Páginas

quinta-feira, 15 de março de 2018

“Jesus de Nazaré”- Volume I - Bento XVI

Publicado em sete línguas, “Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém até à Ressurreição”, desenrola-se em nove capítulos, que, segundo o Papa, mostram as palavras e os acontecimentos decisivos da vida de Jesus Cristo.

O volume publicado em 15 de Maio de 2007, aborda os momentos da morte e ressurreição de Jesus, tema que Bento XVI considera como “ponto decisivo” da sua investigação. 

Trata-se de uma obra de reflexão bíblica e teológica, em que o Papa se centra na figura de Cristo que é apresentada pelos Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), Um livro apelativo visto que lança como desafio ao leitor “se quer ou não entrar nessa aventura que é deixar-se influenciar pela pessoa de Jesus”…

No que se refere ao relacionamento entre fé e ciência, o Papa sublinha que a ciência não pode abordar “um fenómeno único” que tocou “a humanidade toda” e “que não tem meios de verificação”, acrescentou. No entanto, salienta o que, em outros momentos, tem afirmado convictamente: “Na Ressurreição dá-se um salto qualitativo na evolução da humanidade”.

Neste livro em que são abordadas cinco questões cruciais sobre a Vida de Cristo, atualmente muito disputadas entre teólogos, Bento XVI esclareceu que o propósito do livro é “encontrar o Jesus real”, o `Jesus dos Evangelhos`, escutado em comunhão com os discípulos de Jesus de todos os tempos, e assim “chegar à certeza da figura verdadeiramente histórica de Jesus Cristo”.

O fundamento histórico do cristianismo

“Ao ser o cristianismo a religião do Verbo encarnado na história, para a Igreja é indispensável ater-se aos factos e acontecimentos reais, precisamente porque estes contêm mistérios que a teologia deve aprofundar utilizando chaves de interpretação que pertencem ao domínio da fé.

Segundo alguns especialistas, a exposição de Bento XVI sobre este ponto, “inscreve-se em continuidade com a tradição judaica que une o religioso e o político, mas sublinhando até que ponto Jesus realiza a rutura entre os dois campos. Jesus declara perante o Sinédrio que é o Messias, esclarecendo a natureza exclusivamente religiosa do próprio messianismo. Por este motivo, é condenado por blasfemo, uma vez que se identificou com `o Filho do Homem que vem sobre as nuvens do céu.

A Redenção e a expiação dos pecados 

O terceiro ponto esclarecido por Bento XVI tem que ver com a redenção e o seu papel na expiação dos pecados.

O Papa enfrenta as objeções modernas a esta doutrina tradicional. “Um Deus que exige uma expiação infinita, não é afinal um Deus cruel, cuja imagem é incompatível com a nossa conceção de um Deus misericordioso?”

O cardeal Marc Ouellet afirma que o autor “mostra como a misericórdia e a justiça vão pela mão ao encontro da Aliança querida por Deus. Um Deus que perdoasse tudo sem preocupar-se com a resposta que deve dar a sua criatura, estaria realmente a levar a sério a Aliança e, sobretudo, o horrível mal que envenena a história do mundo?” Os textos do Novo Testamento analisados pelo Papa mostram “um Deus que toma sobre si mesmo, em seu Filho crucificado, a exigência de uma reparação e de uma resposta de amor autêntico”.

A verdade da Ressurreição

A última questão mencionada refere-se à dimensão histórica e escatológica da ressurreição de Cristo. Bento XVI reconhece sem rodeios que a questão é central: “A fé cristã apoia-se ou funde-se na verdade do testemunho segundo o qual Cristo ressuscitou de entre os mortos”. O Papa exclui, com determinação, absurdas teorias observando que o sepulcro vazio, embora não seja uma prova da ressurreição, da que ninguém foi testemunha direta, fica como um sinal, um pressuposto, um rasto deixado na história por um acontecimento transcendente”. “Apenas um acontecimento real – afirma o Papa – de uma qualidade radicalmente nova era capaz de tornar possível o anúncio apostólico, que não pode ser explicado por especulações ou experiências místicas interiores”.

A ressurreição de Jesus introduz, segundo Bento XVI, uma “mutação decisiva” que inaugura “uma nova possibilidade de ser homem”.

A importância histórica da ressurreição, manifesta-se no testemunho das primeiras comunidades cristãs que deram vida à tradição do domingo como sinal de identificação com Cristo. “A celebração do dia do Senhor, que desde os começos distingue a comunidade cristã, é para mim, escreve o Papa, uma das provas mais poderosas do facto de que, nesse dia, ocorreu algo extraordinário: a descoberta do sepulcro vazio e o encontro com o Senhor ressuscitado”.

Encontro vivido e testemunhado em momentos diversos por diferentes pessoas, para além dos Apóstolos e das Santas Mulheres, e que justifica o “enorme fascínio” pela pessoa de Jesus Cristo que, há mais de dois mil anos, pôs em movimento ascendente o mundo inteiro!

Maria Helena Marques
Prof.ª  Ensino Secundário



Sem comentários:

Enviar um comentário