha sonhado mas por caminhos insondáveis. Que alegria esta que quase me impede de respirar. Imagino-me na companhia dos anjos sobre as nuvens. Que música celestial! Deus ouviu-me. Já nada me espanta, nada me surpreende ainda que este sonho acalentado não se venha a tornar uma realidade efetiva. Mas já me causou uma felicidade enorme só de colocar essa possibilidade no pensamento.

De repente, tudo parece possuir uma beleza sublime. O coração parece querer almejar uma paz eterna, ouvir a conhecida frase: “Entra e participa na alegria do Teu Senhor”. As dificuldades do mundo não me podem tirar a alegria de um dia, quando chegar o meu momento final, querer ir finalmente ao Teu encontro. Longa, mesmo muito longa, vai a estrada da vida os caminhos percorridos em diferentes setores da sociedade e na família. Não que esteja cansada, porque, Senhor, se entendes que por aqui devo permanecer, faça-se, cumpra-se a Tua vontade! Faz-se tarde, adormeço ao som da belíssima música Bolero, de Maurice Ravel, que me transporta pelos céus fora, possuidora de uma leveza contagiante. Falo com as nuvens que indiferentes à minha alegria, referem que têm de partir, não podem parar. A água faz falta na terra. Há muitos fogos por apagar, muitas pessoas para alimentar, tudo carece deste bem precioso. Mas surge um anjo, que me pergunta: “Torna-te feliz dançar”? Respondo afirmativamente. Chega de dor, de tristeza, de desilusão. Quero dançar ao som desta música maravilhosa, sentir-me feliz, descansar. Depois fico mais leve e reconfortada para continuar a prosseguir o meu caminho, seja ele qual for. O anjo diz-me: “Dança então e descansa”. Sou o teu anjo da guarda que sempre te acompanha e te guarda. Repousa depois um pouco num sono reconfortante. Miríades de estrelas acompanharam-me. Depois adormeci profundamente. A música entretanto terminou, bem como o meu sonho. Recordei que o Papa Bento XVI tinha enfatizado “a necessidade do justo descanso para o corpo e o espírito, especialmente para aqueles que sintam maior necessidade disso, para revigorar as energias físicas e espirituais e recuperar um saudável contacto com a natureza”.

Quando acordei senti uma enorme sensação de liberdade, de entrega incondicional, que me fez pensar que, apesar de frequentemente nos encontrarmos confinados a um espaço, seja ele qual for, a nossa mente pode percorrer o infinito.

Frequentemente, tendo como base uma desculpa meramente humana, esquecemo-nos de fazer a vontade de Deus, e fazemos apenas a nossa vontade. Recordei que temos ao nosso dispor na terra, todos os mecanismos que precisamos, para nos encontramos um dia, com o nosso Pai do Céu. Muito em particular a missa, raiz de onde nos vem a força necessária, constitui um lugar principal, para adorar, pedir, desagravar e agradecer sendo que Deus nos ouve sempre, muito em particular, para se meter na nossa alma, para nos livrar do mal, encher-nos de bem, não deixando de atender ao que Lhe pedimos na nossa oração.

Ontem encontrei-me com uma amiga. Em conversa referiu que se aproximava o Dia do Pai, Dia de S. José. O Papa João XXIII em 1962, anunciou que o nome de S. José seria mencionado no Cânon da Missa. “O valor divino da vida de S. José, o valor de uma vida simples de trabalho face a Deus e em total cumprimento da divina vontade”. Veio-me ao pensamento um trabalho que tinha realizado sobre o novo papel dos pais que passo a citar: “Tanto o pai como a mãe são importantes no apoio às suas crianças para crescerem de um modo equilibrado. Ambos têm papéis diferentes e complementares justificando a importância primordial no processo de desenvolvimento das crianças e das suas funções específicas” (Lamb, 1997). A perceção subjetiva que os pais têm do seu desempenho – tal como a sociedade em geral – é claramente determinante do seu comportamento e atitudes.

Os pais contemporâneos têm, de certo modo, a noção da responsabilidade sobre o bem-estar dos filhos mais do que os pais das gerações anteriores. (Lam, 1997; Pleck, 1997). De um modo global, podemos dizer, que a figura paternal, ultrapassa a imagem biológica do pai. Constitui uma atribuição da sociedade e da cultura através das suas instituições (escola, religião, deveres cívicos, entre outros). Um pai ausente (devido à imigração ou à sua atividade profissional), mesmo quando a sua ausência não é muito longa, não é um pai morto, mas não é um pai presente, no diálogo e nos afetos. O papel dos pais na educação dos filhos mostra-nos que em quase todas as interações com eles, o pai, com o seu peculiar estilo de educar as crianças, não é só complementar ao papel da mãe mas, é certamente muito importante no seu próprio direito de otimizar a educação das crianças. Os pais também são importantes para as suas crianças enquanto modelo de pessoas exemplares, dentro do possível. São igualmente importantes para manter a autoridade e a disciplina… Os pais hoje em dia são mais intervenientes na vida das crianças, com uma maior capacidade de compreender, de dialogar. Eles relaxam e brincam com as crianças em vez de permanecerem distantes o que constitui uma mudança positiva… Ser homem ou mulher significa um modo diferente de olhar, compreender, avaliar e agir no mundo. Definitivamente, a nossa biologia também sublinha algumas diferenças claras na psicologia masculina e feminina, as quais constituem a base da complementaridade. 

Termino referindo que as mulheres podem ser boas mães, mas mesmo sendo as melhores mães não podem ser bons pais. O pai é sinónimo de identidade, segurança e realismo. Como dizia Santa Teresa do Menino Jesus devemos recorrer a S. José… que socorre em todas as necessidades… ‘Ide a José e encontrareis Maria’, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré. 

Desejo a todos os pais um bom dia de S. José, “Dia do Pai”.

Maria Helena Paes






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