Páginas

terça-feira, 10 de abril de 2018

O último Livro que li…

Um livro sobre o sucesso, o sofrimento, a liberdade, o trabalho, a vida, a responsabilidade e a verdade. Um verdadeiro bestseller para uns, um livro de auto-ajuda para outros, porém um livro que nos tira da indiferença e nos impele a dar um sentido mais profundo à nossa vida.

«No passado nada está perdido e sem remédio, antes pelo contrário, tudo está irrevogavelmente armazenado e tudo é devidamente apreciado. Na verdade, as pessoas tendem a ver apenas os campos ceifados da transitoriedade, mas ignoram e esquecem os celeiros cheios do passado, nos quais depositaram a colheita das suas vidas: o que fizeram os amores que tiveram e, por último, mas não menos importante, os sofrimentos que enfrentaram com coragem e dignidade.

Podemos ver, por isso, que não há razões para lamentar os velhos. Os jovens deveriam, antes, invejá-los. É cero que os velhos não têm oportunidades, não têm possibilidades no futuro. Mas têm mais do que isso. Em vez de possibilidades no futuro, têm realidades no passado – as potencialidades que efetivaram, os significados que preencheram, os valores que realizaram – e nada nem ninguém pode alguma vez roubar esses bens do passado. (…)

Mas a sociedade atual é caracterizada pela orientação em função de realizações e, em consequência, adora pessoas bem-sucedidas e felizes e, muito especialmente, adora os jovens. Ignora virtualmente o valor de todos os que não cabem nesse molde, e ao fazê-lo apaga a diferença decisiva entre ser valioso no sentido da dignidade e ser valioso no sentido da utilidade. Se uma pessoa não for sabedora desta diferença e mantiver que o valor de um indivíduo resulta somente da sua atual utilidade, então, podem acreditar, apenas a incongruência pessoal a levará a não defender um regime de eutanásia semelhante ao de Hitler, ou seja, um programa de mortes "piedosas" de todos quantos perderam a utilidade social, seja por causa da idade avançada, de doenças incuráveis, de deterioração mental, ou de qualquer outra incapacidade. Confundir a dignidade do Homem com a mera utilidade resulta de uma confusão concetual que, por seu lado, tem origem no niilismo contemporâneo transmitido em muitas universidades e em muitos e muitos divãs de psicanálise. Até mesmo durante a formação analítica pode ter lugar uma tal doutrinação. O niilismo não defende que nada existe, mas declara que tudo está destituído de sentido. (…)

Pois o mundo está em muito mau estado, mas tudo se tornará ainda pior se cada um de nós não der o seu melhor.

Por isso, estejamos atentos – e atentos num duplo sentido:
Desde Auschwitz sabemos do que o Homem é capaz.
E desde Hiroshima sabemos o que está em jogo». in: op. cit.

Maria Susana Mexia






Sem comentários:

Enviar um comentário